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Produtores têm dificuldade de captar após abalo em CRAs, diz Capital Solutions

Filipe Abdalla destaca que investidores estão "olhando com lupa" para o agro, mas ainda é possível ver emissões no segmento, a depender da empresa

Bruna Furlani

Filipe Abdalla, sócio da Capital Solutions, área de dívida da igc Partners. Foto: Divulgação.
Filipe Abdalla, sócio da Capital Solutions, área de dívida da igc Partners. Foto: Divulgação.

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Os abalos vistos no agro com alguns casos de inadimplência em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) tiveram reflexo direto na demanda por alguns títulos ligados a setores que foram mais afetados pela quebra de safra, preços menores de commodities e margens apertadas com a venda de estoques mais antigos.

“Está com mais demanda de dinheiro do que oferta em empresas com bons projetos. Agora, onde está com mais oferta do que demanda é do lado de produtores de grãos, ou de revendas, nichos que foram mais afetados dentro do agronegócio”, afirma Filipe Abdalla, sócio da Capital Solutions, área dedicada a dívidas na igc Partners.

Em entrevista ao InfoMoney, o executivo destacou que setores de todos os tipos têm procurado a Capital Solutions para captações de crédito, e que a casa tem direcionado e dado sequência a casos onde há maior demanda por parte dos investidores de mercado.

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“Quem é soberano é o mercado. Se não tiver demanda, ele pode ter problemas. Acabamos de fazer de um produtor de grãos e as condições foram boas, mas tem muito produtor querendo e não conseguindo”, acrescenta o especialista.

Mais emissões de empresas de capital fechado

Embora haja mais oferta do que demanda em alguns nichos específicos, o profissional acredita que o uso de instrumentos como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e CRAs para viabilizar crédito de longo prazo para empresas de capital fechado deve ganhar ainda mais força após as restrições de emissões impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Dentro da Capital Solutions, a casa diz que as operações de CRIs e CRAs feitas do começo do ano até o início de abril já somaram R$ 500 milhões. A expectativa é que a instituição realize entre 20 e 30 emissões de crédito neste ano. “É um negócio que estamos crescendo e que devemos ter um desempenho melhor do que o resto do mercado”, afirma.

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No texto, o CMN estabeleceu que a emissão de títulos de aluguel entre partes relacionadas e não vinculados diretamente com o agronegócio e o mercado imobiliário estão proibidas, assim como o reembolso de despesas como origem para essas dívidas.

“Foi menos restritivo com as empresas de capital fechado do que com as listadas”, diz. Segundo ele, há duas alterações mais técnicas e que tratam das companhias de capital fechado. A primeira é que antes era possível emitir um CRI que tivesse uma receita ou despesa com a parte relacionada, o que não está mais permitido.

Já a outra alteração, conta Abdalla, envolve a proibição do uso de gastos passados com atividades ligadas ao agro ou ao setor imobiliário. Agora, a permissão envolve apenas gastos relacionados ao futuro e não mais ao passado.

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Na avaliação do executivo, a restrição foi mais dura com as empresas de capital aberto, porque elas costumam ser grandes e não necessitam do ganho fiscal. “Elas são capazes fazer emissão de CRIs, CRAs, ou de debêntures a um valor mais baixo”, diz.

Por outro lado, as empresas de capital fechado não conseguem emitir debêntures porque não há liquidez. Sendo assim, a emissão de CRIs e CRAs mostra-se mais favorável, já que há fundos focados em adquirir esses tipos de títulos e em fornecer liquidez para o mercado.

O executivo cita o caso dos fundos de investimento em cadeias agroindustriais (Fiagros), que chegaram a 98 em janeiro, o que representa um crescimento de mais de 88% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já patrimônio líquido desses fundos bateu R$ 34,6 bilhões no primeiro mês deste ano.

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Atualmente, o maior interesse dos fundos tem sido por CRAs mais ligados à indústrias com margens altas, como alimentos e bebidas, eucaliptos. Segundo Abdalla, os balanços costumam ser auditados e há maior governança. “Pessoal está olhando com mais lupa para o agro. Quando tem governança, a companhia se destaca”, conclui.

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