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Viver sob o peso do escrutínio e da comparação constantes ensina aos atletas olímpicos não apenas como se destacar em seu esporte, mas também como usar efetivamente o feedback para uma melhoria contínua. Aprender a discernir qual feedback aceitar e qual filtrar é crucial para sobreviver e prosperar, e essas lições são igualmente valiosas para todos nós.
Por que é tão difícil receber feedback
Para a maioria de nós, receber feedback é difícil porque, quando a autoestima está atrelada ao desempenho, o feedback parece uma ameaça direta à nossa identidade, não informações valiosas sobre como melhorar. Nossa identidade muitas vezes está intimamente ligada ao nosso desempenho em um determinado domínio.
Para nos proteger, instintivamente descartamos ou minimizamos esse feedback, mas, ao fazer isso, perdemos insights valiosos que poderiam nos ajudar a crescer e melhorar. Em vez de focar no progresso e perseguir ativamente nossos objetivos, ficamos preocupados em evitar o fracasso, o que acaba prejudicando nossa capacidade de alcançar o sucesso que desejamos.
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Perdido na resposta defensiva está o reconhecimento de que o feedback de fato tem a ver com comportamento, não com a pessoa.
Como atletas olímpicos gerem o feedback
Tive o privilégio de trabalhar com equipes nos últimos quatro Jogos Olímpicos, mais recentemente, em Paris, com as medalhistas de prata no vôlei de praia Brandie Wilkerson e Melissa Humana-Paredes, e identifiquei diversas estratégias de feedback que podem ser transferidas da arena olímpica para o mundo dos negócios.
Forme um círculo de consultores em quem você confia para receber feedback
A base de uma estratégia de feedback olímpico é assumir o compromisso de melhorar a cada dia. Deixe que a melhoria seja seu norte, guiando cada ação e decisão.
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Atletas olímpicos reconhecem o valor de ter uma equipe que pode identificar seus pontos cegos, responsabilizá-lo, aprimorar suas práticas e hábitos, e direcionar seus esforços. Para formar uma equipe que possa oferecer feedback claro, honesto e construtivo sobre como você pode melhorar, identifique um pequeno grupo de pessoas em quem você confia para obter conselhos. Podem ser familiares, amigos, colegas, mentores ou especialistas. Mantenha a lista pequena. Certifique-se de que cada pessoa esteja comprometida em apoiar e proteger você.
Pergunte-se: quem te apoia? Quem realmente entende você, não apenas o você refinado e embalado, mas a versão tensa, esforçada e vulnerável de você que está tentando descobrir a vida à medida que avança? Quem é fiel à verdade? Em quem você pode confiar para ser honesto com você? Quem viveu uma vida que você respeita?
Separe feedback útil de opiniões
Opinião e feedback podem parecer semelhantes, mas opiniões refletem principalmente os pensamentos e as perspectivas de quem as emite, enquanto feedback é projetado para beneficiar e orientar quem as recebe.
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Opiniões refletem pontos de vista pessoais que são compartilhados para expressar pensamentos ou sentimentos individuais e, frequentemente, não são solicitadas. Em contraste, feedback é específico, baseado em observação cuidadosa, acionável e fornecido para promover o crescimento, normalmente em resposta a uma solicitação.
Quando trabalhei com o Seattle Seahawks, nossa máxima era de que “sabemos” a verdade sobre o que está acontecendo em nosso time. O mundo exterior — a mídia e os torcedores — frequentemente expunha questões, e algumas pessoas podiam até tocar em pontos sensíveis de vez em quando, mas estavam compartilhando opiniões, não feedback prático. Atletas olímpicos não são diferentes. Eles se sintonizam com o feedback daqueles que os conhecem, e o resto vira ruído.
Gerencie sua resposta emocional
Além do seu círculo de confiança, você é o próximo melhor recurso para obter feedback. Você é um indicador melhor do que a maioria das pessoas ao seu redor, porque só você sabe se seus pensamentos, emoções e fisiologia estão em harmonia ou em dissonância. Essa consciência permite que você detecte mudanças sutis em seu estado mental e físico, fornecendo feedback imediato e preciso sobre o que está e o que não está funcionando.
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As emoções podem distrair e obscurecer as lições contidas em seus desafios e contratempos. Para desbloquear informações valiosas dentro de suas experiências, como os atletas olímpicos, você pode aprender a administrar suas emoções de forma eficaz.
Observe o que provoca seus sentimentos e como eles influenciam seus pensamentos e ações. Ao se deparar com emoções fortes, pare por um momento e reflita. Em vez de reagir impulsivamente, reflita sobre o que a emoção está sinalizando e como ela se relaciona com a situação em questão. Mude seu foco da turbulência emocional (o ruído) para os insights dentro da experiência (o sinal). Pergunte a si mesmo o que deu errado, o que poderia ser melhorado e quais insights podem ser aprendidos.
Comprometa-se a aplicar o feedback útil que recebe
Atletas olímpicos incorporam meticulosamente sugestões em seus regimes de treinamento e se esforçam para realizar mudanças concretas, estabelecendo um elevado padrão de como utilizar o feedback de maneira eficaz. Esse compromisso com a ação é o que muitas vezes distingue os atletas de elite dos demais.
A maioria das pessoas pode reconhecer o feedback, compreender seu valor e até mesmo manifestar intenções de mudança. No entanto, muitas vezes falham na implementação consistente desse feedback. Essa lacuna entre intenção e ação pode decorrer de vários fatores, como a ausência de um plano claro, motivação insuficiente ou o desconforto de alterar hábitos estabelecidos.
Para preencher essa lacuna, desenvolva uma abordagem sistemática para incorporar feedback. Descreva etapas específicas para integrar o feedback à sua rotina. Mantenha um registro de seus esforços e melhorias. Analise regularmente seu progresso para ver o quão bem está incorporando o feedback. Faça disso uma parte regular da sua rotina, em vez de um esforço isolado. Se algo não estiver funcionando como esperado, esteja disposto a ajustar sua abordagem.
Com uma estratégia de feedback eficiente, você não precisa avaliar cada feedback que recebe. Reconhecer a diferença entre críticas que visam derrubá-lo e orientações que buscam desenvolvê-lo pode economizar muitos recursos internos.
À medida que navegamos em nossas vidas, vamos aplicar essa mentalidade olímpica. Vamos ser seletivos sobre o feedback que internalizamos e usá-lo como ferramenta para o desenvolvimento pessoal e profissional. Vamos lembrar de separar o que fazemos de quem somos, garantindo que, enquanto buscamos a excelência em nossa vida diária, permaneçamos fundamentados em nosso valor inerente. Essa abordagem não apenas nos prepara para a próxima competição ou marco profissional, mas também nos equipa para o complexo e belo desafio de viver.
*Michael Gervais é psicólogo e fundador da consultoria Finding Mastery.