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Por que maiores PIBs investem em IA, sensores e biotecnologia? Amy Webb responde

Futurista norte-americana aponta que as 3 áreas, conjugadas, vão mudar radicalmente mundo dos negócios

Giovanna Sutto

A futurista Amy Webb (Divulgação/ FebrabanTech 2024)
A futurista Amy Webb (Divulgação/ FebrabanTech 2024)

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Amy Webb, futurista norte-americana, afirma que três tecnologias serão responsáveis pelos próximos passos rumo a uma transformação radical de nossa sociedade. “Desde 2019 começamos a notar que registros de novas patentes começaram a estourar em países com grandes PIBs mundiais. Com um estudo vimos que o dinheiro está sendo direcionado para três tecnologias primárias: inteligência artificial, sensores (cruciais para o desenvolvimento da internet das coisas) e biotecnologia”, explicou ela na edição deste ano da FebrabanTech. O estudo que ela menciona será publicado nas próximas semanas pelo Future Today, instituto do qual ela é CEO.

Em sua visão, essas três tecnologias não são comumente discutidas de forma conjunta, mas ela se questiona sobre o porquê as principais economias do mundo estão olhando para esse conjunto. “Elas se unem no que chamamos de novo ciclo de produtividade. Cada uma delas pode ser classificada como ‘general purpose technology‘ ou GPT [tecnologia de propósito genérico] – categoria dada às inovações impactantes, que têm potencial para remodelar a sociedade e a indústria. Outras tecnologias que se enquadram nesse grupo são a eletricidade e a internet, por exemplo”, diz a especialista.

Na visão de Webb, os investimentos recentes nessas tecnologias são importantes porque quando uma GPT surge há também um grande impacto econômico, que ela chama de supercycle (ou superciclo, em tradução livre).

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“Esse tipo de ciclo pode durar anos ou décadas, mas muda estruturalmente as economias. A diferença para essa Era que estamos vivendo é que, até então, o superciclo sempre era sobre uma única tecnologia, enquanto agora vemos três convergindo e ganhando velocidade em seu desenvolvimento”, avalia Webb.

Esse ciclo vai gerar valor, com novas utilidades para serviços e novos padrões para o crescimento de negócios. Porém, como toda mudança estrutural, esse momento traz uma série de desafios para todo o mundo, incluindo o Brasil.

“É o momento mais complexo para o ambiente de negócios dos últimos 20 anos. Especialmente para indústria bancária. Toda essa inovação é disruptiva, mas o setor é muito regulado e não pode mudar do dia pra noite. Os líderes estão sobrecarregados. Há anos vêm percebendo que é preciso transformar, mas agora que a transformação chegou parece que não conseguem mudar de direção rápido o bastante diante da forte concorrência. O Brasil é inovador por essência, mas observamos muitos líderes priorizando iteração em vez de inovação, o que pode dificultar o sucesso em momentos como esse”, avalia.

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Ela diz que esse superciclo já está impactando as principais indústrias do Brasil, como agricultura, bancos e fintechs, minério, entre outras. “E o que as empresas precisam ter em mente é: qual o valor que você vai gerar para o seu negócio durante esse ciclo de tecnologia?”, questiona.

Para exemplificar o fenômeno, Webb destaca três tendências que devem ser cruciais dentro das 3 tecnologias que estão no alvo das maiores economia do mundo. Confira:

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O que esperar?

  1. Linguagem da Inteligência Artificial

Indústrias de todo o mundo estão com uma lupa sobre a IA: como aproveitá-las, gerar valor a partir dela e lucrar com novas soluções? Segundo Webb, o que se tem hoje são inteligências generativas de assistência, mas ainda muito genéricas, como o ChatGPT, Gemini, entre outros.

Durante sua palestra, ela compartilhou imagens de um teste que executou. Ela perguntou “qual o patamar da tecnologia bancária e IA no Brasil” em relação às principais plataformas de IA generativa e elas entregaram respostas muito similares porque, segundo ela, buscam informações na mesma fonte e referências: precisam ser alimentadas para entregarem conteúdo – geralmente por meio de modelos de linguagem grandes (LLMs).

“Elas são ensinadas a partir de padrões e parâmetros. Para ter valor para uma empresa ou indústria, esse tipo de tecnologia precisa de conhecimentos bem específicos, o que ainda é difícil porque temos algumas barreiras, como a da privacidade e a jurídica. O próximo passo é a Retrieval-Augmented Generation (RAG) [geração aumentada de recuperação], evolução das generativas de hoje, que será capaz de se linkar automaticamente com fontes externas de conhecimento, como sistema interno de um banco, por exemplo, uma espécie de IA generativa automatizada capaz de ser mais contextualizada. Vai acelerar muito o desenvolvimento de tecnologias, e os negócios logo verão valor em investir na RAG”, avalia Webb.

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2. Embbeded AI

Outra previsão da futurista é o desenvolvimento da chamada “Embbeded AI”, ou inteligência artificial integrada.

“Para evoluir a partir dos estágios de IA que temos hoje não precisamos de mais volume de dados, mas de mais tipos de dados”, diz a especialistas. Segundo ela, as LLMs não são suficientes, precisaremos das LAMs (large action models), evolução da linguagem da IA capaz de realizar tarefas mais complexas, compreender temas com mais profundidade e executar operações mais sofisticadas como escrever códigos, organizar dados e operar interfaces de software.

“Cada vez mais estaremos cercados de sensores e dispositivos conectados e será necessário integrar toda essa tecnologia de forma eficiente e segura”. E é esse tipo de linguagem que vai acelerar esse processo. E a consequência dessa integração será a “morte da privacidade”, com avanço de dispositivos wearables e com um “possível desaparecimento progressivo das telas” com as pessoas experenciando aparelhos com hologramas, por exemplo, segundo Webb.

3. Software sob demanda (SOD)

Webb destaca o conceito de “software on demand” ou softwares generativos, dispositivos que prometem transformar o ambiente de negócios.

Na visão da futurista, atualmente as empresas estão limitadas aos softwares disponíveis, muitas vezes demorando para implementar e lidar com uma situação comum: quando finalizam a implementação do sistema, ele já está desatualizado porque as novidades saem a cada instante.

Apesar disso, ela acredita que a IA generativa será capaz de mudar esse cenário na medida em que vai permitir que as próprias empresas desenvolvam softwares próprios com “agilidade e com sistemas personalizados”. “E se em vez de você usar os mesmos slides ou os mesmos sistemas você pudesse criar o que precisa e quando precisar? 90% dos softwares que usaremos nos próximos 5 anos ainda não foram escritos”, finaliza Webb.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.