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Quando a Ford encerrou suas operações no Brasil, em 2021, o Grupo Ricardo Brennand não sabia muito bem o que fazer com o galpão que a montadora ocupou por duas décadas em Pirajá, bairro localizado nos limites da cidade de Salvador, na Bahia. A empresa familiar pernambucana havia adquirido o terreno de 282 mil metros quadrados no fim da década de 1950, e instalou uma fábrica onde o grupo centenário produziu azulejos, com a Iasa, e vidro, com a CIV. A estrutura serviu à Ford, que tinha uma fábrica no município de Camaçari, para o armazenamento de peças de automóveis fora de linha. Agora, a planta foi totalmente reconstruída para ser operada, novamente, por seus proprietários.
No lugar do antigo galpão foi erguido um centro logístico com 42,5 mil metros quadrados de área bruta locável. A estrutura é o primeiro ativo da Brennand Logística, novo braço do Ricardo Brennand, que investiu R$ 81 milhões no empreendimento. Do valor total, 20% foi financiado com equity e 80% via dívida com o Banco do Nordeste, com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
O centro está localizado em um importante entreposto comercial de Salvador, às margens da BR-324, rodovia de acesso direto ao centro da cidade e de ligação da capital baiana a municípios do interior e de outros Estados do Nordeste. É uma região onde os galpões logísticos predominam.
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O IM Business foi o primeiro veículo de imprensa a visitar o complexo do Grupo Ricardo Brennand, cujas obras foram iniciadas em abril de 2023 e concluídas em menos de um ano. É um centro logístico dentro dos padrões “triple A”, nível máximo de excelência, com pé direito de até 14 metros e piso que suporta até 6 toneladas por metro quadrado, o que permite o armazenamento de volumes maiores. O complexo é servido por 78 docas e sua área locável pode ser dividida em até nove galpões de, pelo menos, 2,8 mil metros quadrados.
“Estamos concentrados em empresas de operação ‘last mile’ [na etapa final do processo logístico], que já têm alguns armazéns maiores, mais afastados da cidade, mas precisam de um espaço mais próximo, para atender necessidades operacionais do dia a dia”, explica Luís Henrique Valverde, CEO da Brennand Logística.
A Brennand Logística acabou de fechar um contrato de três anos com uma “empresa de e-commerce de grande porte”, que não teve o nome revelado, e tem outras seis negociações em andamento. Ao fechar um contrato, a empresa leva, em média, 60 dias para começar a operar no galpão.
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“Temos 60% do empreendimento em fase bem interessante de negociação. […] São cerca de 20 mil metros quadrados em avanço de tratativas com diversos players do mercado. A expectativa é estar com o processo de locação bastante avançado até o final do primeiro semestre”, afirma o executivo.
“Spin-off’ logístico
Mesmo ocupando o cargo de CEO da recém-formada Brennand Logística, Valverde segue na liderança do braço de incorporação e investimentos imobiliários do grupo familiar, que tem como principal empreendimento a Reserva do Paiva. É um bairro planejado que vem sendo desenvolvido desde o início dos anos 2000 na região metropolitana do Recife, dentro de um espaço de 530 hectares – área de uma antiga fazenda de coqueiros da família Brennand.
Os Brennand tem um vasto patrimônio em terrenos, oriundo de suas antigas atividades industriais – a começar pelas usinas de cana de açúcar, que enriqueceram o clã ainda no fim do século XIX. A Reserva do Paiva é o único empreendimento tocado em conjunto por lados opostos da mesma família: os grupos Ricardo e Cornélio Brennand. Ambos formavam um só conglomerado até 2002, quando os primos Ricardo e Cornélio romperam a sociedade.
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O estopim da separação foi a venda das fábrica de cimento da família ao grupo português Cimpor, em 1999, por US$ 590 milhões. À época, o grupo era considerado o sexto maior produtor de cimento do Brasil. Com discordâncias entre os primos sobre como os recursos seriam divididos, Ricardo vendeu sua parte a Cornélio e os dois grupos passaram a operar separadamente.
Ricardo usou parte dos recursos obtidos com a venda da Cimpor na fundação do Instituto Ricardo Brennand, espaço cultural sem fins lucrativos e ponto turístico do Recife reconhecido mundialmente. Poucos anos depois, o grupo retomou o negócio de produção de cimento, primeiro com uma fábrica em Minas Gerais e, depois, na Paraíba.
A empresa, hoje, opera uma joint venture com a italiana Buzzi Unacem, a Cimento Nacional, que adquiriu outras quatro unidades fabris fora da região Nordeste, após a compra da irlandesa CRH, em 2020 – ano do falecimento de Ricardo Brennand.
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O grupo também é forte no setor de energia, sendo dono de dez pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e dez usinas eólicas.
Outros investimentos já estão no radar do braço de logística do Grupo Ricardo Brennand. “A ideia é ter mais centros logísticos em algumas das principais cidades do país. Vamos olhar com cuidado e seletividade para novos empreendimentos, de maneira que possamos crescer de forma planejada”, conclui Valverde.
*O InfoMoney viajou para Salvador a convite do Grupo Ricardo Brennand
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