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Movida estuda reduzir frota e aumentar tarifas para driblar alta dos juros

"Com mais juros, talvez seja melhor manter a companhia do tamanho que está - ou reduzi-la um pouco", afirma CEO da Movida, Gustavo Moscatelli

Mitchel Diniz

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Os juros altos jogam contra empresas que são intensivas em capital. É o caso da Movida (MOVI3), locadora de veículos do grupo Simpar (SIMH3), que precisa renovar a frota constantemente. O aperto monetário também tende a dificultar a venda de veículos seminovos pela empresa, já que o comprador precisa pagar mais para se financiar. Com a perspectiva de uma taxa Selic ainda mais alta no próximo ano, a companhia pensa em soluções para driblar esse cenário – e uma delas é diminuir o tamanho da operação, se necessário.

“Neste momento, com mais juros, talvez seja melhor manter a companhia do tamanho que ela está ou talvez reduzi-la um pouco, para não onerar mais o balanço com juros para dívida”, disse Gustavo Moscatelli, CEO da Movida, ao InfoMoney.

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A companhia terminou o terceiro trimestre com uma dívida de R$ 14,1 bilhões, 5,5% maior que um ano antes. O indicador de alavancagem da companhia (medido pela relação dívida líquida e Ebitda), por outro lado, recuou pela primeira vez no ano, para 3,1 vezes. E isso porque o Ebitda consolidado da Movida atingiu R$ 1,248 bilhão no terceiro trimestre, com alta anual de 43,7%.

“A gente saiu de 3,2 vezes para 3,1 vezes. Então isso mostra uma tendência de redução da alavancagem“, afirma Moscatelli. O executivo não quer retrocesso e afirma que, se for preciso, a Movida vai reduzir o tamanho da frota, “olhando sempre o benefício para o acionista”.

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“No nosso negócio, a agilidade para mudar de tendência é fundamental”, explica o executivo. A frota média da Movida terminou o trimestre com 248 mil veículos. Desse total, 217 mil estavam em operação, sendo 124 mil no segmento de gestão e terceirização de frotas (GTF) e 87 mil em rent a car (RAC).

Gustavo Moscatelli, CEO da Movida (Crédito: Divulgação)

No último ano, a empresa passou a trabalhar com uma maior presença de carros mais “básicos”, e que possuem maior liquidez de giro, em seu estoque de seminovos. Ao final do terceiro trimestre, 58% da frota tinha esse perfil – um ano antes, essa fatia era de 45%.

Nos últimos trimestres, a companhia está conseguindo recompor o valor das tarifas cobradas no segmento RAC, que por algum tempo não acompanharam a valorização dos automóveis adquiridos. No terceiro trimestre, a diária média chegou a R$ 142, com alta anual de 14,1%, o que ajudou a empresa a ganhar rentabilidade.

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“Para contrapor uma elevação de juros, é preciso continuar reprecificando, com austeridade no custo”, diz Moscatelli. “Provavelmente vamos ver um quarto trimestre com mais elevação de tarifas para compensar a elevação da taxa de juros”.

De acordo com o CEO, a companhia vai ser bem mais seletiva em sua expansão. “Não temos nenhum plano de crescimento agressivo daqui para frente.”

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados