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Gary Gensler, presidente da SEC (a CVM norte-americana), conhecido por não revelar suas intenções, fez uma previsão bastante otimista sobre os ETFs (fundos de índice) de Ethereum durante a conferência Bloomberg Invest. Em meio a suas habituais declarações gélidas sobre o setor de criptomoedas, chegando até a acusar seu entrevistador de estar em busca de ‘cliques’, Gensler afirmou que o processo de trabalho com os emissores estava ‘indo bem’.
A rara concordância de Gensler parece confirmar as previsões dos analistas da Bloomberg de que os ETFs podem ser lançados já em 2 de julho. Com as recentes quedas acentuadas no valor das criptomoedas, do Coinbase ao bitcoin, a chegada de um ETF de Ethereum conseguirá revitalizar o mercado altista? Afinal, a aprovação e o lançamento dos ETFs de bitcoin, em janeiro, serviram como catalisador para a recuperação atual.
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A resposta direta é: provavelmente não. O Ethereum sempre foi visto como o irmão mais novo e menos valorizado do Bitcoin, apesar de suas novas capacidades de contratos inteligentes, transações melhoradas, apostas e uma série de outras vantagens. Já se vão anos desde que alguém previu a “inversão” – o dia lendário em que a Ethereum ultrapassará o Bitcoin – com seriedade.
Conversei com Christopher Perkins, presidente da empresa de capital de risco CoinFund, que mencionou que um dos principais desafios para o Ethereum será a gestão da imagem de sua marca.” Para o Bitcoin isso é fácil. A proto-criptomoeda reivindicou o apelido de “ouro digital”, algo que qualquer investidor consegue entender. No entanto, um baby boomer que está procurando onde investir os milhões de dólares obtidos com a venda de uma casa comprada por US$ 10 mil em 1970 pode ter dificuldade em entender a proposta de valor de Ethereum. O que, exatamente, é um contrato inteligente e por que deveríamos nos importar com isso? “Os boomers que estão com dinheiro não pulam de cabeça nas coisas”, explicou Perkins.
Apesar do entusiasmo em torno do ETF de bitcoin, está ocorrendo uma adoção lenta à medida que os investidores se familiarizam com essa nova classe de ativos. Como disse Perkins, ETFs oferecem duas vantagens principais: segurança regulatória aliada à escalabilidade operacional ou melhor experiência do usuário.
Por ter sido inicialmente classificado como commodity, o Bitcoin nunca esteve verdadeiramente em uma área cinzenta regulatória, embora os ETFs tenham facilitado o processo, pois as pessoas podem comprá-los diretamente a partir de suas contas de corretagem, em vez de ser necessário abrir uma conta na Coinbase ou Robinhood. No caso de Ethereum, porém, a aprovação e o lançamento de ETFs criam uma verdadeira rede de segurança que não existia antes, especialmente após meses de especulação sobre uma possível rejeição por parte da SEC.
Além disso, um ETF de Ethereum, que oferece rendimento, pode ser uma virada de jogo, se a SEC algum dia os aprovar. No ano passado, Perkins liderou um projeto para fornecer uma taxa de referência para o rendimento da aposta no Ethereum, que ele destacou ser muitas vezes superior às taxas do Tesouro, após ajustadas pela inflação. “O ETF será muito importante, mas também imperfeito porque privará os investidores desse rendimento desde o início”, explicou.
Portanto, se os ETFs de Ethereum finalmente chegarem na próxima semana, ou logo depois, não espere um grande aumento em adoção. Entretanto, segundo Perkins, é preciso ter uma visão de longo prazo: “Este é apenas mais um passo na popularização e na redução do risco regulatório.”
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