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Pacote fiscal não foi tímido, mas mercado deu alerta, diz Trabuco, do Bradesco

Para presidente de conselho do banco (e outros executivos da mesma instituição) governo errou ao juntar ajustes fiscais com reforma do imposto de renda

Mitchel Diniz

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Os executivos do Bradesco parecem estar em consenso sobre os anúncios feitos pelo governo na semana passada. O assunto dominou as rodas de conversa no almoço de confraternização do banco com a imprensa. Grupos de jornalistas cercavam os diferentes diretores e conselheiros da instituição financeira e ouviam um discurso muito parecido: “o problema foi ter anunciado a isenção de imposto de renda junto com as medidas fiscais”, disse um deles. 

Ex-CEO do Bradesco e atual presidente do conselho de administração do banco, Luiz Carlos Trabuco não se intimidou quando os gravadores foram ligados – disse que o pacote de ajuste fiscal “não foi tímido” também. Chegou a destacar alguns pontos que considerou positivo no conjunto de medidas, como limitar o crescimento do salário mínimo a 2,5% acima da inflação e a proposta de aumentar o crivo sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. 

Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco

Trabuco concorda que o mercado reagiria diferente se o ajuste fiscal fosse anunciado sem os adendos da reforma do imposto de renda. Mas não invalida o posicionamento da Faria Lima, explicando que o overshooting – movimento agudo do mercado – é também um recado. 

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“Você exagera um pouco para dar um sinal de alerta”, disse Trabuco. “No mundo real, talvez a Selic não precise ser tão alta”, afirmou – no mercado futuro, a curva de juros tocou os 14%. O chairman do Bradesco acredita que o governo entendeu o recado e vê como positiva a flexibilidade do Ministério da Fazenda ao acenar para a possibilidade de medidas adicionais. 

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados