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As principais empresas e entidades da siderurgia nacional têm ampliado a pressão sobre o governo federal, para a adoção de uma alíquota de importação temporária de 25% sobre o aço chinês, alegando concorrência desleal e assimetria em relação à postura de outros países.
As importações de aço da China dispararam 58% no acumulado do ano até setembro, enquanto a produção nacional caiu 8,4%; as vendas, 5,4%; e as exportações, 4,4%. O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, classifica a situação como “dramática” e “uma tempestade perfeita”.
Lopes afirma ao IM Business que não está sendo alarmista e que as exportações e importações fazem parte do mercado global de commodities e “são variáveis normais do processo”, mas a concorrência com o aço chinês é “desleal” e “predatória” – que ele classifica como uma “guerra assimétrica”. “Se nada for feito e as importações continuarem crescendo, vai acabar por destruir a siderurgia brasileira”.
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Executivos do setor já se reuniram com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), além de terem promovido reuniões de nível técnico, mas ainda não conseguiram sensibilizar o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a adotar a taxação extra, apesar do seu viés mais protecionista. Há também uma reação contrária de alguns setores, como o de máquinas e equipamentos, que são grandes consumidores da matéria-prima e contra o imposto de 25%.
Por isso o setor tem sido mais vocal. As entidades e as empresas reclamam que as estatais chinesas vendem o produto com margens negativas, por um preço abaixo do custo de produção, por isso é impossível competir em condições de igualdade. E que a sobreoferta do aço em todo o mundo, junto com a taxação imposta por outros países e blocos econômicos, como Estados Unidos, União Europeia e México, têm feito com que as importações da China estejam sendo direcionadas à América Latina.
“Para onde você acha que está indo todo esse aço? O mundo inteiro já entendeu a dinâmica da China, mas a América Latina ainda está um passo atrás”, afirma Alejandro Wagner, diretor-executivo da Alacero (Associação Latino-Americana do Aço), sobre a ausência de medidas protetivas – a única exceção da região, até o momento, é o México.
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A produção mundial de aço atingiu 1,885 bilhão de toneladas em 2022, contra uma capacidade instalada de 2,463 bilhões de toneladas – o que significa um excedente de capacidade de 578 milhões de toneladas. Só a China tem 1,15 bilhão de capacidade produtiva e efetivamente produziu 1,018 bilhão de toneladas no ano passado.
Para 2023, a expectativa é que o país exporte 100 milhões de toneladas – menos de 10% da sua produção, mas o suficiente para causar um estrago no Brasil e na América Latina. Isso porque a indústria brasileira tem capacidade instalada de 51 milhões de toneladas, mas está operando com 40% de ociosidade. As importações de aço, que representaram 12% das vendas no Brasil nos últimos dez anos, atingiram 23% em setembro. “Esses 100 milhões de toneladas da China são duas vezes a capacidade instalada do Brasil e três vezes a nossa produção atual”, afirma o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.
Críticas da Gerdau
A China e a geopolítica global dominaram o primeiro dia do evento anual da Alacero, realizado neste ano em São Paulo. Gustavo Werneck, que é CEO da Gerdau e presidente da associação, afirmou na abertura da cúpula, nesta quarta-feira (8), sobre as “importações desleais, especialmente da China”.
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“Se não tomarmos medidas muito rápidas, muito efetivas, vamos ter muitas dificuldades. A China produz em 12 dias o que o Brasil demora um ano para produzir. Por isso o pedido para unirmos esforços, para que a gente possa de fato encontrar alternativas. Para que a gente possa ter uma chance para recuperar a indústria do aço na América Latina”, afirmou Werneck.
O executivo já havia sido enfático sobre o problema na teleconferência de resultados da Gerdau, na terça-feira (7). Ele afirmou que a “enxurrada” de aço chinês no Brasil está afetando a venda interna e as exportações da empresa, que inclusive está retendo dividendos, e o cenário atual exige “medidas de correção urgente” pelo governo.
O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, nega que a indústria brasileira seja obsoleta e que o pedido seja protecionista. “O setor investe R$ 12 bilhões por ano e não é obsoleto. Somos o oitavo ou nono em produção mundial e exportamos para diversos países”, afirma Lopes. “Mas o mercado mundial é um princípio de vasos comunicantes. Como os países estão imposto tarifas ao aço chinês, a torneira fecha nesses lugares e o produto escoa para cá. O quanto antes o Brasil precisa se igualar aos demais”.
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