GUD Energia nasce com DNA de gente grande para abocanhar mercado livre de energia

Joint-venture entre Vivo e Auren promete economia de até 30% no valor da conta em nicho que pode atender 72 mil empresas

Michele Loureiro

Fabio Balladi, diretor-geral da GUD Energia. (Crédito: Divulgação)
Fabio Balladi, diretor-geral da GUD Energia. (Crédito: Divulgação)

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Com a promessa de reduzir até 30% do valor da conta de luz de empresas brasileiras, a GUD Energia inicia suas operações no país e já nasce com um DNA de gente grande. A companhia é uma joint-venture entre Vivo (VIVT3) e Auren (AURE3) e foi criada em dezembro de 2023 para capturar as oportunidades geradas pela abertura do mercado livre.

“Somos resultado de uma parceria entre marcas de referência em suas áreas de atuação. Desde quando ela foi anunciada, há seis meses, criamos produtos e contratamos o C-level da companhia. Há cerca de dois meses, começamos a vender e já temos aproximadamente 100 clientes, principalmente nos setores de varejo e indústria”, diz Fabio Balladi, diretor-geral da GUD Energia, em entrevista exclusiva ao portal Infomoney.

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A rápida expansão vem baseada na sinergia entre as donas. “Podemos atuar dessa forma porque aproveitamos as fortalezas das nossas controladoras”, afirma o executivo. O responsável pelo fornecimento de energia para os clientes da GUD Energia será a Auren, uma das maiores geradoras de energia renovável do país, com capacidade instalada de 3,2 GW, proveniente de fontes eólica, solar e hidrelétrica.

Parque da Auren Energia, de onde vem a energia da GUD. (Crédito: Divulgação)

Além disso, a GUD Energia aproveita da potência do time de vendas da Vivo, que tem 5 mil colaboradores destinados para B2B em todo o Brasil. “Contamos com o relacionamento com os clientes da base para atrair a atenção para o mercado de energia renovável. Outro ativo importante que estamos explorando é a expertise da Vivo em digitalização, o que nos ajuda a criar produtos mais simples”, explica o executivo.

Além disso, há margem para desenvolvimento de novos negócios no futuro. “Criar soluções integradas, como combos, por exemplo, para clientes da Vivo que já têm serviços de telecom ou de TI, é um caminho natural, mas não a curto prazo”, diz o executivo.

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A empresa já nasce com abrangência nacional e os serviços estão disponíveis em todo território brasileiro. O foco inicial são os clientes do grupo A de tensão, ou seja, comércios, serviços e indústrias que podem escolher o fornecedor e ter maior flexibilidade na contratação de energia. Este é um mercado potencial de 72 mil clientes, de acordo com levantamento da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

Para atrair os clientes, a GUD Energia banca todo o custo de adequação de rede. Desta forma, eles não precisam dispor de investimento inicial para migrar para o mercado livre e já conseguem ter benefício imediato após a migração. Os objetivos da companhia são ousados e Balladi acredita que a estratégia vai levar a companhia à liderança no segmento de atuação. “Por questões estratégicas, não podemos abrir os números, mas estamos preparados para ser referência no setor”.

O contexto do mercado livre de energia

Para entender a área de atuação da empresa, é necessário compreender o contexto do mercado de energia renovável no Brasil. Até dezembro de 2023, a adesão ao mercado livre era restrita a unidades consumidoras com demanda contratada maior do que 500 quilowatts (kW). A partir de janeiro de 2024, foi ampliada para clientes de alta tensão abaixo de 500 kW, o que endereça as mais de 72 mil empresas no Brasil – e forma o público-alvo da empresa e de players de olho no segmento.

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Para se diferenciar neste mercado, que já nasce grande, a GUD Energia conta com o inegável apoio das duas empresas-mãe, mas também foca em uma atuação consultiva, oferecendo produtos e serviços que simplificam a forma de contratar energia. O objetivo é tornar a contratação simples e acessível para o público.

Hoje, a companhia oferece dois produtos no portfólio. O primeiro é o “Desconto Garantido”, com o qual o cliente tem um percentual de desconto na conta de energia em relação ao que seria pago no mercado cativo. O segundo é o “Preço Fixo”, que contempla um valor fixo todos os meses, sobre a previsão de consumo.

Metade da matriz energética do país é proveniente de fontes renováveis, segundo o Ministério de Minas e Energia. A maior parte é produzida em usinas hidrelétricas, mas nos últimos anos, a geração de energia eólica, produzida pelo vento, e a solar vem ganhando destaque.  

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“Quando olhamos para o mercado livre, a maior parte da oferta de energia vem de fontes renováveis, porém o consumidor só consegue ter essa garantia com o selo iREC (certificado internacional de energia renovável). A GUD Energia oferece este selo, pois 100% da energia que comercializamos é renovável”, diz  Balladi.

A abertura do mercado, embora promissora, também pode trazer desafios que incluem infraestrutura, conformidade regulatória e o impacto nos fornecedores de energia existentes. Segundo especialistas, a entrada de novos consumidores vai testar a capacidade da geração atual de suportar a nova demanda sem comprometer a qualidade e a continuidade do fornecimento. 

Mesmo assim, a GUD Energia acredita que os bons ventos não vão parar de soprar na empresa recém-criada. Segundo o executivo, o maior potencial para a GUD Energia será quando o mercado livre for aberto para o segmento de baixa tensão e residencial. “Devido à capilaridade e à base de milhões de clientes da Vivo e o know how no relacionamento com consumidores, acredito que estaremos prontos para atender o grupo B quando a abertura do mercado chegar a clientes residenciais. Vamos levar uma nova experiência para o consumidor”, finaliza. Para a empresa, resta torcer pela rápida evolução do mercado.

Michele Loureiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney