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De operador de drone a cientista de dados: onde estão as profissões em alta no agro

Desafio profissional de aproveitar as oportunidades de emprego do agronegócio exige qualificação constante e boa capacidade de adaptação

Renata de Carvalho

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Felippe Serigati, pesquisador do FGVAgro, nasceu em Diadema, na região conhecida como ABC Paulista, um dos berços da indústria nacional. Por alguma ironia que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) e do Caged explicam, acabou por colocar-se no mercado de trabalho do agronegócio brasileiro. Não está sozinho, garante. Segundo ele, é cada vez maior o número de profissionais que procuram conhecimentos específicos sobre as atividades do campo para aproveitar oportunidades crescentes nesse setor.

São profissionais de bancos, advogados, jornalistas e muita gente da área de tecnologia que encontra espaço para trabalhar em movimentos tão distintos como o planejamento de sucessão de propriedades rurais ou a criação de agritechs. Para eles, o que se promete é uma remuneração comparativamente melhor, mas uma vida muito diferente.

Trabalho no campo. Crédito: Getty Images

“A migração não é trivial. O processo produtivo no campo está associado a ciclos biológicos. Somos reféns da natureza. Não é um processo industrial em que se coloca um conjunto de insumos em uma máquina e sai o produto do outro lado. Além disso, o profissional estará distante dos grandes centros, em muitos casos vai rodar pelo país e, a cada mudança, terá que reiniciar o aprendizado, já que cada região tem suas particularidades. Alguém que entende de café em São Paulo pode não entender em Minas Gerais, por exemplo”, resume, destacando a necessidade de qualificação.

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A mudança oferece a perspectiva de ganhar no agronegócio de Goiás o mesmo que ganharia na indústria de SP – cerca de R$ 3.700 por mês, com um custo de vida menor. “Para o agro conseguir absorver mão de obra, tem que oferecer boa remuneração. Então, nossos cursos são de educação executiva, voltados a gestão, em como aplicar as ferramentas que nos acostumamos a usar nesses mercados dentro do universo agro”, explica, frisando o dinamismo do agronegócio e sua capacidade de distribuir crescimento pelo país. 

Capacitação

O esforço de capacitação mobiliza outros players desse mercado. Esta semana, a Embrapa anunciou uma parceria com uma empresa de Ensino à Distância (EAD) para ofertar o curso “Introdução à Agricultura Digital”. De acordo com a estatal, o conteúdo do curso cobre os principais conceitos e tecnologias relacionadas ao setor, elaborados com participação de mais de 50 de seus pesquisadores e analistas.

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“Há uma demanda crescente por capacitação em tecnologias digitais que sejam capazes de atender às necessidades reais do produtor rural e apoiar a gestão, o monitoramento e o aumento de produtividade. Além de gerarmos tecnologias, nosso objetivo com este curso é impulsionar a adoção dessas novas ferramentas, promovendo a formação de agentes multiplicadores a partir de conteúdos qualificados”, ressalta Stanley Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital.

O curso tem carga horária de 40 horas e é voltado para profissionais de várias áreas e formações, em linha com a demanda sinalizada por Serigatti e também pelo economista Carlos Eduardo Oliveira Jr, membro da Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon). 

Onde estão as oportunidades do agro

Entre as principais características e cargos em destaque, ele menciona, além das profissões ligadas diretamente à tecnologia, como operadores de drones e cientistas de dados, profissionais com foco no cliente e forte bagagem técnica, capazes de atender as demandas do agronegócio.

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“O perfil das vagas geradas pelo setor agropecuário em 2024 se caracteriza por uma demanda crescente por profissionais qualificados que possam ocupar posições estratégicas”, afirma Oliveira Jr.

Operadora de drone em plantação. Crédito: Getty Images

Mas mesmo nas atividades mais tradicionais como vaqueiros e profissionais de campo, cujas vagas vêm diminuindo nos últimos anos, a demanda por melhor qualificação é crescente. É o que indica pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). 70% dos entrevistados relataram dificuldade para encontrar profissionais. Destes, 58% indicam que há carência de qualificação técnica.

“Algumas atividades têm muito emprego informal. Para essas, o desafio é a formalização. O número de vagas cresce mais do que a população do campo”, explica Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre.