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Motz: cria da Votorantim, “Uber da logística” amplia negócios fora da empresa mãe

CEO da Motz, André Pimenta destacou ainda em entrevista ao InfoMoney que companhia pagará dividendos à Votorantim Cimentos pela primeira vez

Mitchel Diniz

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Não é toda empresa que atinge faturamento bilionário em menos de cinco anos de existência. A Motz conseguiu essa proeza em três, desde sua criação pela Votorantim Cimentos, fechando 2023 com receita de R$ 1,1 bilhão. A previsão é que a cifra cresça mais 30% agora em 2024. Entre janeiro e junho, o valor faturado pela startup do setor logístico, apelidada de “Uber” dos transportes de carga, foi de R$ 690 milhões, 42% a mais que o registrado no primeiro semestre do ano passado.

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“Tradicionalmente, o segundo semestre é muito mais forte”, disse o CEO da Motz, André Pimenta, em entrevista ao InfoMoney, revelando, em primeira mão, os números mais recentes da empresa. Os principais segmentos de atuação da logtech são o agronegócio e a construção civil e a segunda metade do ano é considerada pico de consumo de cimento no Brasil. Isso já se reflete nos volumes transportados nos últimos meses.

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“Em julho batemos o recorde de volume da companhia e, agora em agosto, vamos passar dois milhões de toneladas”, antecipou Pimenta. Os valores se somam às 9,6 milhões de toneladas transportadas na primeira metade do ano. Em 2023, foram 19 milhões. “Devemos crescer entre 15% e 16% este ano”, prevê o executivo.

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72 mil “motz” no 2º tri

O transporte de cargas é feito pelos motoristas cadastrados na plataforma da Motz: já são 72 mil, de acordo com os números do segundo trimestre, ante 55 mil no final do ano passado.

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A expansão e fidelização dessa base são fundamentais para que a empresa dê conta de atender aos mais de 260 clientes que possui em carteira hoje. “Negociamos as entregas com as empresas e precisamos garantir que vai haver motorista naquela determinada região para fazê-la”, explica o CEO.

Mesmo trabalhando com autônomos, a logtech busca atrair e reter profissionais dentro de um segmento bastante pulverizado, oferecendo descontos em combustível, peças automotivas e até em teleconsultas médicas, por meio de parcerias com empresas. Recentemente, os motoristas da plataforma passaram a ter acesso facilitado a crédito para financiamento de veículos via Banco BV, também parte do Grupo Votorantim.

André Pimenta, CEO da Motz (Crédito: Divulgação)

Autonomia financeira

A empresa mãe da Motz não precisa mais “lamber” sua cria. A startup foi criada para ajudar a Votorantim Cimentos a resolver um problema logístico de transporte da companhia em si, com a busca por motoristas autônomos de caminhão. Surgir dentro de um negócio gigante obviamente ajudou a criar atalhos na jornada de crescimento da logtech, mas, desde o ano passado, a Motz já consegue financiar suas operações e investimentos com o próprio caixa. Em 2024, pagará dividendos à Votorantim Cimentos pela primeira vez.

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Os serviços prestados à controladora ainda respondem pela grande maioria das receitas da Motz. Mas os negócios fora da empresa mãe estão escalando. No segundo trimestre, 30% do faturamento veio de clientes de fora, assim como 25% do volume transportado, revela Pimenta. O objetivo é ampliar essa participação externa para 50% nos próximos quatro anos.

“É uma estratégia nossa ter uma carteira de clientes mais rica, bem distribuída e menos dependente da Votorantim Cimentos. E quanto mais eu pulverizo o negócio, mais eu consigo fazer ‘casamento’ de fretes para oferecer ao motorista que trabalha conosco”, explica o CEO.

Inteligência artificial e aquisições

Em termos de investimentos, a Motz deve desembolsar algo em torno de R$ 20 milhões até o final do ano. Como uma boa startup, praticamente todo o recurso tem sido destinado à tecnologia. Existem algumas frentes que a logtech deseja trabalhar com mais afinco, como o tratamento de dados, o uso de inteligência artificial na identificação de documentos e cyber segurança. Ainda que enxuta em número de funcionários (ainda são menos de 200), o quadro aumentou em mais de cinco vezes num intervalo de dois anos.

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“No momento, não discutimos a possibilidade de ter eventualmente um outro tipo de software, além do que temos hoje. Mas entramos sim em um viés de entender como a empresa pode acelerar crescimento. Talvez a gente possa olhar para algum tipo de aquisição, não está descartado”, afirma o CEO da Motz.

“Se o cheque for muito grande, eventualmente, a Votorantim Cimentos entraria junto. Mas o ideal seria a Motz conseguir fazer essas possíveis aquisições com capital próprio”.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados