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Por que Nicolas Cage está ‘aterrorizado’ com a influência da IA em Hollywood

Ator não é o única que se manifestou contra o uso da tecnologia na produção cinematográfica

Sydney Lake Fortune

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Desde que a inteligência artificial começou a ser amplamente utilizada, as pessoas têm se preocupado com o impacto que essa tecnologia emergente poderá ter em seus empregos, podendo representar até mesmo uma ameaça total à sua subsistência. No entanto, atores e outras celebridades têm uma preocupação diferente: que a inteligência artificial possa ser utilizada para usurpar sua imagem, semelhança e personalidade.


Nicolas Cage, o astro de cinema de 60 anos conhecido por suas atuações em “A Lenda do Tesouro Perdido”, “A Outra Face” e no aguardado filme de terror “Vínculo Mortal”, está especialmente preocupado com o impacto duradouro da IA em Hollywood e na atuação em si.

Nicolas Cage (Getty Images—RB/Bauer-Griffin/via The New York Times)


Durante uma recente entrevista à The New Yorker, Cage precisou interromper a conversa para realizar uma digitalização para um programa em que está trabalhando, visando fins de produção.

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“Eles precisam me colocar em um computador e combinar a cor dos meus olhos e mudar – sei lá. Eles vão roubar meu corpo e fazer o que quiserem com ele por meio de IA”, disse Cage. “Tenho pavor da [IA]. Tenho falado muito sobre isso.”

Influência da IA em Hollywood



Cage não é o único ator que se manifestou contra o uso de IA na produção cinematográfica.

Em outubro passado, Tom Hanks, o astro de “Forrest Gump”, alertou seus fãs que um anúncio de um plano odontológico estava utilizando sua imagem e voz sem sua permissão e que a propaganda havia sido criada utilizando IA.

“CUIDADO!! Há um vídeo por aí promovendo um plano odontológico com uma versão minha produzida por IA”, escreveu Hanks sobre uma captura de tela de sua imagem gerada por computador a partir do vídeo no Instagram. “Não tenho nada a ver com isso.”

A voz do falecido Robin Williams também foi utilizada para vários propósitos, algo que sua filha Zelda Williams caracterizou como “perturbador”.

A voz de Scarlett Johansson também foi supostamente roubada para uso como voz de um assistente pessoal de IA – embora a OpenAI negue a acusação.

E o ator e autor britânico Stephen Fry – que narrou a famosa série de audiolivros “Harry Potter” – também falou sobre sua experiência ao ter sua identidade clonada digitalmente sem sua permissão.

A IA “pode, portanto, me fazer ler qualquer coisa, desde um apelo à invasão do Parlamento até pornografia pesada, tudo sem meu conhecimento e sem minha permissão”, analisou Fry ao falar para uma plateia no Festival CogX em Londres, em Setembro passado. “E isso foi feito sem meu conhecimento.”

A lista de utilizações não autorizadas de vozes e imagens de atores continua.

Foi um dos pontos de resistência na greve trabalhista de 118 dias de duração do Screen Actors Guild – a Federação Americana de Artistas de Televisão e Rádio (SAG-AFTRA), encerrada em novembro passado.
Agora os estúdios de cinema são obrigados a obter permissão dos atores para utilizar suas imagens em materiais gerados por IA e a pagar aos artistas sempre que seus dublês digitais aparecem na tela.

Mas os atores, incluindo Cage, ainda têm dúvidas sobre o emprego da IA na produção cinematográfica – e muito mais.

Em sua entrevista para a New Yorker, Cage disse: “E isso me faz pensar, sabe, onde vai parar a verdade dos artistas? Será substituída? Será transformada de modo surpreendente ou mágico? Onde ficará o batimento cardíaco?

Os efeitos de longo prazo da IA em Hollywood



O medo de substituição tem sido especialmente intenso entre os dubladores, que podem enfrentar grandes desafios à medida que as vozes geradas por IA ficam mais sofisticadas.

Essas vozes sintéticas economizam o tempo e dinheiro dos estúdios, eliminando a necessidade de contratar dubladores profissionais para a produção, mas representam uma notícia ruim para os trabalhadores.

De fato, a IA poderá afetar negativamente quase 204 mil empregos em Hollywood nos próximos três anos, conforme um relatório publicado em janeiro pela CVL Economics e elaborado com base em uma pesquisa com 300 líderes da indústria do entretenimento.

Setenta e cinco porcento dos entrevistados disseram que a IA poderia eliminar, reduzir ou consolidar empregos em suas empresas. As funções mais ameaçadas são as de engenheiros de som, dubladores, artistas conceituais e outros trabalhadores iniciantes.

O efeito visual e o trabalho de pós-produção também são vulneráveis à IA.
“As indústrias do entretenimento estão passando por um período de grande incerteza, em que a natureza do trabalho está mudando rapidamente – e, em muitos casos, profundamente – em um ritmo sem precedentes”, afirma o relatório.

“Os líderes da indústria criativa estão adotando amplamente a tecnologia de IA generativa, e a maioria reconhece que, no futuro, os benefícios operacionais terão um custo para muitos trabalhadores criativos.”
Os atores e outros profissionais do entretenimento não apenas terão de conviver com os efeitos da IA, mas também serão afetados por eles mesmo após a morte.
“O que você vai fazer com meu corpo e meu rosto quando eu morrer?”, questionou Cage. “Eu não quero que você faça nada com eles.”

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