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Inflação, câmbio, risco fiscal. Ainda que a percepção geral sobre essas variáveis tenha piorado nos últimos meses, o CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, parece ter escolhido olhar para o atual cenário macroeconômico pelo lado cheio do copo. “Falar em cenário deteriorado é algo ‘etéreo’. Depende da perspectiva”, afirmou, em teleconferência sobre os resultados do banco no terceiro trimestre de 2024. Os números dividiram opiniões e as ações caíram forte após o balanço.
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Noronha afirma que o Bradesco está “muito seguro” em relação ao que se propõe a entregar. “Se chegarmos a um cenário de muito stress, podemos puxar o freio de mão”, diz.
O executivo acrescenta que o banco não está concedendo crédito de forma aleatória e busca crescer em linhas com garantias. Justifica o otimismo na crença de que a taxa de desemprego, ainda que volte a crescer no próximo ano, se mantenha em níveis seguros e acredita que o governo vai ser capaz de gerenciar os riscos fiscais.
“Se o Haddad colocar mais despesas debaixo do arcabouço, acredito que vai ser uma boa medida”, exemplificou Noronha. “A gente está aguardando as medidas governamentais”.
Cenário de stress maior é pouco provável
Por outro lado, o CEO do Bradesco reconhece que se o câmbio continuar se desvalorizando, o Banco Central vai seguir elevando as taxas de juros. “Seria um cenário de stress um pouco maior. Mas, na nossa visão, é o menos provável”, diz.
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Otimista ou não, os últimos números mostram que o Bradesco vem crescendo em crédito conservador, como empréstimos consignados, na pessoa física, e em linhas subsidiadas pelo governo na pessoa jurídica, como Pronampe e Procred. Isso se reflete no resultado tímido na margem financeira do banco, que cresceu apenas 0,9% no terceiro trimestre, em bases anuais, para R$ 16 bilhões, ao passo em que a carteira de crédito avançou 7,6%.
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E o retorno, como fica?
A dúvida é como o Bradesco vai conseguir dar tração à rentabilidade com essa estratégia de retorno ajustado ao risco. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco terminou o terceiro trimestre em 12,4%, alta de 1,1 ponto porcentual em um ano, e de 1 p.p. em um trimestre.
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“Desde o começo falamos que caminharíamos para retornos maiores, sem promessas específicas de chegar a um determinado patamar”, relembra o executivo.
“A gente espera entregar retornos melhores trimestre a trimestre. Nossa estratégia é consistente, de crescimento constante. Lembrando que estamos investindo em um projeto de transformação ambicioso, mexendo em muita coisa na organização”.
Mesmo sem mirar um retorno específico e afirmar o que o banco está evoluindo dentro do planejado, Noronha admite: “nunca vou estar satisfeito com os resultados se a gente ainda entrega um ROE como esse”.