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Pavel Durov se defende via Telegram e diz que aplicativo não é ‘paraíso anárquico’

Além de discordar das acusações, ele alertou que nenhum inovador jamais construirá novas ferramentas tecnológicas se souber que pode ser pessoalmente responsabilizado por um possível abuso dessas ferramentas

Roberto de Lira

O fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, faz um discurso durante o Mobile World Congress em Barcelona (Foto: Albert Gea/Reuters)
O fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, faz um discurso durante o Mobile World Congress em Barcelona (Foto: Albert Gea/Reuters)

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Pavel Durov, o bilionário fundador do aplicativo de mensagens Telegram que foi preso na França no dia 24 de agosto, publicou um post na própria rede social nesta sexta-feira (6) para se defender das acusações. Ele negou “as alegações em algumas mídias de que o Telegram é uma espécie de paraíso anárquico”.

“Nós removemos milhões de postagens e canais prejudiciais todos os dias. Publicamos relatórios de transparência diários. Temos linhas diretas com ONGs para processar solicitações urgentes de moderação mais rapidamente”, escreveu, ao listar os procedimentos da empresa quando há denúncias..

O post começa com um agradecimento: “Obrigado a todos pelo apoio e amor!” e inicia com o relato de como se deu sua prisão. “Fui interrogado pela polícia por 4 dias após chegar a Paris. Disseram-me que eu poderia ser pessoalmente responsável pelo uso ilegal do Telegram por outras pessoas, porque as autoridades francesas não receberam respostas do Telegram”, lembrou.

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Para ele, essas acusações o surpreenderam porque o aplicativo de mensagens tem um representante oficial na União Europeia que aceita e responde às solicitações da UE. Durov disse que o endereço de e-mail desse representante está disponível publicamente para qualquer pessoa na UE que pesquise no Google o termo “endereço do Telegram na UE para aplicação da lei”.

Ele também disse que a autoridades francesas tinham várias maneiras de entrar em contato com ele para solicitar assistência, uma vez que, como cidadão francês, era um convidado frequente no consulado francês em Dubai. Ele lembrou ainda que, quando solicitado, ajudou pessoalmente as autoridades a estabelecer uma linha direta com o Telegram para lidar com a ameaça de terrorismo na França.

“Se um país não estiver satisfeito com um serviço de internet, a prática estabelecida é iniciar uma ação legal contra o próprio serviço. Usar leis da era pré-smartphone para acusar um CEO de crimes cometidos por terceiros na plataforma que ele gerencia é uma abordagem equivocada”, afirmou.

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Durov também destacou que construir tecnologia já é difícil o suficiente e que nenhum inovador jamais construirá novas ferramentas se souber que pode ser pessoalmente responsabilizado por um possível abuso dessas ferramentas.

Privacidade x segurança

Ele continua seu relato reconhecendo que estabelecer o equilíbrio certo entre privacidade e segurança não é fácil. “Você tem que conciliar as leis de privacidade com os requisitos de aplicação da lei e as leis locais com as leis da UE. Você tem que levar em conta as limitações tecnológicas”, listou.

Além disso, como plataforma, ele afirma é que preciso ponderar que seus processos sejam consistentes globalmente, ao mesmo tempo em que garante que eles não sejam abusados ​​em países com fraco estado de direito.

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“Estamos comprometidos em nos envolver com reguladores para encontrar o equilíbrio certo. Sim, defendemos nossos princípios: nossa experiência é moldada por nossa missão de proteger nossos usuários em regimes autoritários. Mas sempre estivemos abertos ao diálogo.”

Resistência a governos

Outro ponto citado por Durov é que, quando a empresa não consegue concordar com o regulador de um país sobre o equilíbrio certo entre privacidade e segurança, está sempre pronta para deixar aquele país.

“Já fizemos isso muitas vezes. Quando a Rússia exigiu que entregássemos ‘chaves de criptografia’ para permitir a vigilância, recusamos – e o Telegram foi banido na Rússia”, lembrou, citando também sua saída do Irã, após o governo exigir o bloqueio de canais de manifestantes pacíficos.

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“Estamos preparados para deixar mercados que não são compatíveis com nossos princípios, porque não estamos fazendo isso por dinheiro. Somos movidos pela intenção de trazer o bem e defender os direitos básicos das pessoas, particularmente em lugares onde esses direitos são violados.”

Ele disse ainda compreender que as autoridades possam ficar confusas sobre para onde enviar solicitações. “É algo que devemos melhorar.”

Durov destacou ainda que o aumento abrupto na contagem de usuários do Telegram para 950 milhões causou dores de crescimento que tornaram mais fácil para criminosos abusarem de sua plataforma. “É por isso que estabeleci como minha meta pessoal garantir que melhoremos significativamente as coisas a esse respeito. Já iniciamos esse processo internamente e compartilharei mais detalhes sobre nosso progresso com vocês muito em breve.”

Ele concluiu dizendo esperar que os eventos de agosto resultem em tornar o Telegram e a indústria de redes sociais como um todo mais seguros e fortes. “Obrigado novamente por seu amor e memes.”

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