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Uma semana após a chegada do AI Overview (ou visão geral criada por IA), nova funcionalidade do mecanismo de buscas do Google (GOOGL) com base em inteligência artificial generativa, especialistas em marketing digital começam a avaliar seus potenciais impactos em tráfego por meio da plataforma de buscas. Avaliações iniciais apontam para uma consolidação de empresas mais bem posicionadas em sua estratégia de conteúdo e menor impacto em anúncios pagos.
Desde o dia 15 de agosto, o líder no mercado de buscas online passou a dar respostas em português para usuários brasileiros no topo de algumas das pesquisas. A nova ferramenta usa linguagem natural, com base em inteligência artificial generativa, para resumir conteúdos de resultados de suas páginas.
Durante anos, as buscas do Google têm se transformado em um ponto relevante da estratégia de marketing digital das empresas, normalmente delegado a consultorias e agências. Com o SEO (sigla para search engine optimization, ou otimização para mecanismo de buscas, em tradução livre), ações dedicadas a levar conteúdos próprios aos primeiros resultados do mecanismo de busca, companhias encontraram um caminho para melhorar margens de investimento na comparação com anúncios pagos, bem como melhor direcionamento à intenção de compra de clientes.
Tudo isso em busca, é claro, de acessos às páginas. O que as empresas querem ao criar uma estratégia de tráfego orgânico (sem anúncios pagos) é atrair clientes por meio de conteúdos que vão desde os mais genéricos – chamados de topo de funil –, respondendo, por exemplo, à busca “como lavar uma panela engordurada?”, até os conteúdos de fundo de funil, como “onde comprar a lavadora de louças da marca ‘Tabajara’?”.
É quase certo que, em um primeiro momento, conteúdos da primeira categoria sejam mais afetados pela nova funcionalidade. “As respostas generativas do AI Overview tendem a aparecer muito mais para pesquisas informacionais, de topo de funil”, avalia o líder de marketing da plataforma de análise para mecanismos de busca Semrush no Brasil, Erich Casagrande.
Ele acredita que as buscas de fundo de funil, mais relacionadas a vendas de produtos ou serviços, não devem ser as grandes impactadas pelo AI Overview. O motivo é simples: cerca de 70% do faturamento da big tech vem de anúncios pagos, e o grosso desse total está no mecanismo de buscas.
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“Continuamos a priorizar abordagens que direcionam tráfego para sites na web. E estamos observando que os anúncios que aparecem acima ou abaixo do AI Overview continuam a oferecer opções valiosas para que as pessoas tomem ações e se conectem com as empresas”, disse o CEO da Alphabet, controladora do Google, Sundar Pichai na última videoconferência de resultados da empresa.
AI Overview ou chats?
Diferentemente de chats como ChatGPT, o AI Overview é um uso de IA diretamente em mecanismo de busca, que não permite interações e oferece os links atualizados em tempo real para suas respostas. A resposta oferecida – que usa o Gemini, mesmo modelo por trás do próprio chat de IA do Google – “mastiga” conteúdos de diferentes fontes, escreve uma resposta que soa como um texto humano e devolve com os links de referência.
Pode-se dizer que o modelo é uma espécie de evolução do featured snippet, resposta destacada oferecida pelo Google para algumas buscas utilizando citação direta a uma fonte e um link para abrir o conteúdo original. Tudo isso ocorre diante de uma tendência cada vez maior de que usuários do mecanismo rolem pouco a página de busca, mais atentos aos primeiros resultados.
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“Pessoas que buscam ajuda com tópicos complexos estão se envolvendo mais e retornando para as respostas do AI Overview. E observamos um engajamento ainda maior entre os usuários mais jovens, com idades entre 18 e 24 anos, quando utilizam a busca com o AI Overview”, disse Pichai em videoconferência.
Posicionamento no Google
Uma das principais métricas avaliadas pelos profissionais de marketing de conteúdo dedicados a SEO é o posicionamento da sua marca nas buscas, ou seja, se você é o primeiro ou o quinto link sugerido pelo Google. Grandes atualizações no algoritmo da plataforma, como a que ocorreu com a chegada do AI Overview, tendem a gerar instabilidades em métricas como essa.
Como o período para avaliação dos resultados ainda é curto e o AI Overview se restringe a uma pequena parcela das respostas, agências e plataformas especializadas ainda não foram capazes de captar uma tendência de mudança nos fluxos de acessos aos sites durante as duas primeiras semanas de implementação da ferramenta no Brasil.
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O provável, no entanto, é que empresas com boa capacidade de posicionamento no mecanismo de busca consolidem as principais referências no mecanismo de busca. “Certamente isso vai acontecer. Muitos dos resultados que o AI Overview entrega estão nas primeiras colocações. No final do dia, vai gerar também um efeito de branding para as marcas”, diz Matheus Maraccini, head de SEO & BI na consultoria Enext.
Uma pesquisa feita pela plataforma de SEO BightEdge um mês após a implementação do AI Overview nos Estados Unidos mostra que apenas 7% das buscas, naquele momento, respondiam com base no AI Overview, após ter chegado a um pico de 12%.
Isso ocorreu após um lançamento atabalhoado da ferramenta, que fornecia respostas absurdas, com usuários relatando respostas em que cobras seriam mamíferos ou recomendações de se alimentar de pedra. A empresa tem corrido para dar uma resposta ao ChatGPT, enquanto sua criadora, a OpenAI, lança sua própria ferramenta de busca.