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Pressa por adesão à inteligência artificial pode custar caro às empresas

Além de demandar recursos, a tecnologia traz impactos profundos às organizações - e também riscos

Mitchel Diniz

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Falar de inovação sem entrar no tema da inteligência artificial é praticamente impossível nos dias de hoje. Difícil também é encontrar uma empresa que não esteja ao menos avaliando investir nesse tipo de tecnologia. Necessária para não ficar para trás em termos de competitividade? Sim. Mas seu uso também não pode ser banalizado, afinal, além de demandar recursos, a IA traz impactos profundos às organizações — e também riscos.

Essa é a visão de executivos de grandes companhias de tecnologias envolvidas diretamente no assunto. “É importante selecionar casos de uso”, afirmou Tania Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, em painel sobre ameaças e oportunidades da inteligência artificial, realizado durante a Expert XP 2024. A empresa fundada por Bill Gates é a grande financiadora do projeto de IA generativa da OpenAI, o ChatGPT.

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“O aspecto financeiro sempre vai ser o fator número um, mas é importante avaliar outros impactos também. Primeiro, é preciso trabalhar a cultura da empresa, porque a inteligência artificial generativa faz com que as pessoas trabalhem de forma diferente”, afirma Tania. 

“É preciso trabalhar a cultura da segurança, a cultura de respeito à privacidade de dados”, complementa, destacando que a adoção de novas tecnologias aumenta a “superfície de riscos cibernéticos” de uma companhia. Somente com esses pontos apaziguados a empresa vai conseguir usufruir dos benefícios da inteligência artificial. 

“Temos algumas evidências que mostram que o retorno de investimento se dá em 14 meses”, conta a executiva. 

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Empresas vivem “hype”

Marcel Saraiva, líder regional de vendas da Nvidia, fabricante global de chips para inteligência artificial, tem todo o interesse que as companhias utilizem cada vez mais a tecnologia. Mas até ele reconhece que existe um “hype”.  

“É preciso tomar o cuidado de saber se a ferramenta vai ter um impacto real no negócio. Se vai gerar mais produtividade, trazer mais receita, gerar um melhor atendimento ao cliente”, enumera Saraiva. No momento atual, os projetos de inteligência artificial demandam a construção de uma infraestrutura computacional para processamento de dados. Os projetos tendem a ser milionários e não podem levar muito tempo para “se pagar”, alerta o executivo. 

“Amanhã pode aparecer uma nova tecnologia que resolve o mesmo problema por um custo bem mais baixo”, exemplifica. 

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Cecilio Fraguas, fundador e CEO da startup de inteligência artificial Jabuti AGI, lembra que a tecnologia ainda está em estágio de maturação. “É preciso ser muito cuidadoso, porque a tecnologia tem uma curva de maturidade para ser usada nos negócios”, afirmou. 

Fraguas diz que a adesão à inteligência artificial não pode repetir os erros da transição da web para o mobile. “A gente tentou colocar a web no mobile e, por muitos anos, patinamos, porque só percebemos depois que eram novas experiências digitais”, afirma. “A inteligência artificial vai precisar ser classificada como um novo canal de interação com clientes e de distribuição de produtos e serviços”. 

Desemprego será inevitável

Em termos de impactos na força de trabalho humana, o CEO da Jabuti cita estudos que apontam para um inevitável problema de desemprego. E que os penalizados serão profissionais que não tiveram a oportunidade de melhorar suas aptidões, justamente pela falta de automação nas empresas hoje. 

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“Os estudos nos dizem que mais de 80 milhões de postos de trabalho serão eliminados por causa da inteligência artificial, porém mais de 90 milhões serão criados por causa da tecnologia”, complementa Tania. 

“O grande risco que nós temos seria a incapacidade de fazer a mobilidade dessa classe que vai perder o seu emprego. Ao contrário das últimas revoluções industriais que levaram décadas para amadurecerem e impactarem [o trabalho], estamos falando de inteligência artificial, é outra velocidade”, conclui.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados