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Multi (ex-Multilaser) enxuga portfólio para melhorar margens e voltar a dar lucro

Multi reduz prejuízo líquido em 79,9% e "corre" para fechar segundo trimestre no azul

Felipe Mendes

ALEXANDRE OSTROWIECKI: CEO da Multilaser (InfoMoney)
ALEXANDRE OSTROWIECKI: CEO da Multilaser (InfoMoney)

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O grupo de tecnologia Multi (antiga Multilaser) reduziu seu prejuízo líquido de R$ 342,6 milhões, obtido no primeiro trimestre de 2023, para R$ 69 milhões no mesmo período deste ano. A receita, no entanto, tomou caminho inverso, caindo 6,8% na mesma base de comparação, para R$ 730,8 milhões. Parte da explicação está nos desinvestimentos da empresa de eletroeletrônicos e informática, que anunciou a saída de algumas vertentes de negócios com performance deficitária.

Dentro desse cronograma de desinvestimentos, estão as marcas Atrio, de esportes; Keep, de acessórios para escritórios; Mimo, com produtos voltados aos animais de estimação; e a categoria de utensílios domésticos.

“O grupo Multi sempre foi muito diversificado e seguiremos assim. Mas, dentro desse universo, certas categorias estavam muito pouco relevantes e destoavam um pouco do conjunto dos nossos produtos. Então, decidimos simplificar nossa operação e sair de categorias como, por exemplo, automotivo, esportes, atividades domésticas e certas marcas que a gente estava distribuindo do exterior e que não estavam atingindo resultados, como a Rappo, de acessórios para computador”, afirma Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multi, ao InfoMoney.

Portfólio repaginado

A repaginada no portfólio, que vem com a introdução de novos produtos, ajudou na retomada das margens. Sem contar os produtos “descontinuados”, mas que ainda estão nas lojas até finalizar seus estoques, o lucro bruto do grupo seria de R$ 167 milhões, com uma margem bruta próxima a 25%. “A gente está numa jornada em busca dos 30% de margem e acho que demos um passo importante no primeiro trimestre”, comenta Ostrowiecki.

O segmento mais importante para a receita da empresa no primeiro trimestre de 2024 foi o de “acessórios para tecnologia”, com 35,1%, seguido por “eletrônicos para o lar”, que representou 30,3%. “Hoje, a Multi passa a ser uma empresa muito mais focada em tecnologia, tirando do portfólio produtos que não são puramente tecnologia e produtos que representam pouco ao nosso market share“, afirma o executivo. Com as alterações no portfólio, a tendência é que no futuro o número de produtos comercializados pela companhia caia pela metade, dos atuais 6 mil para cerca de 3 mil.

Pulse e Oppo

A grande aposta da companhia no momento tem sido a ampliação do seu portfólio da marca Pulse e o início da fabricação e distribuição dos celulares da chinesa Oppo. A Multi distribuiu nos últimos anos dispositivos móveis da Nokia, mas resolveu rever a parceria diante da dificuldade de escalar o negócio com a competição agressiva no segmento.

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“A parceria com a Nokia foi boa nos dois primeiros anos. Porém, à medida em que a guerra dos smartphones se acirrou, a Nokia se mostrou uma empresa com pouca agressividade para se manter no mercado”, afirma o CEO da Multi. “E a Oppo, como quarta maior fabricante do mundo, é um candidato natural a brigar com as top 3: Apple, Samsung e Xiaomi”. Um celular Oppo Reno10, um dos principais modelos da marca chinesa, é encontrado por valores entre R$ 2 mil e R$ 3 mil no mercado.

A empresa também espera pavimentar um crescimento no campo da mobilidade. Com 30 concessionárias espelhadas pelo país, sua marca Watts, adquirida em 2022 em um investimento de R$ 10,5 milhões, já alcançou a liderança do mercado de motos elétricas. “Estamos fazendo três modelos de motos e vamos entrar no quarto, com motos para trilhas. Já estamos com mais de 25% de share na venda de motos elétricas”, aponta Ostrowiecki.

A Multi também anunciou a recompra de até 15.952.915 ações ordinárias de emissão da companhia, o equivalente a 4,08% do total de ações em circulação e de 1,94% do total de ações de emissão da companhia.