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Estes executivos fizeram da corrida de rua um pilar de disciplina e foco nos negócios

A exemplo da suíça Gabriela Andersen-Schiess, prática esportiva tem inspirado profissionais a superar obstáculos pessoais e profissionais

Suzana Liskauskas

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A entrada cambaleante da maratonista suíça Gabriela Andersen-Schiess no Los Angeles Memorial Coliseum, nos minutos finais da maratona feminina – o último evento esportivo dos Jogos Olímpicos de 1984, realizados em Los Angeles (EUA) – correu o mundo. A atleta demorou sete minutos para percorrer os 500 metros finais da prova, dentro do estádio, com expressão de sofrimento físico, provocado por fortes câimbras na perna esquerda.

Muitos se perguntaram, na época, por que a maratonista dispensou a ajuda da equipe médica que estava a sua espera na entrada do estádio. A resposta é a tradução do espírito olímpico. Andersen-Schiess conhecia muito bem as regras, por isso sabia que, caso aceitasse o atendimento antes de cruzar a linha de chegada, seria desclassificada da primeira maratona feminina realizada na história dos Jogos Olímpicos.

Gabriela Andersen-Schiess durante os jogos olímpicos de 1984. Crédito: Focus on Sport/Getty Images)

Mesmo acometida por um quadro severo de hiponatremia, que é uma queda abrupta de sódio na circulação sanguínea, provocada no organismo da atleta por ausência de reposição de isotônicos e agravada pelas temperaturas elevadas, a atleta perseverou. Concluiu a prova com 44 participantes, em 37 º lugar.

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A força de vontade da maratonista, que impactou todos os participantes dos Jogos Olímpicos de 1984, até hoje é referência global para superação. Só quem já experimentou uma prova, mesmo com distâncias mais curtas, sabe o significado de cruzar a linha de chegada e ostentar a medalha no peito.

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Mas, talvez, a maior recompensa seja ter mais uma chance de se desafiar. No percurso de uma corrida, os participantes se esforçam para manter a disciplina e superar desafios que surgem durante a prova, como dores musculares, sensação de desmaio, desidratação e câimbras.

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Às vésperas de mais uma temporada olímpica, realizada em Paris (França), entre 26 de julho e 11 de agosto, o InfoMoney foi a campo buscar histórias de superação protagonizadas por executivos. Em uma série de reportagens, vai mostrar como os esses profissionais encontram no esporte o combustível para a disciplina e altos índices de assertividade no dia a dia.

Em comum com os atletas olímpicos, essas equipes de profissionais que comandam negócios de alta performanc, sabem que bons resultados não estão dissociados de uma rotina de treinos.

Como nos esportes olímpicos, bons resultados dependem de muito rigor na definição de metas, eficiência para elaborar planejamentos e disciplina para cumprir cronogramas. O cronômetro corporativo também é implacável.

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Tomada de decisões turbinada com endorfina

Assim como Gabriela Andersen-Schiess, todo corredor, não importa há quanto tempo pratique, teme não completar a prova. A cada metro percorrido, a descarga de endorfina o transporta para outro patamar de cognição e bem-estar.

A endorfina é um neurotransmissor essencial para que os neurônios estabeleçam uma comunicação, produzida durante atividades que dão prazer, como atividades físicas, ouvir música, experimentar uma comida gostosa ou gargalhar. Uma das funções da endorfina é diminuir os níveis de estresse.

Crédito: Getty Images

Foi exatamente em um momento inundado de endorfina, durante uma corrida, que Gabriel Mangueira, CEO do W1 Inc., ecossistema focado em planejamento financeiro com seis verticais de negócios, aceitou o convite para um novo desafio profissional. Mangueira é um corredor frequente e esporadicamente joga tênis e pratica ciclismo. Em outros momentos da vida, ele já jogou handball, nadou e praticou hipismo.

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“Eu estava participando de um processo no Inter, para área de M&A do banco, e estava conversando com a W1, paralelamente. Durante o percurso da corrida, percebi que, no banco, eu não teria autonomia e que seria só mais um no navio gigante. Acabei decidindo vir para a W1”, conta Mangueira.

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O executivo costuma participar de provas de corridas promovidas por parceiros, como a XP. Também pratica tênis em eventos organizados pela Icatu e Prudential. Para Mangueira, competitividade, constância e espírito de equipe são pilares que movem o atleta profissional, que busca viver em alta performance.

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Quando não pratica esportes, Mangueira confessa que sente o humor oscilar com mais frequência e percebe um risco de tomar decisões equivocadas ou precipitadas, por não estar no melhor estado de espírito. “A prática de esportes ajuda no equilibro corpo, mente e espírito, que na minha visão é fundamental para enfrentar os desafios. Tenho inclusive insights e decisões durante a prática de esportes”,

Corrida de rua. Crédito: Getty Images

A escolha da prática esportiva, para Mangueira, varia com o momento de vida. “No começo, sem uma rotina de trabalho tão intensa, eu dava preferência para esportes coletivos. A competição e o trabalho em equipe sempre me inspiraram e me desenvolveram muito”, conta.

Conforme a agenda ficou mais intensa, Mangueira fez uma transição, optando por esportes mais individuais, em função da flexibilidade de horário e por não depender de outras pessoas. “Durante a prática de esportes individuais, você se conecta consigo mesmo e acaba refletindo na vida, no trabalho, nos projetos e nos grandes sonhos de forma profunda e ativa”, diz.

Mangueira costuma participar de maratonas – inclusive em fora do país, como a de Paris (2013) – e meia maratonas. Também disputou o campeonato mundial de handball em Paris, em 2001, e participou de um iron biker, prova de mountain bike, em Minas Gerais, em 2019. “Foram três dias de prova, com percursos diários que vão até 90 quilômetros”, detalha.

‘Só paro quando ultrapasso a linha de chegada’

A corrida é um desafio novo para André Soler, fundador da SP Invisível, ONG que promove ações sociais para pessoas em situação de rua. Soler começou os treinos há três meses. “Todo começo é um passo importante. Sou do tipo que, quando começa, não para. Só paro quando ultrapasso a linha de chegada, sempre buscando superar meus próprios limites”, afirma.

Nesses três meses, Soler já encarou a primeira prova, mesmo com medo de não conseguir completar o percurso. “Tive momentos de cansaço, mas foi mais tranquilo do que eu esperava. Há um momento na corrida em que você esquece tudo e apenas flutua, correndo sem parar. Mantive o foco, dei o meu máximo e alcancei meu melhor tempo. Foi uma experiência transformadora que reforçou minha paixão por esse esporte”, ressalta.

André Soler. Crédito: Divulgação

No dia a dia, Soler observa que a prática da corrida ajuda a tomar decisões e a superar desafios. “Correr tem me ajudado ainda a reforçar minhas crenças na importância de definir metas, planejar e executar com disciplina. Ter um mentor ou professor ao seu lado acelera a conquista dos objetivos”, conta. Para Soler, no ambiente corporativo, esses princípios se traduzem em uma abordagem estratégica para resolver problemas complexos e tomar decisões assertivas com ajuda de profissionais e especialistas.

Além de boas doses de endorfina para turbinar a tomada de decisões, a prática da corrida também deu um gás no networking de Soler. “Conheci um especialista em planejamento estratégico de uma grande empresa de cosméticos brasileira. Nos encontramos na assessoria de corrida que frequento e, desde então, temos trocado ideias sobre estratégias para desafios empresariais”, diz Soler.

Sobre lições da prática esportiva, Soler destaca a resiliência, a determinação e a disciplina. “Aprendi que é crucial manter o foco nos objetivos, ter paciência e continuar persistindo mesmo diante de dificuldades”, detalha.

São lições, na visão de Soler, fundamentais tanto no esporte quanto nos negócios. Para ele, a capacidade de superar obstáculos e se adaptar às novas situações é essencial para o sucesso. “A corrida me ajuda a aplicar meus valores de forma consistente. Sou um ser humano mais funcional, capaz de levar o nível de execução de alta performance para todas as áreas da minha vida”.