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Para a Nvidia, grande “boom” virá nos últimos trimestres de 2024

Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise para América Latina, conversou com o InfoMoney sobre resultados, parceria com Ministério da Saúde no Brasil, mercado chinês e concorrência

Iuri Santos

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Liderando confortavelmente o mercado de GPUs para inteligência artificial, a Nvidia (NVDC) ainda não dá sinais de que reduzirá o ritmo tão em breve. Por enquanto, as dificuldades na China e a concorrência de outras companhias do ramo não influenciam as expectativas de resultados ainda mais robustos que o aumento de 628% no lucro divulgado na última quarta-feira (22). A empresa deve ver parcerias florescendo com governos latinos e já conversa com o Ministério da Saúde brasileiro.

“Ainda é um nível inicial. Vamos começar a ver um maior crescimento nos próximos trimestres, em relação ao primeiro. O grande boom, no entanto, virá no terceiro e quarto trimestres”, avalia Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da Nvidia para América Latina, sobre os resultados financeiros da companhia. Os resultados anunciados esta semana registraram uma receita trimestral de US$ 26,04 bilhões. A projeção da empresa é bater os US$ 28 bilhões para o trimestre fiscal em curso.

Uma das linhas de expansão da companhia se dará por meio de acordos com governos, com destaque para a América Latina. A Nvidia recentemente fechou um acordo com o Paraguai e está em vias de assinar outros com Chile e Paraguai.

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No Brasil, onde já tem uma parceria com o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), a empresa caminha para consolidar um acordo com o Ministério da Saúde por software e hardware para adoção de modelos de linguagem de inteligência artificial generativa no SUS. “Já tem mais de 40 nações trabalhando muito próximas à Nvidia”, diz Aguiar.

Oportunidades na China

Segundo reportagem da Reuters publicada nesta sexta-feira (24), a Nvidia tem enfrentado dificuldades para vender seus chips na China, frente à concorrência da desenvolvedora local Huawei. Fontes ouvidas pela agência afirmam que a empresa estaria praticando preços inferiores aos da concorrente.

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No ano passado, a companhia desenvolveu três chips para contornar as sanções de exportação impostas pelos Estados Unidos para os modelos mais avançados de semicondutores, como as linhas H800, A800, H100 e B100. De acordo com a Reuters, os chips H20 da Nvidia, permitidos na China, estão sendo vendidos com descontos superiores a 10% em relação ao Ascendo 910B da Huawei em alguns casos.

“Sobre a questão de preços, não é da Nvidia que ele vem mais barato. Estamos em uma economia global e o que temos visto é que pode ser que algumas empresas comprem e mandem esses chips para a China. Sobre isso, não temos controle”, diz Aguiar. 

Embora as restrições no mercado chinês ainda não impactem os resultados da empresa, na avaliação do executivo, ainda há oportunidades de expansão, dentro das regulamentações dos EUA. No ano fiscal de 2024, 17% da receita da Nvidia veio do país asiático (incluindo Hong Kong).

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O tempo da concorrência

As principais concorrentes da Nvidia têm assistido a empresa surfar quase solitária a onda de IA generativa, sendo a principal fornecedora de companhias como Amazon, Google e Microsoft, responsáveis pelas estruturas de nuvem por trás do processamento de aplicações de inteligência artificial. Ainda assim, “a preocupação sempre existe” quanto à capacidade de concorrentes em tomar parte do mercado. “Qualquer liderança, a qualquer momento, pode ser perdida”, afirma Aguiar.

Mas a demanda ainda é tão grande que, uma eventual aproximação de outras desenvolvedoras na vanguarda tecnológica não geraria grandes impactos à companhia. “O mercado em que atuamos é muito grande. Só um player não dá conta”, aponta Aguiar. Companhias como a Intel e os próprios provedores de nuvem têm desenvolvido soluções no mesmo mercado, embora o segundo grupo o faça apenas para compensar a própria demanda.

Em abril deste ano, a Intel anunciou que sua nova linha de processadores Gaudi teria um poder de inferência (capacidade de usar parâmetros para fornecer respostas) 50% superior ao Nvidia H100, além de uma eficiência energética média 40% superior.

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“Nós já estamos trabalhando em duas gerações à frente da Blackwall [atual arquitetura de ponta da Nvidia], ainda a serem lançadas. Nós estamos prontos, e entendemos que o mercado ainda não está trabalhando, ainda, tão avançado quanto nós.”

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Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.