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A volatilidade do mercado levou a Priner (PRNR3), companhia de serviços industriais, a adiar a oferta subsequente de ações, com a qual pretendia captar até R$ 280 milhões para custear novas aquisições. A opção encontrada neste momento foi desacelerar – mas não interromper – a expansão por meio de M&As e levantar um financiamento bancário, de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões, que deve ser concluído já no próximo mês de novembro.
“O ano de 2024 vai ser dirigido por crescimento orgânico e menos M&A”, diz Túlio Cintra, CEO da Priner, ao IM Business. “A gente tem espaço de alavancagem, não temos problema de caixa, nem de liquidez, e o ano de 2024 vai ser muito prolífico para nós em termos de conquistas de contratos”.
A companhia de serviços industriais estreou na Bolsa brasileira em fevereiro de 2020, pouco antes do estouro da pandemia de Covid-19, e movimentou R$ 174 milhões em um “mini IPO”. Desde então, a Priner fez sete aquisições, sendo a mais recente a da Semar Inspeções, anunciada no começo do mês passado, por R$ 3,5 milhões.
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Cintra admite que a empresa conseguiria crescer muito mais no ano que vem se tivesse conseguido levantar os recursos junto ao mercado de capitais. “Teríamos mais M&A’s e outros equipamentos adquiridos, com capital próprio e sem despesa financeira. Com a dívida, são menos aquisições, mais investimentos em capital de giro e despesa financeira”, explica. Mesmo assim, o executivo considera acertada a decisão de não ter seguido adiante com o follow-on.
Distante dos múltiplos desejados
Faltou pouco para a companhia entrar na lista das 18 empresas que fizeram ofertas subsequentes de ações na B3 este ano, movimentando R$ 30,15 bilhões. A Priner chegou a contratar dois coordenadores para a operação – o Itaú BBA e a XP – mas desistiu, pela “recente volatilidade no mercado de capitais”.
“O único motivo pelo qual optamos pelo cancelamento é que as ações não refletem o preço real justo da companhia”, diz Cintra. Na última sexta-feira, a ação da Priner fechou o pregão a R$ 10,90. Ainda que acumule valorização de 62,7% em 2023, o valor é muito próximo ao que o papel tinha à época do IPO.
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“Nós esperávamos uma ação que fosse, no mínimo, negociada a múltiplos muito superiores aos que nós temos hoje”, afirma o CEO da Priner. Cintra vê um descompasso entre o “preço de tela” do papel o desempenho da companhia desde o IPO.
Em 2020, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da Priner foi de R$ 17 milhões. No ano passado, a cifra saltou para R$ 87,4 milhões. Na primeira metade de 2023, somou R$ 66,4 milhões.
A receita líquida, que foi de R$ 242,2 milhões no ano do IPO, deve superar R$ 1 bilhão em 2023, de acordo o CEO.
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“Não é justo com o acionista que está aí há três anos e meio, viu o seu Ebitda multiplicar a quase 500% e a ação não se mover. Então a emissão de ações a um valor, na minha opinião, vil, não é justo com quem aposta tanto em nós”, afirma Cintra.
Fundos se interessaram pela oferta
O executivo diz que dezenas de fundos, que têm dificuldades em entrar no papel por conta da baixa liquidez, demonstraram interesse em participar da oferta. Mas a Priner sequer seguiu para etapa de precificação do follow-on, partindo da premissa de que as ofertas seriam próximas da atual cotação do papel, com pequenos prêmios.
“Isso estaria abaixo do que nós gostaríamos. O preço de tela não nos atende”, diz Cintra.
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O CEO contudo admite que a baixa disponibilidade da ação no mercado é a maior trava para que o papel reflita o valor justo da empresa. A liquidez diária média de PRNR3 é de R$ 3 milhões. Isso limita grandes movimentações de compra e venda pelos fundos e pelo investidor pessoa física qualificado.
A Priner espera que o valor justo das ações seja reconhecido por analistas das instituições contratadas para coordenar o follow-on que acabou não acontecendo. E que o acompanhamento dos fundos interessados em participar da operação ajude a dar impulso ao preço dos ativos. Enquanto os papéis não forem negociados nos múltiplos desejados pela companhia, a possibilidade de uma retomada do follow-on está fora do radar.