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Tido por muitos como o maior clube do mundo, o Real Madrid tornou-se no fim de julho o primeiro clube da história a alcançar a marca de faturamento de 1 bilhão de euros em uma única temporada. O que impressiona é que esse valor não contabiliza uma das principais fontes de renda dos clubes brasileiros: as vendas de atletas.
O valor de 1,073 bilhão de euros registrado pelo gigante espanhol foi 27% maior do que o obtido na temporada 2022/2023. Em outros números, os blancos reportaram lucro de 16 milhões de euros para o ano fiscal e patrimônio líquido de 574 milhões de euros. Segundo um levantamento da Forbes, o clube merengue vale mais de 6 bilhões de euros.
Na conversão para real, esses valores são multiplicados por seis e mostram que há um abismo na diferença entre os clubes do Brasil e o gigante da capital espanhola.
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“O Real Madrid consegue conquistar mais receitas com outras fontes, porque as outras fontes permitem isso”, diz Cesar Grafietti, economista e consultor de gestão e finanças do esporte. “Os ingressos são mais caros, os jogos atraem turistas e tem a Champions que garante uma premiação alta.”
A distância para as cifras brasileiras
Equipe com a maior arrecadação do País, o Flamengo reportou receita bruta superior a R$ 1,3 bilhão, alta de 16% em relação a 2022. O rubro-negro também informou superávit de R$ 320 milhões no período, triplicando os valores obtidos no ano anterior.
Mesmo com números saudáveis, que permitem ao clube carioca reduzir sua dívida (os débitos foram reduzidos de R$ 227 milhões para R$ 48 milhões na última temporada), a comparação de Flamengo e Real Madrid é difícil não pelos valores, mas pela forma como o clube brasileiro ganha dinheiro.
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Da receita de R$ 1,3 bilhão em 2023, mais de R$ 277,6 milhões (pouco mais de 20%) foi arrecadada com a venda de atletas. O meia-atacante Matheus França e o volante João Gomes, por exemplo, foram negociados por mais de R$ 100 milhões cada um.
Outro clube elogiado por sua administração e zelo financeiro, o Palmeiras também depende da venda de jogadores para turbinar seu caixa. O clube alviverde terminou o ano passado com R$ 839 milhões em receita e superávit de R$ 8,5 milhões no exercício. As vendas de atletas somaram R$ 187 milhões.
Com uma arrecadação maior, o Corinthians vive uma situação financeira delicada. O clube alvinegro registrou faturamento de R$ 1 bilhão na temporada passada. Houve superávit de R$ 1,2 milhão (o valor não considera os juros com o financiamento da Neo Química Arena). As dívidas ultrapassam R$ 2 bilhões.
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“A economia espanhola não é tão rica, o fator de diferença foi a expansão que o Real Madrid fez para novos mercados”, diz Amir Somoggi, da consultoria Sports Value. O especialista cita como exemplo Ásia e América Latina, além dos Estados Unidos.
O alcance da La Liga
O que ajuda neste crescimento fora da Espanha é o fato de que a La Liga, a primeira divisão do campeonato espanhol, é veiculada em emissoras de TV de fora da Espanha já há algumas décadas. Essa diversificação de mercados ajudou a La Liga a faturar mais de 5,6 bilhões de euros na temporada 2022/2023.
Com mais dinheiro entrando nos cofres dos organizadores, os clubes que participam do campeonato recebem uma bolada maior entre premiações e repasses de direitos de transmissão. No total, a La Liga paga cerca de 1,5 bilhão de euros por ano aos 20 clubes que participam da competição.
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O valor é maior para os clubes que obtêm resultados mais expressivos na tabela de classificação. O título espanhol da última temporada, por exemplo, rendeu 143 milhões de euros aos cofres do Real Madrid. Para efeito de comparação, o Palmeiras recebeu R$ 47,8 milhões pela conquista do Brasileirão no ano passado.
“O modelo é a liga. Uma liga forte é importante para ajudar a criar clubes fortes. Sem isso, fica difícil que as equipes brasileiras prosperem”, afirma Somoggi, que cita como exemplo que mais da metade da receita obtida pela Premier League vem de fora do Reino Unido. “Você pode imaginar como isso seria no Brasil.”
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