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A administradora de shopping centers Multiplan demonstrou estar crescendo acima da média do mercado em seu balanço publicado na última quinta-feira (8). A empresa viu sua participação nas vendas do setor saltar de 8,5%, em 2019, para 11,3% em 2023 — o ganho de share só no último ano foi de 0,9 ponto percentual. Com lucro bilionário conquistado pela primeira vez na história da companhia em 2023 e uma inadimplência líquida sustentável, a empresa tem dinheiro em caixa para analisar possibilidades de consolidação no setor, mas prefere apostar na revitalização de seu cardápio de shoppings. A empresa está expandindo sete unidades — duas delas, o ParkShoppingBarigüi, em Curitiba, e DiamondMall, em Belo Horizonte, serão entregues no segundo semestre deste ano.
“A gente vê muita oportunidade no setor. O movimento de comprar uma participação para consolidar faz todo sentido, mas não pode ser a única estratégia de crescimento. Não é a nossa, pelo menos. A gente vê hoje que o melhor uso do capital da companhia para crescer é por meio das expansões. É por isso que nós temos 67 mil metros quadrados de área para aprimorar”, afirma Armando d’Almeida Neto, diretor vice-presidente e de relações com investidores da Multiplan, ao IM Business. “Enquanto alguns players do setor estão vendendo ativos, nós estamos comprando participações minoritárias e investindo na expansão dos shoppings e na revitalização dos mesmos.”
A empresa iniciará ainda no primeiro semestre deste ano a expansão do MorumbiShopping, sua joia da coroa, que receberá mais 13.141 metros quadrados em área bruta locável (ABL) com projeção de inauguração estimada para o primeiro semestre de 2026.
O executivo disse que a empresa não sofreu com os solavancos causados no setor por conta da recuperação judicial da Americanas. As vendas da Multiplan somaram R$ 21,9 bilhões em 2023, alta de 9,6% frente a 2022 e o maior valor já registrado em um ano pela companhia. Em janeiro de 2024, o ritmo de vendas seguiu acelerado, avançando 8,9% frente ao mesmo período do ano passado. Já a taxa de ocupação média no quarto trimestre foi de 96,3%, evidenciando uma tendência positiva. Doze shoppings de sua rede encerraram o ano com taxas superiores a 97%. “Conseguimos desalavancar a companhia mesmo em um ano em que nós triplicamos o Capex, investindo quase R$ 600 milhões em projetos, adquirimos participações minoritárias e também tivemos recorde em relação ao retorno para os acionistas”, diz d’Almeida Neto. “Se não fosse o fenômeno Americanas, poderíamos ter tido um ano ainda mais positivo.”
Outro destaque foi a inadimplência líquida, que apresentou taxa baixíssima no ano: 1,2%, o que contribuiu para uma melhor gestão de capital. “Essa taxa de inadimplência não é normal e não deve ser sustentável ao longo prazo, mas nós tivemos dois trimestres seguidos, o terceiro e o quarto, com essa a taxa de inadimplência baixa, o que mostra a qualidade do empreendimento. O lojista não quer ficar inadimplente para não perder a oportunidade de estar naquele espaço. Isso é muito bom para nós”, afirma o executivo. As taxas de aluguel foram motivos de crise na relação entre lojistas e administradores de shopping centers na época da pandemia de Covid-19.
Segundo d’Almeida Neto, a procura por espaços nos complexos comerciais tem aumentado devido à falta de segurança dos lojistas localizados na rua e pela própria falta de espaços disponíveis. “A gente vê esse crescimento muito grande por espaço no shopping do varejo de uma forma geral até por falta de espaço disponível nas ruas”, aponta. “A falta de segurança é um fator primordial para o aumento da demanda, mas a dinâmica das grandes cidades também tem levado mais os lojistas para os shoppings, que têm vagas de estacionamento, climatização e diversas opções”. Ele cita que houve um crescimento expressivo de opções gastronômicas nos complexos comerciais da Multiplan.