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No setor elétrico, união entre mercado livre e geração distribuída é tendência

Empresas se aproximam de consumidores de menor porte e se preparam abertura total do mercado livre

Gabriela Ruddy Agência Eixos

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Uma das estratégias que ganhou impulso nas empresas que atuam no mercado livre de energia no Brasil é a entrada no segmento da geração distribuída. O objetivo é se aproximar dos clientes de menor porte, como os consumidores residenciais, já em preparação para a abertura total do mercado livre a partir da próxima década. 

Como sua empresa pode aproveitar o mercado livre de energia

As empresas que adotam essa estratégia buscam, sobretudo, aprender a se comunicar, ganhar experiência e posicionar a marca junto a futuros potenciais clientes. 

A expectativa é que o mercado livre seja um concorrente direto da geração distribuída na disputa por consumidores de menor porte na próxima década. 

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Abertura total

O mercado livre possibilita ao consumidor escolher o supridor da eletricidade, por meio da contratação de uma comercializadora ou de uma geradora de energia. Atualmente, no Brasil, essa opção é permitida apenas a clientes de média e alta tensão, com demanda acima de 500 quilowatts (kW). 

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Entretanto, o Ministério de Minas e Energia (MME) está trabalhando nas regras para a abertura do mercado livre a todos os consumidores, sem nível mínimo de demanda, o que deve ocorrer na próxima década. 

Já a geração distribuída (GD) está disponível a todos os consumidores, sem necessidade de volume mínimo de consumo. Assim, hoje atrai clientes que querem economizar, mas têm uma demanda menor do que a exigida para ingressar no mercado livre.

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Nessa modalidade, o consumidor pode gerar a própria energia, normalmente por meio da instalação de painéis solares fotovoltaicos. Existe também a opção da geração distribuída compartilhada, na qual os clientes que não têm disponibilidade de espaço para instalar módulos fotovoltaicos pagam uma assinatura e usufruem dos créditos gerados em uma usina instalada na mesma área de concessão da distribuidora em que estão localizados.

A alternativa cresceu impulsionada pela redução dos custos dos painéis solares nos últimos anos. 

Em julho de 2024, o Brasil tinha 2,7 milhões de sistemas instalados de geração distribuída, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). 

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Nesse mesmo mês, outros 48 mil consumidores estavam no mercado livre ou em processo de transição para entrar nesse mercado, de acordo com a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). 

Concorrência direta

Depois da abertura total do ambiente livre, a tendência é que esse mercado passe a concorrer como opção ao consumidor com a geração distribuída. 

O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Evangelista, acredita que a concorrência vai ser positiva para o consumidor final, que vai ter mais liberdade de escolha, o que pode resultar na redução de tarifas. 

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“Nós acreditamos que só se pode falar em diminuição das tarifas quando o consumidor tiver a liberdade de escolher entre ir para o mercado livre, geração distribuída, produzir a sua própria energia, ingressar no sistema de energia por assinatura… Só com o consumidor tendo todas essas opções é que as tarifas realmente têm alguma chance de baixar. As empresas que atendem o setor, sejam elas quais forem, vão realmente ter uma atenção total para o consumidor”, diz. 

Evangelista lembra que o Brasil tem 93 milhões de unidades de consumo de energia, o que abre espaço para diversos tipos de contratação. 

Além disso, ressalta que é possível que diferentes modelos convivam. Um exemplo seria a instalação de um sistema de geração distribuída para que um cliente gere a própria energia e reduza o volume a ser contratado no mercado, por exemplo. 

Na visão do executivo, para que o processo de abertura do mercado livre seja bem sucedido, vai ser importante que o governo mantenha a estabilidade jurídica e regulatória e o respeito aos contratos. 

O presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, acredita que a abertura do mercado vai trazer oportunidade para o desenvolvimento de novos modelos de negócios e para um amadurecimento do setor. 

“A gente acha que vai haver essa transformação, essa mudança, essa adaptação. Mas não necessariamente uma canibalização [do mercado livre sobre a GD], porque a demanda por energia elétrica no Brasil vai continuar a crescer, e, como a tecnologia fotovoltaica é muito versátil, os empreendedores podem aplicar o seu conhecimento e a sua expertise no setor, tanto no mercado livre quanto no regulado”, aponta. 

Escolha depende de custo e simplicidade

A competitividade futura de cada modalidade de contratação vai depender dos avanços na tecnologia de geração solar. 

“Ainda não ocorreu o esgotamento da curva de eficiência dessa tecnologia. Vamos saber até onde o solar vai chegar, mas eu acredito que vai existir uma redução natural da geração distribuída e uma entrada do mercado livre”, diz Tarcísio Neves, CEO da Evolua, que atua na geração distribuída.

Neves acredita que a geração distribuída teve o papel de abrir os olhos de consumidor para outras possibilidades de contratação, mas que no futuro a simplicidade do mercado livre tende a ganhar mais espaço

“Tenho um pouco uma visão de convivência pacífica até um momento seguinte, em que as condições do mercado livre provavelmente falarão mais alto, inclusive com a própria flexibilidade de não necessariamente ter a sua planta junto da distribuidora e de ter todo o processo complexo de gestão de créditos”, explica. 

Outro fator importante vai ser o nível de incentivo que cada estado dá para os projetos de geração distribuída. 

O sócio-fundador da comercializadora Tyr, Eduardo Miranda, lembra que a geração distribuída cresceu baseada sobretudo em incentivos, com descontos sobre o uso dos sistemas de transmissão e distribuição. 

“Tudo vai depender do custo do painel solar, de como é que o preço de energia vai se comportar, se vai haver inserção de bateria, eletrificação de frota ou não…”, acrescenta a respeito da futura competitividade da geração distribuída. 

Eduardo Miranda, sócio-fundador da comercializadora Tyr (Crédito: Divulgação)

Para o CEO da companhia de geração distribuída Nextron, Ivo O. Pitanguy, ambos modelos de contratação vão coexistir, mas ainda é cedo para dizer como isso vai refletir no mercado. 

“Vai depender de várias dinâmicas de mercado que vão acontecer nos próximos anos. Mas vão coexistir, mas como eu ainda não sei”, diz.