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João Adibe, 52, começou na indústria farmacêutica fazendo venda porta a porta, de pasta na mão. Ainda adolescente, começou a ajudar o pai nos negócios, numa Cimed recém-batizada e de poucos produtos no portfólio. Adibe Marques, 26, pegou a empresa em uma fase muito mais próspera, com o status de terceira maior indústria farmacêutica do país e segunda em vendas de produtos genéricos. “Hoje a gente tem a maior força de vendas do mercado farmacêutico”, ressalta o rapaz, diretor de varejo independente da farmacêutica.
Isso não quer dizer que o pai deixou a “cama pronta” para o filho deitar. Como sucessor natural de João, cercado por familiares em seu dia a dia na empresa, Marques terá, em um futuro próprio, o desafio de dar continuidade a um negócio de proporções bilionárias. E enfrentar certas complexidades, diferentes das que as gerações anteriores a ele precisaram lidar. A indústria farmacêutica não é a mesma de antigamente. A empresa também não.
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“Meu pai começou a se afastar do negócio quando viu o tamanho que a empresa chegou. Ele tinha dificuldade em lidar com a profissionalização do negócio”, revela João Adibe, CEO da Cimed. Seu pai, João de Castro Marques, fundou a empresa no final da década de 1970. Essa história foi contada no podcast Do Zero Ao Topo, do InfoMoney, por Karla Marques Felmanas, vice-presidente da Cimed e irmã de Adibe.
Karla tem três filhos que trabalham no negócio. Dos cinco filhos de João, três também estão na empresa. João diz que todos estão cientes de sua posição na Cimed e Adibe Marques, o filho mais velho, aprendeu, desde cedo, a encarar a profissionalização do negócio com naturalidade.
“Nos meus primeiros anos dentro da empresa, meu avô era o financeiro, tributário e jurídico. Meu pai era o vendedor. Hoje temos os melhores profissionais de finanças do mercado captando dinheiro com as melhores taxas de mercado”, diz o primogênito.
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Adibe Marques também já participa das decisões estratégicas da Cimed como integrante do conselho de administração. O board, presidido por Nicola Calicchio, ex-CEO da McKinsey, é equilibrado entre membros da família e profissionais do mercado.
“A Cimed tem um board robusto, que não precisa dos acionistas no dia a dia para funcionar”, afirma Marques.
Diferentes, mas complementares
Da porta para fora, a terceira geração da Cimed lida com um mercado farmacêutico que ganha cada vez mais um perfil preventivo. Com o crescimento da “geração saúde”, a linha de prevenção, composta por suplementos vitamínicos e alimentares, já responde por 20% do faturamento da Cimed e se expande anualmente.
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Ao mesmo tempo, o aumento de expectativa de vida da população mantém em alta a demanda na parte curativa da indústria. “Esses dois mercados andam e crescem juntos. São vertentes complementares”, afirma o sucessor.
Complementares também são as personalidades e estilos de gestão de pai e filho. Com quase 4 milhões de seguidores no Instagram e ativo nos stories da rede social, o “João da Cimed”, como ficou conhecido por sua participação em programas de TV, domina a conversa, fala com convicação sobre o negócio – tem o discurso típico do vendedor que ele diz nunca ter deixado de ser.
Adibe Marques é um pouco mais reservado, assertivo e durante a entrevista ao InfoMoney, na sede da Cimed, escutava com atenção a tudo o que o pai falava. “O Adibe não é muito de campo, ele é para dentro, eu sou para fora. Então somos complementares. Ele coloca no papel e eu parto para a execução”, dizia João.
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“Não é porque eu sou vendedor que ele tem que ser vendedor. Eu tenho que dar o protagonismo dele e tentar direcioná-lo naquilo que ele tem mais aptidão. Essa é a nossa visão de profissionalização enquanto empresa familiar”.
Como o filho se vê no futuro? “A posição que eu sonho, com certeza, é de CEO da companhia. Se você me perguntar quando, digo que é no momento que eu estiver pronto. Pode ser daqui a um dia ou em 15 anos”.
“Hoje eu dedico 90% do meu tempo à Cimed do amanhã. Aos projetos estruturais da área comercial que vão ‘dar o laço’ à empresa daqui a dois três anos”, complementa.
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Já João Adibe não se vê fora da empresa. “Vou continuar trabalhando enquanto tiver saúde, raciocínio e disposição”, afirma. “E a verdade é que eu gostaria de voltar a fazer aquilo que eu fazia quando tinha 15 anos. Ir para a rua, vender. Quando eu me aposentar, vou virar vendedor de novo”.