Plataforma de recrutamento usa IA em seleção com cuidado para não cometer injustiça

Jobecam mantém foco no fator humano, mesmo usando a inteligência artificial no processo

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Imagine chegar em uma entrevista de emprego e, ao invés de falar e ter o currículo analisado por um recrutador, ser selecionado à vaga sem nenhuma interação com um ser humano. Sim, isso já é possível.

Isso acontece na Jobecam, que nasceu como uma empresa de recursos humanos de vídeo-entrevista, em que as pessoas candidatas participam das primeiras entrevistas de seleção sem interação com recrutadores e gestores. Com o tempo, a firma cresceu, conquistou grandes clientes e agregou novos produtos.

“Hoje, somos uma plataforma de recrutamento e seleção, um portal de vagas. Os clientes podem publicar suas vagas. Porém, ao contrário de outros portais, garantimos a confiabilidade das vagas e, ao se candidatarem, as pessoas já participam do processo seletivo via vídeo”, conta Cammila Yochabell, fundadora e diretora da Jobecam, que participou de mais um episódio do programa AcelerAI, do canal XP Educação, apresentado por Diogo França, CTO e head de produtos da Faculdade XP.

Segundo ela, o recrutamento na empresa acontece após a inserção de perguntas pré-definidas e palavras-chaves, para que os candidatos respondam por vídeo sem que haja interação com o contratante.

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Inteligência artificial

Daí, é feito um ranking utilizando inteligência artificial estreita para selecionar os perfis mais aderentes à posição e levá-los para uma nova fase do processo seletivo dentro da plataforma.

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O diferencial da Jobecam é o que eles chamam de redução do viés inconsciente. A seleção por vídeo é feita com imagem não identificável e voz alterada, ou seja, a entrevista pela vaga é totalmente anônima, reduzindo o processo de avaliação das pessoas candidatas baseado na aparência, gênero, cor, etnia, focando mais nas habilidades e competências.

Segundo a fundadora da empresa, mais de 3 milhões de vídeos-hora já foram realizados. “Quando tive a ideia da Jobecam eu falei para mim mesma: hoje tenho um know-how e uma experiência com recrutamento e seleção e gestão de pessoas, e está tudo errado. É ineficiente, e injusto”, lembra.

Valorização das diferenças

 “O maior propósito pessoal, e, obviamente, isso acaba se estendendo para a Jobecam, é promover um mundo que valorize as diferenças. Fazer com que o viés inconsciente dos recrutadores e das gestoras não se sobressaiam à real habilidade e competência do profissional”, diz.

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Nesse processo, a IA (inteligência artificial) tem tido papel fundamental. “Acredito que a gente precisa investir, a gente precisa olhar para frentes de IA, mas numa IA que ela nos ajude a potencializar e economizar o nosso tempo e das pessoas candidatas”, explica.

A executiva ressalta que na Jobecam a inteligência artificial tem sido usada de forma muito técnica. “No final do dia, a gente consegue entregar eficiência, mas com justiça e cuidado”, afirma.

A formação acadêmica de Cammila Yochabell inclui hoje MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Recursos Humanos pela FGV e pós-graduação em Strategies for Business Impact pela Cambridge University.

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“O que vejo e aprendi lá atrás como recrutadora, como muitas vezes uma pessoa candidata mesmo, buscando oportunidades, é que os processos seletivos são chatos, muito pressionados e tensos. Na Jobecam a gente desconfigura isso – é um momento que pode ser, sim, leve”, afirma.