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IA, robótica e conectividade: as tecnologias que dominaram o debate na Agrishow

Temas dominam debates na maior feira de tecnologia agrícola da América Latina

Alexandre Inacio

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Considerada a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, por reunir as mais importantes empresas de máquinas e equipamentos do mundo, a Agrishow, realizada esta semana em Ribeirão Preto (SP), viu três assuntos dominarem as conversas entre os expositores: inteligência artificial, conectividade no campo e robótica. É consenso entre as empresas que, em relação ao evento do ano passado, as maiores evoluções ocorreram exatamente nessas três frentes.

A partir do quarto trimestre deste ano, a americana John Deere, por exemplo, passará a vender e instalar em suas máquinas no Brasil as antenas da Starlink. Em janeiro deste ano, a montadora anunciou a parceria com a SpaceX, do empresário Elon Musk.

“O Brasil foi o precursor para a realização dessa parceria. que ajudará a fechar o gap de conectividade que existe atualmente no Brasil”, disse Marcela Guidi, gerente de desenvolvimento de negócios e parcerias da John Deere no país, ao IM Business.

A conectividade, por sinal, é considerada a nova fronteira do agronegócio. Segundo Carlo Lambro, presidente global da New Holland, marca da montadora CNH, os próximos investimentos da empresa no Brasil não serão em infraestrutura fabril, mas em serviços de conexão.

Carlo Lambro, presidente global da New Holland (Foto: Alexandre Inacio)

“O Brasil está à frente de outros países na adoção de tecnologia digital aplicada ao agronegócio. O futuro da agricultura mundial está no Brasil”, disse Lambro.

A New Holland anunciou, durante a Agrishow, uma parceria global com a americana Intelsat. A partir do segundo semestre, a empresa passará a vender antenas para acoplar às máquinas – que, assim, vão se conectar com a frota de satélites da parceira.

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“A Intelsat tem experiência de mais de 60 anos nas áreas militar e de frota marítima. O grande diferencial dessa empresa é que ela utiliza tanto o sinal dos satélites de baixa órbita quanto dos estacionários”, afirmou Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland na América Latina.

Máquinas (ainda mais) inteligentes

A também americana Massey Ferguson já possui protótipos de veículos com sistema autônomo, capazes de tomar decisões sem a presença humana. As máquinas são capazes de identificar obstáculos no trajeto e decidir se a opção mais viável é interromper o trabalho ou desviar, por exemplo.

“Essa será a próxima grande evolução que veremos nos próximos anos. As máquinas analisam o caminho por meio de câmeras e, diante de um problema, a inteligência artificial toma a decisão”, disse Lucas Zanetti, gerente de marketing de produtos da Massey Ferguson.

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Boa parte da captação e da análise de dados pela inteligência artificial da Massey e demais marcas da AGCO advém da PTx Trimble. Em abril, a AGCO concluiu a aquisição de 85% dos ativos e tecnologias agrícolas da Trimble. Pela participação majoritária, a AGCO desembolsou US$ 2 bilhões.

Robôs autônomos nas lavouras

Mas a inteligência artificial e a conectividade não estão embarcadas apenas em tratores e colheitadeiras. Já começam a circular pelas lavouras do Brasil robôs autônomos, utilizados para coleta de dados e controle de pragas.

Solix, o robô autônomo da Solinftec (Foto: Alexandre Inacio)

O Grupo Baumgart, de Goiás, vai utilizar na safra 2024/25 11 robôs da Solinftec para o controle de ervas daninhas, em 2 mil hectares. Será a primeira vez que uma fazenda usará robôs em 100% de uma área para controle sanitário.

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Com navegação autônoma, movido a energia solar e com baterias para rodar durante a noite, o Solix é capaz de coletar 700 imagens por minuto, identificar os tipos de plantas e aplicar os defensivos apenas nas áreas onde é necessário.

Segundo Emerson Crepaldi, COO do Solinftec, outros dez robôs chegarão à propriedade para cobrir 2 mil hectares adicionais. “Haverá um escalonamento nas entregas até que os 15 mil hectares estejam cobertos”, disse o executivo.

Formação de mão-de-obra

Diante da revolução tecnológica em curso no campo, uma das maiores preocupações das empresas é a qualificação da mão-de-obra. Praticamente todas as grandes montadoras têm ações e parcerias para formar profissionais capazes de lidar com as novas tecnologias.

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A AGCO anunciou durante a Agrishow um investimento de R$ 15 milhões para criar um hub de desenvolvimento em parceria com o Senai. A estrutura educacional será construída em Nova Mutum (MT) e ocupará 742 metros quadrados, expandindo o prédio do Senai, que passará a atender 600 alunos por turno.

Além das salas de aula, a nova estrutura contará com laboratórios e oficinas. “A ideia é capacitar profissionais não apenas para operar e fazer reparos nas máquinas, mas também prepará-los para trabalhar com dados e computação em nuvem”, disseMarcelo Traldi, vice-presidente de vendas para América Latina de Valtra e Fendt, marcas da AGCO.