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“Olho no olho”, Sicoob cresce 40% na área de crédito rural no início da safra

Liberações chegaram a R$ 4,4 bilhões do início de julho a 10 de agosto; capilaridade da rede ajuda a explicar avanço

Fernando Lopes

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Por mais que as relações por meios digitais tenham avançado nos polos agropecuários espalhados pelo país, os produtores rurais não dispensam uma boa conversa “olho no olho” na hora de fechar negócios. É assim nas compras com fornecedores, vendas a clientes e, claro, na contratação de recursos para financiar as atividades, área em que as cooperativas de crédito vêm avançando em ritmo forte nos últimos anos, em boa medida graças a sua capilaridade.

Um dos protagonistas desse movimento é o Sicoob, instituição financeira que reúne 340 cooperativas, 230 delas com atuação na área de crédito rural, e conta com 7,3 milhões de associados em todos os Estados brasileiros, 430 mil dos quais produtores. Hoje com 4,5 mil pontos físicos de atendimento, o Sicoob registrou crescimento de 63% nas liberações de crédito rural na safra 2022/23 ante o ciclo anterior, para R$ 39 bilhões, e prevê para 2023/24 avanço de 33%, para R$ 52 bilhões.

Do início da temporada, em 1º de julho, até 10 de agosto, o aumento superou esse percentual, conta Raphael Silva de Santana, gerente de agronegócios do Sicoob. Foram liberados R$ 4,4 bilhões, 40% mais que em igual intervalo de 2022/23, e o destaque foram as linhas para custeio com juros equalizados pelo Tesouro Nacional.

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“Os meios digitais são importantes e também colaboram com o crescimento, mas a rede de atendimento é uma das nossas fortalezas. O ‘olho no olho’ faz sentido para o produtor, e ele nos cobra para que estejamos próximos de suas atividades. No segmento de crédito rural, as taxas de juros das instituições são parecidas, e o atendimento faz muita diferença”, afirmou Santana ao IM Business.

Raphael Silva de Santana, gerente de agronegócios do Sicoob

Dos 4,5 mil pontos físicos existentes do Sicoob, cerca de 400 foram abertos na safra 2022/23, e outras 170 inaugurações estão programadas para o segundo semestre deste ano. Com essa estratégia, as instituições financeiras cooperativas já superaram os grandes bancos privados na concessão de crédito rural no Brasil. O Sicredi encabeça a categoria nessa frente, com previsão de liberação de R$ 60 bilhões na safra 2023/24, um incremento de 16% em relação ao ciclo passado.  A liderança geral no segmento continua nas mãos do Banco do Brasil, que deverá emprestar R$ 240 bilhões em crédito rural na atual temporada, com aumento de 27%.

Com o passar dos meses, normalmente as contratações de crédito rural para custeio perdem fôlego, por questões sazonais. É aí que as liberações para investimentos nas propriedades ganham maior peso. Até 10 de agosto, o Sicoob desembolsou R$ 435 milhões para investimentos, ante R$ 760 milhões em igual período do ciclo anterior, mas Santana acredita em recuperação.

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Nas linhas de crédito rural voltadas a investimentos, o Plano Safra 2023/24 lançado pelo governo estabeleceu juros entre 7% e 12,5% ao ano para as principais linhas, e nos empréstimos a taxas livres é difícil encontrar no mercado financeiro operações com juros inferiores a 20%.

No caso do Sicoob, Santana informou que as contratações de recursos para projetos de industrialização têm chamado a atenção. Segundo ele, foram liberados R$ 150 milhões em linhas de industrialização do início da safra até 10 de agosto, em 15 operações. A maioria foi em Minas Gerais, onde os cafeicultores buscam cada vez mais beneficiar sua produção e o Sicoob tem ampla base de relacionamento – a instituição é a maior repassadora de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

Levando-se em conta as operações de crédito rural e outros financiamentos com recursos próprios e taxas livres, além de alternativas como o consórcio de máquinas, a carteira de crédito rural do Sicoob superava R$ 51 bilhões em julho, um incremento de 50% em um ano. É a terceira maior carteira do segmento, atrás de Banco do Brasil e Sicredi.

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Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023