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A Irani está prestes a concluir o maior investimento de sua história. A plataforma Gaia é um plano de expansão de R$ 1,1 bilhão, lançado ao final de 2020, e que engloba um conjunto de 10 projetos pensados para trazer mais eficiência e produtividade para a companhia catarinense de papel e embalagem. A previsão é que os aportes na iniciativa sejam concluídos no primeiro trimestre do ano que vem. A empresa pretende continuar investindo em crescimento depois disso, mas indica que vai adotar uma estratégia diferente a partir daí.
“A gente chega no limite dessa estratégia de [expansão pela] redução de custos”, afirmou Odivan Cargnin, diretor financeiro e de relações com investidores da Irani, em entrevista ao Por Dentro dos Resultados, do InfoMoney.
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Quando a Irani decidiu seguir com a Gaia, estabeleceu que a redução de custos seria a finalidade de 70% dos projetos englobados pela plataforma, em sua maioria voltados à automação de processos e à autossuficiência energética. Ficou definido que os outros 30% estariam vinculados à expansão de capacidade produtiva.
Foi um movimento cauteloso da companhia, para evitar que fábricas novas fossem inauguradas em momentos ruins do mercado.
“É exatamente o que está acontecendo agora. Está ficando pronta a plataforma Gaia, os projetos mais importantes estão sendo concluídos agora e pegamos a economia brasileira em um momento confuso”, afirma Cargnin, demonstrando certo ceticismo em relação à recuperação econômica.
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O CFO explica que é mais seguro quando a empresa consegue ganhar competitividade com redução de custos. E afirma que, graças a essa estratégia, a companhia foi capaz de manter suas margens estáveis e saudáveis, mesmo em momentos de queda nas vendas. Cargnin diz que, para não prejudicar esse indicador, nem o retorno ao acionista, a “barra está lá em cima” e a Irani não pode fazer investimentos com taxa de retorno baixa.
“Mas a gente precisa crescer. A Irani é uma small cap dentro do mercado de capitais e no setor [de papel e celulose] não é uma das maiores. A gente não pode se dar ao direito de não ampliar e potencializar a companhia. Estamos, sim, olhando para crescimento, que não tem limite na redução de custo e precisa vir do aumento de capacidade também”, diz o executivo.
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Hoje, as unidades produtivas de papel e embalagem da Irani atingem 100% da capacidade instalada nos picos de utilização e não há espaço disponível para crescimentos robustos nos próximos anos. Em termos de demanda, a companhia se diz preparada para surfar na onda das embalagens sustentáveis, que têm o papel como principal matéria-prima.
“A gente entende que existe um espaço pra embalagem sustentável que independe do crescimento da economia”, diz o CFO.
Os próximos passos após a conclusão dos investimentos em Gaia ainda não foram definidos. O dilema, agora, é se a continuidade da expansão vai se dar via crescimento orgânico ou por meio de fusões e aquisições (M&A).
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“M&A não depende só da gente, depende de outros donos querendo vender empresa e isso não está na nossa mesa todos os dias”, afirma Cargnin. “O crescimento orgânico tem seu valor, a gente consegue fazer do nosso jeito, trazer tecnologia nova”, complementa. Mas reconhece que esse é um caminho mais demorado e usa como exemplo a própria plataforma Gaia, que levou três anos de investimentos para que os primeiros retornos fossem capturados.
O certo é que, para continuar investindo, a Irani vai ter que cuidar de sua alavancagem e abrir espaço para tomar novos financiamentos. No terceiro trimestre de 2023, a dívida líquida da companhia chegou a 2,1 vezes o Ebitda. O pico da alavancagem deve ser alcançado no primeiro trimestre do ano que vem, quando o investimento na plataforma Gaia for concluído.
“Sempre há a possibilidade de fazer um follow-on, mas não é essa a nossa intenção, porque não queremos diluir o acionista, a menos que tenha uma ‘mega’ oportunidade que justifique [a operação]”, afirma o CFO.
Segundo Cargnin, a Irani segue orientada em gerar valor ao acionista e foge de investimentos que não criam valor para o investidor. A distribuição de proventos é outra pressão para que a alavancagem seja mantida sob controle. Afinal, o pagamento de dividendos ou juros sobre capital próprio (JCP) só pode ser feito se a dívida da companhia não ultrapassar em 2,5 vezes o Ebitda – e a Irani, hoje, está próxima desse limite.
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