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Grupo Haganá, de segurança privada, mira primeiro bilhão com diversificação do negócio

Empresa fundada por ex-membros do exército de Israel lança corretora de seguros para reforçar "leque de segurança"

Mitchel Diniz

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Após faturar R$ 890 milhões em 2023, o Grupo Haganá, empresa de segurança privada, espera uma cifra bilionária para este ano. Apostando em diversificação, anunciou, agora em 2024, a criação de uma corretora de seguros – e está confiante de que o negócio dará impulso adicional aos próximos resultados. Ciente da existência de concorrentes experientes no ramo, o grupo tomou a decisão de abrir a nova operação como um complemento aos serviços que já são oferecidos à base de clientes.

“É um produto importante para compor o leque de segurança de um condomínio e a gente tem vantagens a oferecer. Um prédio protegido pela Haganá pode ter um valor [de seguro] melhor para o cliente e, para a empresa, é uma chance de oferecer uma solução mais completa”, disse Chen Gilad, CEO do Grupo Haganá, em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo, do InfoMoney

“A gente vê que é possível trazer diferenciais para essa área, voltadas para condomínios e empresas, utilizando da segurança que a Haganá já oferece”, afirmou o executivo. Chen observa que o seguro de apartamento, por exemplo, é negligenciado.

“Hoje, poucas pessoas optam por fazer um seguro do apartamento, o que é um erro. Independentemente de quem faça a segurança do prédio, ninguém sabe o que você tem dentro do seu imóvel. O condomínio não consegue se responsabilizar pelo que não sabe que existe”, explica.

Fundado por ex-membros do exército de Israel, o Grupo Haganá ficou conhecido pelo rigor no controle de acesso a condomínios. A empresa, hoje, tem mais de 13 mil funcionários, foi uma das primeiras a vestir seguranças com terno e gravata e apostar em infraestrutura nas guaritas dos edifícios. 

O grupo também possui um “spin-off”, a CoSecurity, uma startup de vigilância colaborativa cuja marca são os postes azuis com câmeras, instalados em frente aos condomínios. Atualmente são 1.200 totens, com 3.500 câmeras só na cidade de São Paulo. A empresa tem a meta de dobrar esses números em 2024 e já deu início ao projeto em Curitiba, capital do Paraná.

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“A vigilância de cada condomínio trabalhava por si. Nós estamos centralizando isso de forma que, se um crime é cometido em um ponto e aquela câmera não fez um bom registro, é possível identificar o autor em um outra câmera, instalada em outro ponto”, explica o CEO. 

De assento ortopédico à segurança de condomínios

Chen Gilad é filho de Marcos Goliger, fundador da empresa junto ao brasileiro José Bernardo Markuz, que vivia desde a adolescências em Israel.. Ambos serviram ao exército israelense e migraram com suas famílias para o Brasil no início da década de 1990, com o propósito de montar uma empresa. Chen, à época, tinha 12 anos. Ele conta que a família tocou outros negócios antes do surgimento da Haganá, em 1997.

“Um deles foi na área de saúde e beleza, com um produto que trouxeram de Israel, um assento ortopédico. […] A gente montava o produto em casa”, conta. Em 1994, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, apareceu em foto numa capa de jornal utilizando o assento. “Aquilo foi uma alavanca para que o negócio virasse uma empresa, que o meu irmão toca hoje”.

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Em paralelo, o pai de Chen e o sócio faziam consultoria em segurança. O negócio deslanchou e os empresários perceberam que, além de um consultor, os clientes precisavam de alguém que prestasse o serviço de segurança em si. “Naquele momento, praticamente não havia empresa atuando em segurança de condomínios”, diz Chen Gilad. 

Antes de se consolidar na companhia, Chen tocou um negócio de venda porta-a-porta -que não deu certo – e se aventurou pelo mundo dos criptoativos. Montou uma mineradora de bitcoins nos Estados Unidos, a RealBit, quando o segmento começava a se popularizar.

“Em 2017, todo mundo entrou nesse mercado e recebemos uma boa proposta para sair do negócio. Foi o momento em que decidi voltar para a Haganá”, explica Chen. Recém-saído do universo cripto, o executivo retornou à empresa da família determinado em deixá-la com uma pegada mais tech.

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“A gente trouxe um profissional especializado na área e pudemos lançar muitas novidades, trazendo o DNA da Haganá para o foco da tecnologia”, diz o CEO. “A Haganá sempre foi uma empresa de segurança que olhava para tecnologia e naquele momento passou a ser uma empresa de tecnologia que olha para a segurança”. 

Disrupção e consolidação

O executivo diz que ainda há bastante espaço para disrupção no negócio de segurança privada. “Estamos entrando em uma era de disrupção no uso de informações. […] A experiência do usuário ainda precisa ser melhorada e isso, muitas vezes, a gente pode fazer com informação, seja ela compartilhada ou não – obviamente respeitando a LGPD [lei geral de proteção de dados] e outras questões legais”. 

Segundo Chen, os avanços tecnológicos ainda esbarram em diferentes legislações. Ele explica que um dos planos da CoSecurity é utilizar drones como apoio à vigilância feita aos totens com câmeras. “Só que ainda não dá para voar um drone em São Paulo em qualquer lugar. A legislação não deixa. Muitas vezes a tecnologia acaba avançando mais rápido do que a legislação”. 

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O Grupo Haganá está em um mercado bastante pulverizado, mas diz não ter intenção de ser um consolidador – ao menos, não pela via de fusões e aquisições. “Lógico que pode aparecer algo pontual [para aquisição], mas o objetivo é continuar da forma que estamos indo, trazendo novidades e crescendo organicamente”.   

A expansão geográfica também está na pauta. Além de São Paulo, o grupo iniciou operações no Paraná e em Minas Gerais, onde presta serviços principalmente para empresas, fazendo segurança de armazéns logísticos na cidade de Extrema.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados