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Os executivos do Bradesco parecem estar em consenso sobre os anúncios feitos pelo governo na semana passada. O assunto dominou as rodas de conversa no almoço de confraternização do banco com a imprensa. Grupos de jornalistas cercavam os diferentes diretores e conselheiros da instituição financeira e ouviam um discurso muito parecido: “o problema foi ter anunciado a isenção de imposto de renda junto com as medidas fiscais”, disse um deles.
Ex-CEO do Bradesco e atual presidente do conselho de administração do banco, Luiz Carlos Trabuco não se intimidou quando os gravadores foram ligados – disse que o pacote de ajuste fiscal “não foi tímido” também. Chegou a destacar alguns pontos que considerou positivo no conjunto de medidas, como limitar o crescimento do salário mínimo a 2,5% acima da inflação e a proposta de aumentar o crivo sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
Trabuco concorda que o mercado reagiria diferente se o ajuste fiscal fosse anunciado sem os adendos da reforma do imposto de renda. Mas não invalida o posicionamento da Faria Lima, explicando que o overshooting – movimento agudo do mercado – é também um recado.
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“Você exagera um pouco para dar um sinal de alerta”, disse Trabuco. “No mundo real, talvez a Selic não precise ser tão alta”, afirmou – no mercado futuro, a curva de juros tocou os 14%. O chairman do Bradesco acredita que o governo entendeu o recado e vê como positiva a flexibilidade do Ministério da Fazenda ao acenar para a possibilidade de medidas adicionais.