Conteúdo editorial apoiado por

Em crise, Disney anuncia expansão do Magic Kingdom e novos brinquedos de heróis

Parque temático deve triplicar de tamanho e terá 'terra dedicada a vilões clássicos

Brooks Barnes The New York Times

Publicidade

Quando a Disney (DISB34) anunciou no ano passado que planejava investir US$ 60 bilhões na próxima década para expandir seus negócios de parques temáticos e cruzeiros — o dobro do valor gasto na década anterior — o preço das ações da empresa caiu imediatamente.

Leia mais: Disney tem novo problema para resolver: a procura por seus parques


Wall Street queria detalhes que a empresa não estava preparada para fornecer. Os fãs da Disney ficaram empolgados por um momento, mas logo também começaram a exigir respostas e expressaram nas redes sociais seu sentimento de frustração e engano. A Disney estava sendo hipotética sobre a expansão, como já ocorreu em algumas ocasiões no passado, ou dessa vez era para valer?

No sábado (10), a Disney finalmente mostrou suas cartas.

A empresa está construindo quatro novos navios de cruzeiro, além dos quatro já anunciados anteriormente, quase triplicando o tamanho de sua frota atual até 2031. O Magic Kingdom, o principal parque temático da Disney na Flórida, passará pela maior expansão em seus 53 anos de história, com uma nova “terra” dedicada aos vilões clássicos da Disney e outra focada nos filmes “Carros” da Pixar.

Continua depois da publicidade

Josh D’Amaro, presidente da Disney Experiences, faz comentários durante o D23 2024: The Ultimate Disney Fan Event no Honda Center em Anaheim, Califórnia, em 10 de agosto de 2024. A empresa, que recentemente viu uma demanda de visitantes mais fraca, gastará bilhões para construir novos brinquedos e expandir sua frota de navios de cruzeiro de nove para 13. (Philip Cheung/The New York Times)

O Disneyland Resort, na Califórnia, acrescentará dois brinquedos temáticos de super-heróis, uma atração aquática baseada em “Avatar”, o primeiro brinquedo da empresa inspirado em “Coco” e um show na Main Street, EUA, com um animatrônico de Walt Disney.

“Estamos sonhando alto”, disse Josh D’Amaro, presidente da Disney Experiences, que inclui parques temáticos, a Disney Cruise Line, videogames e produtos de consumo. “Estamos investindo em cada parte do nosso portfólio e ultrapassando limites à medida que transformamos hipóteses em realidade.”

A Disney também está trabalhando em uma montanha-russa suspensa com tema de “Monstros S.A.” (com carros pendurados sob os trilhos), uma experiência de passeio “Encanto”, um brinquedo aquático do “Rei Leão” e uma grande montanha-russa do “Homem-Aranha”. A lista de projetos, que abrange novos desfiles noturnos e grandes espetáculos ao ar livre que a Disney denomina de “espetaculares”, é extensa.

D’Amaro detalhou os projetos — todos eles estão acontecendo, ele insistiu, nada conceitual — durante uma apresentação noturna de três horas de duração realizada durante o D23: o melhor evento de fãs da Disney, um encontro de três dias no sul da Califórnia. (D23 é uma referência a 1923, ano em que Walt Disney chegou a Hollywood.)

Pessoas se reúnem no parque temático Magic Kingdom antes do desfile “Festival of Fantasy” no Walt Disney World em Orlando, Flórida, EUA, em 30 de julho de 2022 (REUTERS/Octavio Jones/Foto de arquivo)


Uma ressalva importante: os navios e as expansões detalhados no sábado, embora muito caros, não somam US$ 60 bilhões. Essa quantia também cobre atrações ainda secretas, hotéis resort e áreas de compras e restaurantes que a Disney está planejando para o longo prazo, além de investimentos em tecnologia e infraestrutura.

A apresentação de D’Amaro, que estava em preparação há meses, ocorreu três dias após a Disney divulgar resultados de parques temáticos mais fracos do que o esperado para o trimestre encerrado em 29 de junho. O lucro operacional caiu 3%, para US$ 2,2 bilhões. A Disney atribuiu o problema a uma ‘moderação na demanda dos consumidores’ que ‘superou nossas expectativas anteriores’, além de custos operacionais mais elevados. A empresa afirmou que o aumento nas viagens pós-pandemia perdeu força e que os norte-americanos de baixa renda, impactados por anos de alta inflação, reduziram seus gastos discricionários.

A Disney, é claro, está no ramo de parques temáticos para o longo prazo, e muitos dos projetos que D’Amaro revelou não serão inaugurados por dois anos ou mais. Os parques da Disney têm uma longa história de rápida recuperação depois de crises econômicas, em parte porque muitos pais veem uma viagem à Disney World ou à Disneylândia como um rito de passagem para seus filhos.


Laurent Yoon, analista de mídia da Bernstein, uma empresa de pesquisa, disse em um relatório na quarta-feira que, apesar dos desafios de curto prazo para a Disney Experiences, “não estamos preocupados”.

Continua depois da publicidade

Uma entrada para o Disney’s Magic Kingdom no Walt Disney World em Lake Buena Vista, Flórida, 7 de novembro de 2023. O lucro de toda a empresa aumentou, resultado de filmes de sucesso e crescimento do streaming. Mas a Disney disse que a demanda mais fraca por parques temáticos “poderia impactar os próximos trimestres”. (Todd Anderson/The New York Times)


O evento bienal D23 representa uma grande mobilização corporativa, com aproximadamente 140 mil pessoas pagando entre US$ 79 e US$ 2,6 mil para participar e acompanhar os anúncios. A Disney apresenta dezenas de estrelas, faz prévias de filmes futuros e promove programas de televisão da Disney como “Bluey” e “Percy Jackson e os olimpianos”. Muitos fãs comparecem ao evento fantasiados como seus personagens favoritos da Disney. Com a Disney sendo a Disney, há canhões de confete e barracas vendendo varinhas luminosas por US$ 30.

É também um momento de destaque para os executivos da Disney. Em 2022, Bob Chapek, então CEO da Disney, tentou usar o evento para polir sua imagem e virar a página do que havia sido um início de mandato tumultuado. (Não funcionou: ele foi demitido dois meses depois.) Este ano, a Disney concedeu credenciais de mídia a cerca de mil repórteres e escritores on-line. Dezenas vieram do exterior.

D’Amaro, 53, é candidato a suceder a Bob Iger como CEO da Disney quando seu contrato expirar no final de 2026. (Iger abandonou a aposentadoria para retomar o comando da Disney quando Chapek saiu.) No sábado, D’Amaro fez uma entrada que lembrava um Mosqueteiro em chefe ao subir ao palco do D23 — onde uma orquestra de 70 músicos o aguardava — vestido com um suéter com zíper e jeans, comandando com facilidade a arena de 12 mil pessoas.


Do ponto de vista empresarial, duas partes da apresentação de D’Amaro se destacaram: os navios de cruzeiro e a Flórida.

A Disney Cruise Line, que lançou seu primeiro navio em 1998, tem sido uma parte esquecida do portfólio de D’Amaro, em parte porque ainda é relativamente pequena. Embora sua participação no mercado de cruzeiros tenha dobrado nos últimos anos — a frota atual da Disney opera com mais de 90% de ocupação — a empresa ainda detém apenas 5% do mercado. Por isso, ela considera os cruzeiros um negócio crucial para crescimento em longo prazo.

Parte da oportunidade envolve regiões do mundo onde a Disney (ainda) não pode justificar a construção de um parque temático, disse D’Amaro. A Índia, por exemplo, não tem riqueza de consumo suficiente para sustentar um parque. Mas tem mais do que o suficiente para um navio de cruzeiro da Disney, um miniparque flutuante que pode atuar como um motor de marca na região.

Na Flórida, a Disney está enfrentando concorrência cada vez maior do Universal Orlando Resort, que está investindo bilhões de dólares em uma grande expansão que inclui um quarto parque de 750 acres e três novos hotéis. A Disney minimizou publicamente a ameaça dizendo que novas atrações em Orlando tendem a ajudar todo o mercado, mas ela está claramente levando o assunto a sério: no sábado, D’Amaro anunciou pelo menos oito novos brinquedos no Disney World.

NYT: ©.2024 The New York Times Company

Tópicos relacionados