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Não tão fitness: Dr. Peanut quer fazer da pasta de amendoim a nova Nutella

Pré-treino queridinho dos "marombeiros" ganha versão "snack" em estratégia para ampliar público consumidor do produto

Mitchel Diniz

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Sem glúten, sem lactose, zero açúcar. É a típica descrição de um produto voltado ao público “fitness” ou para pessoas com restrições alimentares. Mas a Dr. Peanut pretende furar essa bolha e fazer da pasta de amendoim uma sobremesa para todo tipo de consumidor. “Entendemos que nosso principal concorrente é a Nutella e não outras pastas de amendoim”, disse Rodrigo Cardoso, CEO da empresa paranaense ao InfoMoney.

Para transformar o pré-treino dos “marombeiros” em lanchinho saudável da família toda, a empresa apostou no desenvolvimento de novos sabores e formatos de produto. Desde junho do ano passado, a Dr. Peanut comercializa o alfajor com pasta de amendoim, que pode ser de avelã, doce de leite e mais quatro sabores.

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A receita leva whey protein (proteína do soro do leite), mas esse é um detalhe que a Dr. Peanut prefere não dar muito destaque, para não segmentar o produto. “Até tiramos esse apelo do whey protein da frente do rótulo, porque existe uma parte do público que pode achar que o produto não é para ele”, explica.

Crédito: Divulgação/Dr. Peanut

O redesenho da embalagem veio com a proposta de retirar açúcar, glúten e afins da composição da pasta, ampliando as possibilidades de consumo. E com essa nova roupagem, a Dr. Peanut tem ido além das lojas especializadas em suplementos, levando a pasta de amendoim para as prateleiras de supermercados e farmácias.

Investimento em sabor e produção

“Não houve aumento de preço com essas mudanças. Conseguimos administrar o custo de produção com melhores condições de negociação das matérias-primas”, conta Cardoso.

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No e-commerce da Dr. Peanut, a média de preço da pasta de amendoim varia entre R$ 28,90 (a de 250 gramas) e R$ 64,90 (a de 600 gramas). “Nossa precificação sempre foi mais alta porque é um produto com uma fórmula que custa mais caro”, diz o CEO.

O sabor de doce de leite, o mais recente do portfólio, levou dois anos para ser criado. A parte de pesquisa e desenvolvimento da empresa guarda “a fórmula da Coca-Cola” da Dr. Peanut e é comandada por Lucas Castro, fundador e atual chief marketing officer (CMO) da empresa. Ele começou a empreender em 2012, com uma loja de suplementos em Curitiba (PR). Percebeu o aumento na demanda por pasta de amendoim pelos bodybuilders e decidiu criar o próprio produto, agregando sabor, com um investimento inicial de R$ 50 mil.

Lucas Castro (à esquerda), fundador da Dr. Peanut, ao lado de Rodrigo Cardoso, CEO (Crédito: Divulgação)

Além de atender à demanda do mercado interno, onde há pouca concorrência em pasta de amendoim gourmet, a Dr. Peanut também exporta o produto para 11 países. Apesar de ter montado um time de exportação, o CEO explica que a empresa ainda não precisou fazer esforço para captar clientes no exterior.

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“É uma área comercial de exportação passiva. Os clientes conheceram nosso produto em feiras no Brasil ou de alguma outra forma e vieram atrás de nós”, explica o CEO. Ainda que não revele valores, Cardoso conta que as exportações do primeiro semestre deste ano já bateram as do ano de 2023 inteiro. O principal comprador dos produtos da Dr. Peanut no exterior são os Estados Unidos, onde o consumo da pasta é cultural e nunca foi restrito ao público “fitness”.

Recursos do sócio ajudaram estratégia

A Dr. Peanut projeta atingir um faturamento entre R$ 170 milhões e R$ 185 milhões em 2024. No ano passado, chegou a R$ 128 milhões, praticamente dobrando as receitas de 2023. O ritmo de crescimento coincidiu com a chegada de um novo sócio. A Supley, dona das marcas Max Titanium e Probiótica, comprou metade da Dr. Peanut e ampliou os canais de venda da fabricante de pasta de amendoim. 

“Quando a Supley entrou no nosso negócio, conseguimos expandir para outros grandes mercados. Tínhamos 30 representantes comerciais e agora são mais de 100, rodando o Brasil inteiro”, conta Castro. 

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O valor pago pela Supley para entrar na sociedade não foi revelado, mas os recursos também ajudaram a Dr. Peanut a repaginar a pasta de amendoim para um público mais amplo e a aumentar a produção. A empresa tem uma fábrica nos arredores de Curitiba com capacidade para produzir dois milhões de unidades por mês. Hoje, a unidade fabril opera com 35% dessa capacidade.

Foco também no B2C

Recentemente, a empresa também investiu em logística, fechando parceria com um centro de distribuição (CD) especializado em e-commerce, no município de Extrema (MG). O parceiro vai cuidar da gestão do estoque e da entrega do produto. “Eles entregam em até 24 horas em qualquer lugar do Brasil, coisa que a gente não conseguiria fazer da fábrica”, afirma Cardoso.  

Indústria da Dr Peanut, no Paraná. Crédito: Divulgação

Problemas ocorridos durante a Black Friday do ano passado fizeram com que a Dr. Peanut também investisse em uma nova plataforma de e-commerce para suportar o crescimento no número de pedidos. A venda direta ao consumidor final (B2C) deve chegar a 10% do faturamento da empresa este ano. Além do site proprio, a Dr. Peanut abriu uma loja oficial dentro do Mercado Livre. “Isso também vai acelerar os números do B2C”, afirma Castro.

Nesses canais, a Dr. Peanut se prepara para disponibilizar a pasta de amendoim em um novo tamanho de pote, com mais quantidade. 

“Quem compra na internet procura um melhor custo-benefício. E com um novo tamanho de pote, também não competimos com o nosso cliente B2B. A ideia é ter um tamanho para o online, outro para o canal especializado [as lojas de suplementos] e um para varejo alimentar e farma, que são os potes menores”, explica o CEO.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados