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Na Lojas Renner, a moda é crescer com algorítmos em IA e autonomia dos clientes

Varejista aposta em tecnologia e integra canais de atendimento; estratégia omnichannel já representa 31% do faturamento

Michele Loureiro

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Algoritmos que indicam as peças ideais e comparam produtos. Caixas de autoatendimento que agilizam as vendas. Etiquetas com radiofrequência que ajudam a controlar o estoque. A possibilidade de compra em múltiplos canais. Estas são algumas das apostas da varejista de moda Renner (LREN3) para ampliar a autonomia dos clientes e, consequentemente, aumentar suas vendas.

Fabio Faccio, da Renner. Crédito: Divulgação

A empresa, que viu seu lucro praticamente triplicar no primeiro trimestre deste ano, na comparação anual, e chegar a R$ 139,3 milhões, aposta em inteligência artificial e omnicanalidade para seguir crescendo. Para Fabio Faccio, diretor-presidente da Lojas Renner, a integração total entre lojas físicas, site, app e WhatsApp é o caminho para obter bons resultados. Neste contexto, as novas tecnologias entram na conta como aliados importantes. “A inovação faz parte dessa estratégia e está sendo trabalhada de forma transversal em nossos times”, diz o executivo.

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Entre as iniciativas, estão o desenvolvimento de algoritmos baseados em IA, que fazem a comparação de produtos por imagem e melhoram a identificação das peças. Além dos modelos de propensão e compra por categorias de produtos já implementadas, a companhia também desenvolveu ferramentas de recomendação que sugerem itens mais relevantes para cada cliente, a partir da análise de dados transacionais.

Radiofrequência para controlar estoques

Além das tecnologias de IA, a Renner foi pioneira entre as grandes varejistas de moda do mundo a usar ferramentas de identificação por radiofrequência para controle em tempo real, reposição, gestão e segurança de estoques. A utilização do RFID (Radio Frequency Identification) permite localizar automaticamente as peças em todos os locais das lojas, atualizando as informações a cada 60 segundos e com precisão e eficiência.

As etiquetas de RFID, que também tem a funcionalidade de alarme antifurto, são aplicadas em 100% dos itens comercializados pela rede e o sistema faz cerca de 4,8 milhões de leituras em loja por dia. A solução é utilizada em toda a operação da marca Renner no Brasil, Uruguai e Argentina, totalizando mais de 400 lojas físicas nos três países.

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“O sistema RFID mostra em tempo real o volume de cada peça por loja. Além de aumentar a acuracidade da informação, permite agilidade na distribuição de cada produto às lojas, trazendo uma menor ruptura de itens e consequente melhor experiência aos consumidores”, diz Faccio.

Estratégia omnichannel

Com acesso ao gerenciamento de dados em tempo real e disponibilidade de produtos, a empresa consegue informações precisas de estoque, o que também é essencial para uma operação omnichannel mais eficiente. Garantir essa opção de escolha ao cliente, inclusive, é parte fundamental da estratégia. “Os consumidores omni, em função da praticidade e conveniência, têm um gasto médio três vezes superior ao dos clientes monocanal e a participação deles foi de 31% no faturamento no último ano”, afirma o executivo.

Lojas Renner. (Crédito: Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

Para a empresa, não se trata de ter um foco definido e a ideia é que o consumidor seja bem atendido em qualquer canal que deseje comprar. Em 2023, o app da Renner ficou em primeiro lugar em quantidade de downloads e MAU (Monthly Active Users, ou usuários ativos no mês) entre os players locais de moda, segundo dados do app Annie. Em contrapartida, o nível de satisfação dos clientes que compram em loja subiu 10 pontos percentuais no primeiro trimestre do ano.

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Resultado apareceu nos números

Esse posicionamento colaborou para que a receita líquida da companhia alcançasse R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre de 2024, um aumento de 8% na comparação anual. Segundo Faccio, só as vendas por canais digitais atingiram R$ 505,3 milhões, alta de 12,8% e uma participação de 15,8% no total. “Somos o maior player omni do varejo de moda do Brasil em faturamento”, diz o executivo.

Para ele, a ideia é promover uma total integração entre o físico e o online, mas sem deixar as mais de 400 unidades em segundo plano. “A loja física é um ponto de conexão do público com a nossa jornada omni, pois é um espaço de experimentação que oferece visibilidade, ambientes acolhedores, sustentáveis e inovações”.

Para garantir que a tecnologia também esteja presente nos pontos físicos, a companhia é a única empresa de moda do Brasil a operar caixas de autoatendimento com tecnologia RFID em 214 lojas. Sozinhos, esses equipamentos receberam cerca de 28% dos pagamentos nas unidades onde estão disponíveis no primeiro trimestre de 2024.

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Planos e desafios

Entre os planos da companhia, há investimentos de R$ 800 milhões neste ano, boa parte para a abertura de lojas físicas em novas praças. A estratégia omni também se reforça com o aporte, pois Faccio diz que as novas unidades colaboram para as vendas digitais nestas regiões. “O e-commerce gera adicionais nos pontos de venda físicos quando o cliente opta pela retirada dos produtos na sua loja de preferência. Já o nosso marketplace amplia o sortimento com itens complementares de parceiros e transforma a Renner em uma plataforma completa”, diz.

Tributação e preços

Enquanto segue se estruturando para abocanhar clientes em todos os canais, a Renner está inserida em um contexto de controvérsias em relação à tributação de itens importados de marketplaces chineses. Durante a última conferência de resultados da companhia, Daniel dos Santos, CFO da varejista de moda, disse que as Lojas Renner vão focar em preços mais acessíveis. Na ocasião ele disse que a empresa olharia para o portfólio de produtos e daria atenção especial aos itens de entrada.

“Com o consumidor mais sensível ao preço no pós-pandemia, isso se tornou um problema no ano passado. A Renner endereçou essa questão aumentando o volume de itens de entrada e incluindo novos itens na base da pirâmide do portfólio de preço, além de focar em uma coleção mais comercial no posicionamento de preço: trazendo diferenciação e itens de moda, mas mais acessíveis”, disse Santos na ocasião. Ao que tudo indica, ainda que haja IA e estratégia omni, o consumidor ainda depende muito da questão de preço para escolher a marca.

Michele Loureiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney