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Henrique e Juliano tiram startup de música para “dançar” em rodada de R$ 35 milhões

Dupla sertaneja adquiriu parcela minoritária de empresa com braço financeiro para artistas

Iuri Santos

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Se os milhares de fãs presentes na audiência dos shows quase diários não eram o suficiente, a dupla sertaneja Henrique e Juliano agora vai “dar uma palinha” no palco do venture capital (VC). A dupla é uma das principais investidoras em uma rodada de R$ 35 milhões na Strm (lê-se stream), startup do ramo de música que se divide entre crédito e ferramentas de gestão de carreira.

Acompanhados na rodada pela gestora Tompkins Ventures, os artistas entram com uma participação minoritária não divulgada no negócio por meio de uma de suas empresas. Essa é a primeira empreitada da dupla sertaneja em uma startup.

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Por enquanto, a Strm olha para o investimento como uma parte da sua rodada série A (financiamento para startups com produto ou serviço já validado no mercado). Além da compra de participação, que deve representar R$ 15 milhões do total arrecadado na rodada, os outros R$ 20 milhões serão uma captação de crédito junto a investidores para financiar a antecipação de recebíveis da, pode-se dizer, fintech.

Dupla Henrique e Juliano junto aos fundadores da Strm. (Foto: Divulgação/Strm)

Para entender: músicos têm, a grosso modo, quatro fontes de renda. São elas shows ao vivo, publicidade, direitos autorais – que vão apenas para o compositor da música – e direitos fonográficos – esses, sim, embolsados pelo intérprete, com base nas reproduções de sua música em canais de streaming.

É nesse último item que a Strm oferece uma linha de crédito. A empresa operacionaliza, por meio de um FIDC (fundo de investimento em direitos creditórios), adiantamentos de R$ 1 mil a R$ 1 milhão a artistas para investirem em suas carreiras. “Nós conseguimos, por inteligência artificial, fazer uma predição do que aquele catálogo de músicas do artista que já foram lançadas no Spotify, no YouTube, no Deezer, na Amazon Music, vai faturar nos próximos 12 meses”, explica o CEO da fintech, Fernando Gabriel.

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O modelo é uma espécie de evolução de um negócio anterior. Criada por Gabriel e um de seus sócios, Thiago Lobão, a semente para a companhia foi uma consultoria focada em transpor as capacidades criativas de artistas para a fria linguagem dos negócios e aproximar o “abismo” que os separam de investidores, criada em 2017. O modelo de consultoria limitava o número de clientes atendidos para, em média, dez simultâneos.

A saída para dar escala veio em 2019, com a criação de um SaaS (software as a service, ou software como serviço, em tradução livre), no qual artistas podem se cadastrar para fazer uma análise automática de 275 critérios de sua carreira e chegar a um diagnóstico de estágio.

É fácil entender porque os sócios consideram ter uma “cabeça muito analítica, com alma e espírito de artista”. O método desenvolvido pelos sócios, formados em engenharia, une conceitos da teoria da relatividade e estágios de investimento de uma startup para avaliar o potencial de carreira de um músico.

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Música high tech

A plataforma desenvolvida por Gabriel e Lobão, que se uniram ao publicitário Fernando Gomes, também faz a distribuição das obras de artistas independentes em streamings de música. Curiosamente, a dupla Henrique e Juliano não é distribuída pela Strm, e sim pela Virgin Music. Artistas que eles empresariam, no entanto, como Rayane & Rafaela e Patrick Costa, já distribuem pela Strm.

Entre os cerca de mil clientes nas frentes de distribuição e antecipação (são 35 mil utilizando a plataforma, com um crescimento na base de 600 novos artistas por semana) está o grupo sertanejo “Traia Véia”, com 5 milhões de ouvintes mensais no Spotify (S1PO34) e 113 milhões de visualizações no YouTube.

“Esse case nasceu dentro da Strm. Eles usaram todas as tecnologias para escolher repertório, definir o andamento das músicas, principalmente das participações com Gusttavo Lima, Luan Pereira, Murilo Huff”, conta Gabriel. “Testaram tudo isso nos seus shows e hoje é o nosso maior fenômeno de crescimento.”

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Dentro da plataforma, artistas podem conhecer músicos e produtores alinhados ao seu momento de carreira e estilo musical, o que permite parcerias mais assertivas e músicas com melhor potencial de penetração.

O próximo passo é uma expansão internacional, puxada nos Estados Unidos com ajuda da Tompkins Ventures e em países latinos, como México e Colômbia.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.