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Na CRAS Brasil, o gosto amargo de uma demissão deu origem a um negócio de sabor

Empresa especializada em processamento e venda de farelo e óleo de amendoim caminha para fechar 2024 faturando meio bilhão de reais

Mitchel Diniz Mariana Amaro

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Senti o gosto amargo da demissão, mas foi isso que me impulsionou a montar o meu próprio negócio”. Provavelmente, muitos empreendedores se identificarão com a declaração de Rodrigo Chitarelli, fundador de uma empresa cuja principal atividade é o processamento e venda de farelo e óleo de amendoim. A vida ganhou outro sabor para o fluminense de Petrópolis quando ele abriu a CRAS Brasil em 2011. A companhia faturou R$ 474 milhões no ano passado e caminha para fechar 2024 com receita de mais de meio bilhão.

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A vontade de ter um negócio próprio na área de logística já existia, mas faltava coragem. Ao perder um emprego com carteira assinada em uma multinacional, o engenheiro não pensou duas vezes em usar a indenização da demissão para colocar a empresa de pé. No início, a CRAS prestava uma espécie de consultoria especializada em questões aduaneiras para grandes empresas que realizavam importações.

Sentindo que estava apenas ensinando as empresas a fazer tudo, Chitarelli decidiu que era hora de também habilitar a CRAS como importadora. Começou trazendo e distribuindo um produto bastante específico: cabos à prova de explosão, vindos da Inglaterra.

Em 2015, a empresa entrou na área de commodities agrícolas e começou a trabalhar com o amendoim em si. “O Brasil ainda consome muito pouco amendoim comparado a outros países. Na China e nos Estados Unidos, são 12 quilos por habitante por ano. Na Europa, em torno de 6 quilos. O Brasil consome pouco mais de um quilo”, explicou Chitarelli em participação no podcast Do Zero ao Topo, do InfoMoney (assista abaixo à entrevista na íntegra e continue lendo a reportagem após o link).

“O óleo de amendoim é o óleo mais caro do mercado, pela capacidade nutricional e pelo ‘ponto de fumaça’. Ele pode ser elevado a altas temperaturas sem perder suas propriedades nutricionais”, acrescentou.

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Profissionalizou e diversificou

Quando a empresa já havia se consolidado como exportadora da matéria-prima para a Itália e a China (o óleo é comumente usado na culinária asiática), dois sócios entraram no negócio. A CRAS Brasil, que por um bom tempo teve apenas um funcionário — o próprio Chitarelli —, ganhou um conselho de administração, abriu escritórios no exterior e diversificou suas áreas de atuação.

Além do amendoim, cuja produção foi ampliada com a aquisição de uma nova planta industrial, a empresa passou a produzir óleo e farelo de soja. Também entrou no ramo madeireiro, com uma unidade fabril em Belém, vendendo 80% da produção para o exterior.

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O negócio tem ainda mais duas verticais: a distribuição de produtos elétricos (os cabos à prova de explosão da Inglaterra continuam sendo parte do negócio) e uma trading para exportação de glicerina e sebo bovino.

Mas o core business do amendoim continua no foco da companhia. Recentemente, a CRAS emitiu um CRA (Certificado de Recebível do Agronegócio) e levantou R$ 50 milhões para garantir estoque.

“Nosso foco hoje é fazer a produção ser atingida, mas para isso precisamos incentivar o produtor a plantar mais, para não termos o problema de falta de matéria-prima”, diz Chitarelli. Este ano, o braço agro da CRAS também passou a produzir e comercializar sementes de amendoim. “A semente derivou da necessidade de um produto melhor e de oferecer ao produtor algo de qualidade, para que ele possa ter melhor eficiência e rendimento.”

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Outra novidade é a venda da madeira diretamente ao consumidor final, no varejo. “Eu vendo a madeira pronta, em forma de móveis, assoalho ou deck”, explica Chitarelli. A CRAS já conta com uma loja própria na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e quer ampliar o número de unidades nos próximos anos.

Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo entra no seu quinto ano de vida e traz, a cada sexta-feira, a história de mulheres e homens de destaque no mercado brasileiro, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.

O programa já recebeu nomes como Fernando Simões, do Grupo Simpar; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio DinizRodrigo Galindo, chairman da Cogna; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados