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O que explica o otimismo do CEO do Bradesco com a economia

Executivo afirma que banco está "muito seguro" no que se propõe a entregar e diz que pode "puxar o freio" em cenário de muito stress

Mitchel Diniz

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Inflação, câmbio, risco fiscal. Ainda que a percepção geral sobre essas variáveis tenha piorado nos últimos meses, o CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, parece ter escolhido olhar para o atual cenário macroeconômico pelo lado cheio do copo. “Falar em cenário deteriorado é algo ‘etéreo’. Depende da perspectiva”, afirmou, em teleconferência sobre os resultados do banco no terceiro trimestre de 2024. Os números dividiram opiniões e as ações caíram forte após o balanço.

Leia mais: Bradesco (BBDC4) tem lucro recorrente de R$ 5,22 bi no 3º tri, alta anual de 13,1%

Noronha afirma que o Bradesco está “muito seguro” em relação ao que se propõe a entregar. “Se chegarmos a um cenário de muito stress, podemos puxar o freio de mão”, diz. 

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O executivo acrescenta que o banco não está concedendo crédito de forma aleatória e busca crescer em linhas com garantias. Justifica o otimismo na crença de que a taxa de desemprego, ainda que volte a crescer no próximo ano, se mantenha em níveis seguros e acredita que o governo vai ser capaz de gerenciar os riscos fiscais.

“Se o Haddad colocar mais despesas debaixo do arcabouço, acredito que vai ser uma boa medida”, exemplificou Noronha. “A gente está aguardando as medidas governamentais”. 

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (Foto: Cacalos Garrastazu/Febraban)

Cenário de stress maior é pouco provável

Por outro lado, o CEO do Bradesco reconhece que se o câmbio continuar se desvalorizando, o Banco Central vai seguir elevando as taxas de juros. “Seria um cenário de stress um pouco maior. Mas, na nossa visão, é o menos provável”, diz.

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Otimista ou não, os últimos números mostram que o Bradesco vem crescendo em crédito conservador, como empréstimos consignados, na pessoa física, e em linhas subsidiadas pelo governo na pessoa jurídica, como Pronampe e Procred. Isso se reflete no resultado tímido na margem financeira do banco, que cresceu apenas 0,9% no terceiro trimestre, em bases anuais, para R$ 16 bilhões, ao passo em que a carteira de crédito avançou 7,6%.

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E o retorno, como fica?

A dúvida é como o Bradesco vai conseguir dar tração à rentabilidade com essa estratégia de retorno ajustado ao risco. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco terminou o terceiro trimestre em 12,4%, alta de 1,1 ponto porcentual em um ano, e de 1 p.p. em um trimestre.

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“Desde o começo falamos que caminharíamos para retornos maiores, sem promessas específicas de chegar a um determinado patamar”, relembra o executivo. 

“A gente espera entregar retornos melhores trimestre a trimestre. Nossa estratégia é consistente, de crescimento constante. Lembrando que estamos investindo em um projeto de transformação ambicioso, mexendo em muita coisa na organização”. 

Mesmo sem mirar um retorno específico e afirmar o que o banco está evoluindo dentro do planejado, Noronha admite: “nunca vou estar satisfeito com os resultados se a gente ainda entrega um ROE como esse”. 

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados