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IA vai ampliar lacuna tecnológica entre países ricos e pobres, diz estudo

Relatório da OIT diz que, na América Latina, o impacto no emprego será mais sentido em ocupações nos setores de finanças, serviços profissionais e administração pública; mulheres urbanas estão mais expostas

Roberto de Lira

llustração de inteligência artificial
(Foto: Dado Ruvic/Ilustração/Reuters)
llustração de inteligência artificial (Foto: Dado Ruvic/Ilustração/Reuters)

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Um novo relatório sobre Inteligência Artificial feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que os avanços nesse ramo da inovação tecnológica só aumentará a já ampla lacuna entre os países de alta e baixa renda, a menos que uma ação internacional cooperativa seja tomada.

O estudo lembra que mais de US$ 300 bilhões são gastos por ano globalmente em tecnologia para aumentar a capacidade de computação, mas esses investimentos estão focados principalmente nas nações mais ricas, criando uma disparidade no acesso à infraestrutura e ao desenvolvimento de habilidades.

E isso coloca os países em desenvolvimento e suas startups domésticas em grande desvantagem.

O estudo diz que, na América Latina, Ásia e África, a parcela do potencial de emprego exposta à automação é muito menor que na regiões mais desenvolvidas, devido à maior parcela de trabalhadores empregados em ocupações que não seriam expostas à tecnologia de IA generativa, como na agricultura, transporte ou venda de alimentos.

Ainda assim a IA generativa tem o potencial de afetar o futuro do emprego em uma parcela significativa da população nesses países menos desenvolvidos.

América Latina

Na América Latina, por exemplo, o impacto será mais sentido em ocupações nos setores de finanças, serviços profissionais e administração pública. Ou seja, são bons empregos, cuja perda teria efeitos multiplicadores negativos tanto econômica quanto socialmente.

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Entre os grupos da população mais expostos na região estão as mulheres com  grau mais elevado de educação e que vivem em áreas urbanas. A OIT alerta que essa análise regional não abordou o potencial de criação de novos empregos com o avanço tecnológico.

Globalmente, o relatório também observa que as mulheres também são as mais vulneráveis aos efeitos automatizados da IA, particularmente em funções de terceirização de processos de escritório e de negócios, como call centers, que são predominantes nas economias em desenvolvimento.

No entanto, a pesquisa sugere que, embora a automação arrisque o deslocamento do trabalho, ela também oferece potencial para aumento de empregos, melhorando a qualidade e a produtividade do trabalho.

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Segundo a OIT, parcerias globais e estratégias proativas para apoiar as nações em desenvolvimento – incluindo acesso à infraestrutura digital -, qualificação e diálogo social, são pré-requisitos necessários para fechar a lacuna tecnológica e garantir que a revolução da IA não deixe parcelas significativas da população mundial para trás.

O relatório propõe três pilares políticos: cooperação internacional fortalecida, capacitação nacional e abordagem da IA no mundo do trabalho.