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Diante de um cenário desafiador para as operadoras de saúde, que viram a sinistralidade disparar nos últimos meses, a Oncoclínicas (ONCO3) optou por firmar parcerias e negociar os prazos de pagamento. Essa proximidade tem efeito estratégico, uma vez que cerca de 97% do faturamento da empresa vem desse segmento. A decisão já começou a dar resultado e é uma das razões para o expressivo crescimento orgânico do grupo observado no segundo trimestre.
A Oncoclínicas estendeu, nos últimos meses, o prazo de pagamento das operadoras, que estavam pressionadas, tanto pela sinistralidade quanto pelos limites de reajustes de preço. Segundo o CEO Bruno Ferrari, no segundo trimestre do ano passado, as operadoras levavam, em média, 85 dias para pagar a Oncoclínicas. Esse número subiu gradativamente, até alcançar 105 dias no primeiro trimestre deste ano. Finalmente, em junho, cedeu para 103 dias. Foi um recuo modesto, reconhece Ferrari, mas que dá uma indicação de que o sistema começa a voltar à normalidade, após um período de três trimestres consecutivos de aumento desses prazos. “Para o plano de saúde, esse prazo virou uma alavanca importante. A boa notícia é que já começa a ter uma estabilização e uma leve melhora nesse indicador”, afirma o executivo ao IM Business.
Paralelamente, conta Ferrari, a companhia firmou parcerias e até joint-ventures com algumas operadoras, como Unimeds e a Porto (antiga Porto Seguro). Outras negociações estão em curso e devem ser anunciadas em breve. Nesses acordos, a Oncoclínicas passou a ser o prestador de oncologia preferencial dessas empresas. “Eles nos enxergam como um grupo altamente especializado e essa foi uma maneira bastante estratégica pela qual temos nos relacionado com esses planos”, afirma. “Ao mesmo tempo, tentamos trazer mais efetividade e equilíbrio para o sistema.”
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Para a operadora, essa aproximação contribui para que o paciente receba o tratamento mais correto, e no tempo certo, o que aumenta a previsibilidade do processo e assim, reduz os custos do tratamento. O CEO lembra que se há 13 anos, quando a empresa foi criada, a oncologia representava 2% do índice de sinistralidade dos planos de saúde, hoje ela já representa 15% e está caminhando para ser uma das doenças mais prevalentes no mundo. Ter escala, nesse cenário, é fundamental.
A parceria com as operadoras ajuda a explicar o crescimento da receita da Oncoclínicas no segundo trimestre, segundo Cristiano Camargo, CFO e diretor de Relações com Investidores. A receita líquida da Oncoclinicas cresceu 51,1%, para R$ 1,4 bilhão. Mais importante do que esse dado, afirma Camargo, é a taxa de expansão do faturamento orgânico, que foi de 31,3%. Ou seja, 60% do crescimento ocorreu na linha de “mesmas clínicas”. “É um ritmo de crescimento orgânico que nenhuma outra empresa de saúde mostrou”, diz, lembrando que, no trimestre anterior, o desempenho desse indicador havia sido parecido, de 32%.
O crescimento orgânico resulta em ganhos de market share, e pode ser explicado também por um programa muito ativo de atração e retenção de médicos. Foram mais de 1.100 médicos atraídos para a companhia desde o IPO, realizado há dois anos. Agora, o time soma 2.700 profissionais. “Esses médicos trazem mais volume de pacientes e ampliam a capacidade de atendimento, em uma base ‘mesmas clínicas’”, explica.
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Outra frente de expansão vem das unidades chamadas de “cancer center”, hospitais oncológicos de alta complexidade. Historicamente, quando a empresa não tinha essas unidades, os pacientes eram encaminhados para alguns procedimentos em outro hospital para, depois, retomar o tratamento na Oncoclínicas. Com a nova estrutura, o paciente faz toda a jornada no “cancer center”. Hoje, são seis unidades, localizadas no Rio de Janeiro, Salvador, Uberlândia e Belo Horizonte. Há planos para inaugurações de outras unidades em São Paulo, Goiânia, Brasília e chegar a dez unidades nos próximos três anos.
Além disso, afirma Camargo, a integração das aquisições concluídas em 2022 contribuíram para melhorar a alavancagem operacional da companhia, medida pela relação receitas por despesas. Esse indicador caiu para 15%, ante 21% no segundo trimestre de 2022. No período de doze meses encerrados no segundo trimestre , a receita líquida atingiu R$ 5 bilhões.
A companhia anunciou geração operacional de caixa, de R$ 309 milhões, maior nível para um segundo trimestre. “Esse foi um tema sobre o qual o mercado se debruçou bastante no primeiro trimestre. Já vínhamos sinalizando que o segundo trimestre seria positivo sob esse ponto de vista, mas ele foi melhor do que o esperado”, afirma.
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O lucro líquido foi de R$ 35 milhões no segundo trimestre, revertendo assim um prejuízo de R$ 24,6 milhões observado em igual período de 2022. O Ebitda Ex-PILP (que exclui apenas o efeito não caixa do plano de incentivo de longo prazo) somou R$ 268,4 milhões no trimestre, 109% maior do que o verificado nos três primeiros anos de 2023, quando o resultado ficou em R$ 128,4 milhões, Assim, a margem Ebitda subiu 5,4 pontos para 19,7%. Segundo a companhia, o crescimento do Ebitda continua a refletir o avanço no processo de integração das unidades adquiridas, com a captura de ganhos de eficiência e sinergias.
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