Conteúdo editorial apoiado por

Europeus desejam mais dias de férias – embora trabalhem menos que nos EUA e Japão

Segundo novo relatório da Expedia, eles acreditam que número de dias de descanso não é, nem de longe, suficiente

Prarthana Prakash Fortune

Publicidade


Para muitos, a Europa seria a terra dos sonhos no que diz respeito a férias, com suas generosas políticas relacionadas a elas e uma cultura que valoriza muito o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

No entanto, a opinião dos europeus pode ser diferente. Segundo um novo relatório da Expedia, eles acreditam que o número de dias de férias não é nem de longe suficiente, mesmo que tenham mais deles do que alguns de seus pares.

Alemães e franceses estão entre os que têm os períodos de férias anuais mais generosos, com 31 e 33 dias, respectivamente. Em ambos os casos, isso equivale a mais de um mês, duas vezes e meia o número de dias de férias que os trabalhadores recebem nos EUA. No entanto, uma pesquisa realizada com mais de 11,5 mil trabalhadores em todo o mundo revelou que funcionários na Alemanha e na França afirmam não ter férias suficientes.

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

Em contraste, seus pares norte-americanos e japoneses tiram significativamente menos dias de folga do trabalho e parecem satisfeitos com isso. Embora 65% dos trabalhadores norte-americanos e 53% dos japoneses se sintam privados de férias, esse número sobe para 84% entre alemães e 69% entre franceses.

Mais tempo de folga certamente não resolve a questão mais ampla do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, já que alguns trabalhadores europeus estão querendo mais. Mas o que explica esta divergência?

O que explica a “privação de férias” que sentem os alemães e os franceses? | Thomas Barwick (Crédito: Getty Images/ via The New York Times)


Acontece que as atitudes das pessoas em relação às férias e o papel que elas desempenham na cultura de cada país determinam a razão pela qual se sentem privadas do seu tempo de descanso.

Dados da OCDE indicam que é nos EUA que os funcionários trabalham mais horas. Em 2022, o trabalhador médio passou 1.811 horas trabalhando ao longo do ano, em comparação com as 1.341 horas e 1.511 horas na Alemanha e na França, respectivamente.

Continua depois da publicidade

Leia mais: Reembolso das férias ‘remuneradas’? Saiba os direitos durante o descanso

Chame do que quiser, seja ambição – ou a ausência dela, como disse o CEO do fundo soberano norueguês, Nicolai Tangen, em abril –, é isso que distingue as atitudes dos trabalhadores.

“Particularmente nos Estados Unidos, existe uma norma de um ‘trabalhador ideal’, e sentimos pressão para parecer que estamos sempre comprometidos com o trabalho”, disse à Expedia a Dra. Mindy Shoss, professora de psicologia da Universidade da Flórida Central. Os americanos dizem que não tiram folga suficiente porque “a vida é muito corrida para planejar ou sair de férias”, conforme revelado pela 24ª iteração do relatório “Privação de Férias” da agência de viagens.

Por outro lado, na França férias são vistas como “direito básico”, disse Christie Hudson, head de relações públicas da Expedia, à Fortune no mês passado. Elas também são vistas como um aspecto essencial do bem-estar geral, algo que não é igualmente valorizado nos EUA.

“A ênfase distintamente francesa a respeito do direito fundamental ao descanso deveria ser adotada em todos os lugares”, afirma o relatório da Expedia.

O que acontece?


A França passou a ser conhecida como uma das nações menos viciadas em trabalho, com muitas pessoas tirando folgas frequentes e trabalhando menos horas.

No entanto, de forma mais geral, os estudos concluíram que a cultura europeia acomoda mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional do que a dos EUA. Países como o Reino Unido têm uma exigência legal que dá aos trabalhadores o direito a 28 dias de folga.

A abordagem é simples para os europeus: de acordo com o Financial Times, uma vez que as pessoas atinjam o nível de subsistência, elas preferem ter tempo livre em vez de criar riqueza, ao contrário de seus homólogos americanos, que priorizam o oposto.

Mesmo quando os norte-americanos decidem tirar férias, descanso e relaxamento muitas vezes não são priorizados, o que torna mais difícil para a pessoa realmente se desconectar. Isso explica o desejo de se ter mais tempo livre.

Se ampliarmos ainda mais nossa análise, países como Hong Kong e Japão oferecem lições únicas sobre a melhor forma de utilizar o tempo que os trabalhadores têm de folga, seja pouco ou muito.

Em Hong Kong, os trabalhadores planejam o seu tempo livre de forma sistemática, muitas vezes perto de feriados, para maximizar suas férias. Por isso, em média, eles não têm dias de sobra, e o mesmo acontece em Cingapura.

No Japão, onde os trabalhadores têm cerca de 19 dias de folga por ano, sete não são utilizados, segundo a Expedia. Ainda assim, trabalhadores japoneses se sentem menos privados de férias. Qual é o truque? Tirar pausas curtas, mas frequentes do trabalho para aproveitar ao máximo o tempo livre.

“No Japão, as pessoas tiram folga todos os meses, em vez de apenas duas vezes por ano. Para os franceses, nem mesmo um mês inteiro de férias parece tempo suficiente”, observa Melanie Fish, head de relações públicas das marcas Expedia.

“É evidente que há muito que as pessoas nos EUA podem aprender com isso, seja distribuindo o seu tempo livre remunerado ao longo do ano ou priorizando o descanso em suas próximas férias.”

HBR: ©.2024 Harvard Business School Publishing Corp./Distribuído por The New York Times Licensing Group