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Na tarde desta sexta-feira (26), a delegação brasileira finalmente desfilou o polêmico conjunto brasileiro confeccionado pela Riachuelo para as Olimpíadas de Paris 2024. Discussões estéticas à parte, a varejista de moda é apenas uma de 21 patrocinadores em uma edição recorde de parcerias para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) – uma realidade longe de ser a regra para confederações de importantes modalidades.
Em 2023, o COB declarou contas a receber no valor de R$ 105,5 milhões em patrocínio para o ciclo olímpico de 2021 a 2024. O relatório de 2019 – ano anterior ao fim do último ciclo, embora os jogos tenham ocorrido apenas em 2021, devido à pandemia de covid-19 – mostrava contas a receber de R$ 3,8 milhões.
A arrecadação anual com patrocínios em 2023 foi de R$ 60 milhões; em 2019, de R$ 24 milhões.
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São dados presentes nas declarações financeiras da entidade, importante documento para todas as confederações responsáveis pelas 277 atletas que representarão o Brasil em Paris neste ano. É porque ali elas podem encontrar a linha “Obrigações de Repasse”, onde está o valor arrecadado pelas Loterias Federais dedicado ao esporte e, posteriormente, rateado entre gastos, COB e confederações.
Diferentemente da realidade de bonança de patrocínios para o maior órgão olímpico nacional, algumas confederações têm encontrado dificuldades para angariar parcerias. Proporcionalmente, a parcela de dependência dos repasses do COB sobe se os patrocínios diminuem (excluindo, é claro, outras fontes de receita próprias). Neste ano, o Comitê prevê a distribuição de R$ 225 milhões para as confederações.
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Handebol e basquete tentam retomar a linha das parcerias
Neste mês, a CBB (Confederação Brasileira de Basketball) publicou nota informando que negocia, desde janeiro, um acordo para o encerramento amigável do seu patrocínio master com a casa de apostas Galera.bet, período no qual a marca deixou de estampar o uniforme da seleção. Segundo publicou o jornal “O Globo” neste mês, os repasses estão paralisados.
Embora o valor não seja público, o balanço da CBB mostra um salto de R$ 836.914 em 2021 para R$ 5.140.185 em receitas de patrocínio em 2022, ano de anúncio da parceria, que duraria até 2031.
No caso da Confederação Brasileira de Handebol (CBHB), a situação é ainda mais grave. Após anos afundada em uma crise política marcada por uma série de judicializações e o afastamento do presidente Manoel Oliveira, à frente da entidade por mais de 30 anos, o órgão, que tem patrocínio da FMO, viu seus patrocínios de órgãos públicos minguarem após o ciclo olímpico de 2016, ano em que as receitas nessa linha chegaram a R$ 15 milhões.
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Tanto Correios quanto Banco do Brasil (BBAS3), principais parceiros da modalidade na era de ouro que a levou ao título mundial feminino em 2013 e à melhor classificação olímpica em 2016, deixaram a camisa da seleção entre 2018 e 2019. No fim, uma dívida de R$ 15 milhões com a União impediu a Confederação de acessar recursos públicos mediante patrocínio. Receitas de patrocínios e doações da confederação hoje equivalem a R$ 1.604.737.
Em junho, no entanto, a gestão da CBHB que assumiu em 2021 após forte pressão de atletas contra a disputa por poder na confederação, conseguiu emitir a “Certidão 18-A”, necessária para que entidades do Sistema Nacional do Desporto acessem recursos públicos e comprovem sua regularidade, bem como exigências de governança conforme a Lei Pelé. “Sem essa certidão, não poderíamos receber patrocínios e nem recursos públicos de qualquer natureza”, afirmou o presidente Felipe Casão em nota à época.
Profissionalização e governança
Para o especialista em marketing esportivo Fábio Wolff, a indústria do esporte no Brasil ainda caminha para uma profissionalização, o que em muitos casos cria uma barreira entre marcas e empresas. Receosas quanto a associações negativas, elas demandam bons indicadores de gestão, propósito, metas e estratégias das confederações para embarcar em parcerias.
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“O Brasil é um país que adora o esporte. Embora o futebol ocupe aproximadamente 90% do espaço na mídia, há outras modalidades importantes, com tradição e história. Quando elas seguem estes preceitos, elas conseguem bons patrocínios”, diz.
Exemplo no Rugby
Longe de ser uma grande conhecida do público brasileiro, a Brasil Rugby, recordista no número de patrocínios únicos, é citada como um case de boa relação com marcas por especialistas. Com 38 parceiros e patrocinadores, oito via recurso direto e trinta por meio de lei de incentivo ao esporte, a confederação já chegou a ter o Bradesco como master por 11 anos, até 2021.
“A Brasil Rugby é um bom exemplo. Apesar do tamanho, muito pequena em comparação a outras confederações, ela realmente se destaca pelos patrocínios fechados”, diz Wolff. “Isso se deve muita à governança, à seriedade que quem está gerindo”, comenta o especialista.
Com parcerias como TIM, Vale, Pinheiro Neto, Deloitte, Suzano e Comgás, a Brasil Rugby arrecada R$ 2,6 milhões em patrocínios livres. Em medida de comparação, pouco mais da metade arrecadada pela CBB na mesma linha em 2023: R$ 4,4 milhões.
“No momento, estamos em conversas avançadas com alguns interessados em assumir o papel de patrocinador master e nos apoiar nos novos e grandes desafios que estamos enfrentando”, diz a Brasil Rugby ao InfoMoney. A modalidade disputa as olimpíadas pela equipe feminina e se prepara para a Copa do Mundo feminina em 2025 e classificatórias para o torneio masculino.
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