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Em conjunto com árabes, Pátria encarteira sua sexta concessão de rodovia – a primeira federal

Consórcio entre Pátria e PIF foi o grande vencedor do leilão de rodovias do Paraná e terá que investir R$ 7,9 bilhões nos próximos 30 anos

Rikardy Tooge

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O Pátria Investimentos venceu com tranquilidade o aguardado leilão de rodovias do Paraná realizado nesta sexta-feira (25) na B3 e colocou mais uma concessão de rodovia em seu portfólio, a primeira federal. A vitória ocorreu em conjunto com o Fundo Soberano da Arábia Saudita (PIF, em inglês) — o Pátria é majoritário no consórcio. Os 473 quilômetros de estradas paranaenses arrematados nesta sexta se juntam a outros 3,5 mil quilômetros espalhados em rodovias de São Paulo e da Colômbia que já estão sob sua gestão.

Com um deságio de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado, o consórcio Infraestrutura Brasil Holding XXI, composto pelo Fundo Pátria Infraestrutura V e PIF, desbancou sua única concorrente, um consórcio entre EPR Participações e Perfin Voyager, em lance único, sem disputa viva-voz. “É um investimento que gostamos, temos muita experiência e estamos colhendo bons resultados”, diz Roberto Cerdeira, sócio e head de Logística e Transportes do Pátria, ao IM Business.

Para assumir a concessão, o Pátria vai se comprometer a investir R$ 7,9 bilhões em obras nos próximos 30 anos, com outros R$ 5,2 bilhões em custos operacionais. O consórcio do Pátria arrematou trechos de estradas federais e estaduais entre Curitiba, Região Metropolitana, Centro-Sul e Campos Gerais do Paraná, nas rodovias BR-277, BR-373, BR-376, BR-476, PR-418, PR-423 e PR-427. A expectativa é que, superadas as etapas regulatórias finais, como a assinatura do contrato, os investidores assumam a concessão entre o fim deste ano e o início de 2024.

A participação do PIF reforça também o interesse crescente da Arábia Saudita em realizar negócios no Brasil. Recentemente, os sauditas participaram de transações estratégicas, como as compras de participações no negócio de metais básicos da Vale e na capitalização da BRF.

O racional para entrar neste leilão, explica o executivo do Pátria, foi a atratividade da região do Estado somada à estrutura regulatória prevista no edital. “É uma área que já conta com praças de pedágios e um tráfego muito resiliente e conhecido. Mas o que nos deu segurança para nos comprometer com esse capex foram as regras claras. Há previsão para resolução de conflitos, garantia de reajuste de tarifas, enfim, cria-se um ambiente regulatório confiável. Essa segurança torna os projetos financiáveis e, naturalmente, atrai o investidor”, afirma.

Leilão de rodovias do Paraná realizados na B3, em São Paulo: Pátria vence certame e investirá R$ 7,9 bilhões nas estradas (Divulgação)

Aliás, a segurança regulatória foi um dos catalisadores para a entrada da gestora na concessão de estradas. A primeira incursão do Pátria em rodovias, lembra o executivo, ocorreu em 2017, quando conquistou o direito de operar 570 quilômetros de estradas que ligam São Paulo a Minas Gerais e Paraná – a tese deu origem à Entrevias, empresa na qual o Pátria vendeu 55% do capital neste ano para a francesa Vinci.

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Em 2019, o Pátria encarteirou a concessionária Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart), que opera 830 quilômetros da rodovia de mesmo nome em São Paulo, junto à Invepar (IVPR4B). No ano seguinte, venceu o leilão da maior rodovia paulista em quilometragem, de 1.273 mil quilômetros, por R$ 1,1 bilhão – atualmente, o trecho é operado pela subsidiária EixoSP.

Antes da vitória do lote paranaense, a última concessão vencida pelo Pátria foi em 2021, quando levou dois lotes de rodovias na Colômbia, um perto da cidade de Cali – terceira maior do país – e outra próxima da fronteira do Equador, em que se comprometeu a investir US$ 345 milhões nos próximos anos.

Outro diferencial do Pátria em relação a outros fundos que apostam em infraestrutura, aponta Roberto Cerdeira, é a preferência por operar as próprias concessões – a exemplo da Entrevias, EixoSP e Auto Raposo Tavares. Para as obras, a gestora costuma fazer parceria com construtoras locais. “Não somos apenas sócios financeiros, somos estratégicos também.”

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Embora não tenha um plano fixo para a tese de rodovias, os fundos de infraestrutura do Pátria trabalham com um mandato de 12 anos para desinvestir, que pode ser prolongado por mais tempo, a depender do ativo. “Não existe uma resposta [de quando ocorrerá o desinvestimento]. No caso da Entrevias, ocorreu em seis anos, mas isso não é um padrão”, acrescenta Cerdeira.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br