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Google escolhe Brasil para testar funcionalidades contra roubos e fraudes de celular

Engenheiros americanos foram estimulados a desenvolver soluções por brasileiros

Iuri Santos

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O Google (GOOGL) anunciou nesta terça-feira (11) que o Brasil será o primeiro país a testar novas funcionalidades contra roubos e fraudes desenvolvidas para o sistema operacional Android. O escritório da big tech no país foi central para sensibilizar executivos do Vale do Silício sobre a urgência das novas funções, que serão implementadas ainda em julho, e tem mantido contato com autoridades sobre medidas de segurança.

São três novas tecnologias que já haviam sido anunciadas pela empresa no Google I/O, seu principal evento anual. A novidade é o protagonismo do país na implementação. Segundo o Google, 85% das pessoas utilizam o sistema operacional no Brasil. “Nós usamos a vinda de executivos Google [americanos, no ano passado] ao Brasil para sensibilizá-los sobre cenários que não estavam no radar”, diz Bruno Diniz, líder para Android no Brasil.  Após os testes iniciais por aqui, as soluções serão gradualmente levadas a novos mercados.

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Novidades contra roubos e fraudes

Em uma das inovações, o sistema utiliza inteligência artificial e sensores para identificar que um aparelho foi tomado de forma brusca e entrou em uma rota de fuga, em uma bicicleta ou moto, por exemplo. Mesmo offline, o aparelho então é bloqueado para evitar o acesso a aplicativos sensíveis, como os de bancos.

Tela de configurações das soluções contra roubos e fraudes do Android. (Foto: Divulgação/Google)

A segunda aplicação permite aos usuários utilizarem a plataforma “Encontre meu Dispositivo”, dedicada ao rastreamento, bloqueio e limpeza remota de aparelhos celulares com Android, para realizar um bloqueio apenas com o número de celular e um desafio de segurança. De acordo com o Google, muitas pessoas nem mesmo sabem suas senhas e login, ou os esquecem no momento do roubo.

Uma última atualização vai bloquear automaticamente os dispositivos que passarem por longos períodos desconectados da internet. Esse é um padrão muito conectado ao perfil de crimes que buscam acessar contas por meio de aplicativos.

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Aliás, em todos os casos uma preocupação central são as crescentes fraudes relacionadas a movimentações em aplicativos após o roubo. Nenhuma das aplicações faz qualquer bloqueio total do telefone, mas um bloqueio simples, como se o botão lateral fosse apertado.

Eventualmente, o usuário poderá ter seu celular bloqueado após entrar no modo avião e se manter muitas horas offline, por exemplo. A avaliação da empresa é de que essa é uma “banalidade” para o usuário, mas uma barreira relevante contra crimes. Os donos dos celulares serão notificados sobre o motivo do bloqueio e podem ativar ou desativar as funções.

Cenário dos crimes no Brasil

Anotando crescentes números de roubos e furtos de celulares nos últimos anos e com um sistema financeiro tecnologicamente sofisticado (vide o sucesso do Pix), o Brasil parece o laboratório perfeito para os testes.

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Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, somada, a incidência dos dois crimes no Brasil chegou a quase 1 milhão em 2022, com uma variação de 16,6% na ocorrência dos crimes na comparação com 2021. O número de estelionatos por meio eletrônico subiu 65,2% no período.

Notificação de bloqueio por longo período offline no Android. (Foto: Divulgação/Google)

O tema tem chamado a atenção do Governo Federal, que lançou neste ano o programa Celular Seguro, que permite o bloqueio do celular e alerta às instituições financeiras parceiras sobre perdas, roubos ou furtos. Manoel Carlos de Almeida Neto, secretário-executivo da Justiça e Segurança Pública, compareceu ao evento do Google e tratou os furtos e roubos de celulares como uma verdadeira “epidemia”, e diz que o tema tem sido tratado como prioridade pela pasta.

Entre os executivos que foram instados pela operação brasileira a desenvolverem as soluções no ano passado esteve Sameer Samat, presidente do ecossistema Android no Google. Ele se reuniu, à época, com o então secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli. “As conversas continuam e naturalmente que existe uma proximidade em relação ao que o governo está querendo com a solução de celular seguro e o que nós estamos fazendo do lado de cá com essas funcionalidades de auxílio contra o roubo de celulares”, aponta Diniz.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.