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O andamento das obras de renovação do Santiago Bernabéu, icônica casa do Real Madrid, levou a uma onda de shows no estádio em 2024. No entanto, há duas semanas, a situação mudou para um dos clubes com maiores receitas do mundo: sob a pressão de uma associação de moradores, eventos programados para a arena até o fim do ano precisaram ser cancelados ou adiados.
Um fundo de investimentos internacional tem muito a perder com isso.
Desde 2019, o estádio que abriga o Real Madrid está em obras, que incluem um sistema de gramado e teto retrátil, um novo anel para o público, galerias comerciais e lojas. A expectativa é que a renovação termine em dezembro de 2024, após o adiamento da previsão inicial de 2022 devido à pandemia e à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Para sustentar a suntuosa reforma apoiada pelo presidente dos “merengues”, Florentino Pérez, o clube contraiu uma dívida líquida de 893 milhões de euros, segundo informações financeiras publicadas em junho de 2023. O vencimento está previsto para julho de 2049, com uma taxa de juros fixa de 2,23% nos três empréstimos contratados, levando o investimento total a mais de 1 bilhão de euros.
De olho no potencial de arrecadação em eventos com a nova estrutura, a Sixth Street, uma empresa global de investimentos com mais de US$ 60 bilhões em ativos sob gestão, selou um acordo de investimento de 360 milhões de euros (R$ 2,19 bilhões) para embolsar 30% dos ganhos com eventos no estádio — excluindo jogos de futebol — por 20 anos. A parceria também envolve a Legends, empresa de experiências premium para organizações esportivas e locais de eventos ao vivo.
Segundo anúncio publicado pela Sixth Street à época, o investimento poderia ser utilizado em “qualquer atividade do clube”.
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Mesmo em meio às obras, desde o início de 2024, o Bernabéu deu início a um ritmo acelerado de grandes eventos. Taylor Swift, o cantor mexicano Luis Miguel e o fenômeno colombiano de reggaeton Karol G são alguns dos artistas que já se apresentaram no estádio nos últimos meses.
No entanto, pelos próximos meses, o fundo não deve mais ver o dinheiro desses eventos entrando no caixa.
Desde que os eventos foram retomados e ampliados com o avanço da reforma, a Associação de Prejudicados pelo Bernabéu, formada por moradores da região, tem reivindicado ações contra volumes superiores ao limite legal e ultrapassando o horário em shows, além das movimentações nas ruas antes e depois dos eventos.
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Em julho, uma queixa do grupo foi acatada por um juiz espanhol, e uma audiência foi marcada para 29 de outubro — na qual o diretor-geral do Real Madrid, José Ángel Sánchez, foi convocado para depor.
No último dia 13, o Real Madrid publicou uma nota anunciando o adiamento de diversos shows que ocorreriam no estádio entre novembro e dezembro. “Apesar do isolamento acústico do Santiago Bernabéu e das medidas adicionais que foram implementadas, o cumprimento dessas regulamentações pelos diversos organizadores e promotores tem sido dificultado pelo desafio de atender a todos os requisitos”, disse o comunicado.
Em termos de capacidade, o Bernabéu acomoda aproximadamente 80 mil pessoas. Em junho de 2023, antes mesmo da retomada do ritmo de shows, a arrecadação do Real Madrid com seu estádio, que inclui taxas para sócios, vendas de ingressos e outras receitas, foi de 151 milhões de euros (R$ 920 milhões) — a expectativa é que esse número chegue a 300 milhões de euros (R$ 1,82 bilhão).
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Na sua última divulgação de resultados, o clube afirmou que as previsões apontam para um aumento acentuado na geração de receita pelo estádio, tanto nos dias de jogos quanto na operação comercial diária. Os investimentos na reformulação do estádio devem começar a dar retorno a partir da temporada de 2023/2024, que ainda não entrou nos balanços.
“O Real Madrid continuará a colaborar com a Comunidade de Madri e a Câmara Municipal de Madri para a sustentabilidade e convivência, e sempre buscará garantir que as atividades do estádio assegurem seu compromisso com a cidade de Madri e sejam benéficas para seu entorno”, afirmou a nota do Real Madrid.