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Por que a Embraer vai investir na indústria marítima?

Fundo de ‘multicorporate’ venture capital reúne Embraer, Baterias Moura, BB Seguros e AgeRio para investir em startup que produz robôs marítimos autônomos

Mariana Amaro

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A Tidewise, empresa carioca que desenvolve, integra e opera sistemas autônomos inteligentes para a indústria naval, recebeu, hoje (19) um cheque de R$ 10 milhões em investimento liderado pela MSW Capital, por meio do fundo MSW Multicorp2.

Fundada pelo engenheiro naval brasileiro Rafael Coelho e pelo engenheiro robótico francês Sylvain Joyeux em 2019, a companhia criou a primeira embarcação não tripulada registrada pela Marinha do Brasil, a USV Tupan, que presta serviço para empresas como Petrobras, Repsol Sinopec Brasil e Shell.

Embarcação não-tripulada da Tidewise: empresa recebeu aporte de fundo multi-corp que tem Embraer e Baterias Moura entre os cotistas (Foto: Divulgação)

“Com embarcações não tripuladas, fornecemos um serviço de coleta de dados que atende desde análise de qualidade de água, batimetria [mensuração da profundidade das massas de água], inspeção de dutos no fundo do mar até estudo de viabilidade de parques eólicos reduzindo custos em até 98% na comparação com métodos convencionais”, afirma Coelho.

A empresa, que já atende petrolíferas e o setor de transporte de cargas, hidrovias e marítimo, se prepara para entrar no setor de defesa, com patrulhamento de vias. “O setor de defesa evoluiu uma década no último ano, e existe uma demanda maior por isso. Na invasão da Ucrânia ficou muito claro que o uso de embarcações não-tripuladas pode oferecer vantagens”, afirma Coelho.

Até agora, a empresa já investiu US$ 6 milhões em tecnologia e desenvolve, em parceria com grandes companhias, um modelo de negócio baseado na prestação de serviços. Com a pandemia e a necessidade de realizar embarcações de funcionários em plataformas evitando contágio, fez a resistência de grandes empresas à adoção de tecnologia cair. “O pós-pandemia tem sido muito bom. Nossos grandes clientes têm um tempo de adoção de novas tecnologias mais lento, mas, agora, o mercado está super aquecido”. Com mais ‘musculatura’, a startup chegou perto do breakeven, mas o plano de investimento vai exigir de 18 a 24 meses de ‘queima de caixa’.

O aporte recebido já tem um destino certo: escalar a companhia, ampliar a frota com a construção de mais três embarcações e montar o centro de controle mais avançado de embarcações não-tripuladas do Atlântico Sul.

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Este é o quarto investimento realizado pelo Fundo MSW Multicorp 2, que captou recursos da Embraer, Baterias Moura, BB Seguros e AgeRio para investir em soluções de tecnologia autônomas que ‘façam sentido’ para os seus investidores. “O investimento fazia muito sentido para todas as empresas do fundo. A Embraer, no desejo de estar próxima a negócios que trabalham veículos autônomos, viu a possibilidade de participar desse desenvolvimento – independente de estar na terra, no céu ou no mar, porque existe muita integração. Para Baterias Moura, a sinergia também é evidente”, afirma Richard Zeiger, sócio da MSW Capital. Da mesma forma, segundo Zeiger, as outras parcerias estão interessadas em apoiar o setor de inovação.

Com dinheiro no bolso para mais investimentos e captação aberta para acomodar mais três ou quatro cotistas, Zeiger avalia, com mais interesse, as startups de deeptech. “Os fundos de Venture Capital tradicionais estão mais acostumados a olhar para empresas 100% digitais. Como nossos cotistas querem investir em outro tipo de desenvolvimento, nosso foco está ligado a hardtech”, afirma Zeiger.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.