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A empresa, anteriormente conhecida como Facebook, entrou com uma ação judicial contra Sarah Wynn-Williams, autora de um livro que expõe histórias internas sobre executivos de alto escalão e acusa a empresa de má conduta corporativa. Na quarta-feira, um árbitro de Chicago decidiu a favor da Meta, impedindo Wynn-Williams de promover a obra enquanto o processo judicial avança. A empresa alega que ela violou uma cláusula de não difamação presente em seu contrato de rescisão.
Wynn-Williams, que trabalhou na Meta de 2011 a 2017 e chegou ao cargo de diretora global de políticas públicas, agora está proibida de falar sobre seu livro bombástico, intitulado Careless People: A Cautionary Tale of Power, Greed, and Lost Idealism (Pessoas Descuidadas: Um Conto de Advertência sobre Poder, Ganância e Idealismo Perdido). Ela também foi ordenada a interromper a publicação da obra em qualquer formato, na medida em que esteja sob seu controle, conforme consta no documento legal divulgado pela empresa.
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Inspirado em ‘O Grande Gatsby’
Até o momento, Careless People ainda pode ser encontrado em algumas lojas online, e diversas reportagens já exploraram seu conteúdo. O livro foi lançado em 11 de março e recebeu uma crítica elogiosa do New York Times, que o descreveu como “sombrio e genuinamente chocante: um retrato detalhado e feio de uma das empresas mais poderosas do mundo”, destacando também o talento da autora para contar histórias.
O título do livro faz referência aos personagens Tom e Daisy Buchanan, de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald. O epígrafe da obra cita a famosa passagem:
“Eles eram pessoas descuidadas, Tom e Daisy — destruíram coisas e criaturas e depois se retiraram para dentro de seu dinheiro ou de sua vasta negligência, ou seja lá o que os mantinha unidos, e deixaram que outras pessoas limpassem a bagunça que fizeram.”
No livro, Wynn-Williams relata diversas falhas éticas que teria presenciado durante seus seis anos na Meta. Ela afirma, por exemplo, que o CEO Mark Zuckerberg buscou maneiras de permitir que a empresa operasse na China, mesmo que isso significasse aceitar a censura de Pequim. Também alega que gestores ignoraram suas denúncias de assédio sexual contra Joel Kaplan, executivo de alto escalão e atual diretor de assuntos globais. Além disso, a obra detalha comportamentos supostamente abusivos e bizarros da ex-COO Sheryl Sandberg.
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Várias mídias divulgaram os relatos mais polêmicos do livro antes de seu lançamento oficial, na terça-feira, 11 de março. No entanto, já no dia seguinte, a Meta conseguiu convencer o árbitro de emergência Nicolas Gowen de que tinha um caso válido contra Wynn-Williams.
Meta e editora travam embate público
Após a decisão favorável, o porta-voz da Meta, Andy Stone, publicou a ordem judicial no Threads, acompanhada de um comunicado oficial da empresa:
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“Esta decisão confirma que o livro falso e difamatório de Sarah Wynn-Williams nunca deveria ter sido publicado. Esta ação legal urgente foi necessária porque Williams, mais de oito anos após sua demissão, deliberadamente ocultou a existência do projeto e evitou o processo padrão de checagem de fatos da indústria para apressar o lançamento do livro.”
Questionada sobre o caso, a Meta enviou a mesma declaração à Fortune.
A editora Macmillan, responsável pela publicação do livro, rebateu as acusações e manteve seu apoio à obra. Em um comunicado à Fortune, afirmou que o livro passou por um rigoroso processo de edição e verificação de fatos e reforçou que continuará promovendo a publicação.
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A Macmillan e sua subsidiária Flatiron Books, responsável pela edição de Careless People, foram citadas no pedido de arbitragem da Meta. No entanto, a editora argumenta que não deveria estar envolvida na disputa, pois não faz parte do contrato de trabalho de Wynn-Williams.
“A ordem arbitral não tem impacto sobre a Macmillan”, afirmou a empresa, enfatizando a frase no comunicado oficial. “No entanto, estamos chocados com as táticas da Meta para silenciar nossa autora por meio de uma cláusula de não difamação em um acordo de rescisão.”
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A editora também destacou que “a decisão do árbitro não faz referência às alegações dentro de Careless People”. Até o momento, Fortune não conseguiu contato com Wynn-Williams para comentários.
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