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Imagine uma piscina, cheia. Sobre a água, boiam placas de isopor com buracos equidistantes de onde brotam e crescem hortaliças como alface, rúcula e agrião. De uma borda, partem as mudas, cujas placas vão sendo movidas em direção ao outro lado da piscina conforme as plantas de desenvolvem e são colhidas, menos de 30 dias depois. As placas com as hortaliças que estão no ponto são retiradas, e na margem oposta outra com mudas é colocada para boiar. E a produção não para.
Esse modelo de produção inovador, chamado floating, um “primo” da hidroponia, é a aposta da Verdureira para avançar em um segmento de demanda firme e muitos desafios climáticos e logísticos, com margens muitas vezes apertadas. As piscinas da empresa, de elevada produtividade e níveis mínimos de desperdício, estão localizadas em São Roque, município a pouco mais de 50 quilômetros da capital paulista, e planos de expansão estão em curso, com novas áreas e piscinas.
A Verdureira foi fundada há quase 30 anos, já com foco na venda de hortaliças hidropônicas higienizadas e prontas para consumo Em 2018, a empresa foi adquirida por Ari Rocha e Lucas Regis, ex-executivos da Ambev, e outros sócios. Após um período de aprendizagem e muitas pesquisas, no país e no exterior, passou a investir nas piscinas em 2021, e, no ano seguinte, vendeu uma participação de 30% de um fundo gerido pela Baraúna Investimentos, por R$ 10,3 milhões. Passou a ser, então, a primeira a contar com o sistema de floating – Deep Water Culture (DWC) – em grande escala no país.
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A produção de hortaliças em piscinas protegidas por telas exige menos água que o modelo hidropônico mais conhecido, e costuma ser mais produtivo, graças à eficiência que confere à absorção de nutrientes pelas plantas. Mas é mais difícil de ser implantada do que parece. Ari e Regis explicam que era preciso descobrir como injetar oxigênio nas soluções de água com nutrientes sem gerar bolhas, que geram desperdício e revolvem a água, afetando o desenvolvimento das hortaliças.
A solução veio com nanobolhas desenvolvidas pela companhia holandesa Nanobiologic, do empresário Oliver Povareskim. As nonobolhas não eram usadas para produzir hortaliças em piscinas, diga-se de passagem, mas Povareskim gostou da ideia e assessorou os brasileiros nas adaptações necessárias. Outro pulo do gato é o uso de embalagens com atmosfera modificada, que ampliam a validade dos produtos.
Ari e Regis contam que, nos próximos meses, a Verdureira terá capacidade para produzir quase 40 toneladas de hortaliças por mês no sistema floating, em 16 piscinas, com produtividade 12,5 vezes maior que o cultivo convencional. No total, incluindo o modelo hidropônico convencional, a empresa produz 61 toneladas, destinadas a duas linhas de produtos (Insalata Prima e Ver o Verde) presentes em mais de 350 pontos de venda em São Paulo. A Verdureira é avaliada, hoje, por entre R$ 65 milhões e R$ 70 milhões, e novos terrenos para a instalação da produção estão sendo prospectados no interior paulista.
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