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(Bloomberg) — A ASML e a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing) têm maneiras de desativar as máquinas de fabricação de chips mais sofisticadas do mundo no caso de a China invadir Taiwan, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Autoridades do governo dos EUA expressaram, em particular, preocupações aos seus homólogos holandeses e taiwaneses sobre o que aconteceria se a agressão chinesa se transformasse em um ataque à ilha responsável pela produção da grande maioria dos semicondutores avançados do mundo, disseram duas das pessoas, falando sob a condição do anonimato.
A ASML tranquilizou as autoridades sobre sua capacidade de desativar remotamente as máquinas quando o governo holandês se reuniu com a empresa sobre a ameaça, disseram outras duas fontes. A Holanda realizou simulações sobre uma possível invasão para avaliar melhor os riscos, acrescentaram.
Porta-vozes da ASML, TSMC e do Ministério do Comércio holandês não quiseram comentar. Porta-vozes do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, do Departamento de Defesa dos EUA e do Departamento de Comércio dos EUA não responderam aos pedidos de comentários enviados por e-mail.
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O desligamento remoto se aplica à linha de máquinas de litografia ultravioleta extrema da ASML, com sede na Holanda, conhecidas na indústria como EUVs, da qual a TSMC é seu maior cliente. Os EUVs aproveitam ondas de luz de alta frequência para imprimir os menores transistores de microchip existentes – criando chips que têm uso em inteligência artificial, bem como aplicações militares mais sensíveis.
A China há muito que afirma que a ilha de Taiwan é o seu território, com o Presidente Xi Jinping a defender a unificação pacífica e a recusar-se a descartar uma intervenção militar. Embora as autoridades americanas tenham alertado que a China procura a capacidade de invadir Taiwan até 2027, as autoridades taiwanesas minimizaram a ameaça de uma invasão iminente e as autoridades em Pequim disseram que as advertências americanas sobre um cronograma são infundadas. O Exército de Libertação Popular não está concentrando tropas na costa e Xi tem se concentrado principalmente em estabilizar a economia da China para atingir os objetivos de desenvolvimento a longo prazo.
Guerra dos chips
Mais ou menos do tamanho de um ônibus urbano, um EUV requer manutenção e atualizações regulares. Como parte disso, a empresa pode forçar remotamente um desligamento que funcionaria como um interruptor de desligamento, disseram as fontes, falando sob condição de anonimato. A empresa sediada em Veldhoven é a única fabricante mundial destas máquinas, que são vendidas por mais de 200 milhões de euros (217 milhões de dólares) cada.
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A tecnologia da ASML tem sido alvo de intervenções governamentais destinadas a evitar que caia em mãos erradas. A Holanda proíbe a empresa de vender máquinas EUV à China, por exemplo, devido aos receios dos EUA de que possam dar ao seu rival uma vantagem na guerra global de chips.
Foi a pedido dos EUA que os holandeses começaram este ano a suspender as exportações das próximas máquinas de fabricação de chips mais sofisticadas da ASML. Mesmo antes de a proibição entrar em vigor, as autoridades dos EUA pediram à ASML que cancelasse alguns envios previamente programados para clientes chineses, informou a Bloomberg News.
A empresa espera que até 15% das vendas deste ano para a China sejam afetadas pelas mais recentes medidas de controlo das exportações.
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As evidências sugerem que as restrições podem ter chegado tarde demais para conter os avanços chineses. A Huawei Technologies produziu no ano passado um smartphone para rivalizar com o iPhone da Apple usando chips fabricados com impressoras ASML mais antigas em combinação com ferramentas de dois fornecedores dos EUA, informou a Bloomberg News em outubro, após realizar uma avaliação no telefone.
Pequim fez da autossuficiência tecnológica uma prioridade nacional e os esforços da Huawei para avançar no design e manufatura de chips nacionais receberam apoio governamental.
A administração Biden também pretende aumentar a produção de semicondutores em solo americano, prometendo US$ 39 bilhões em subsídios aos fabricantes de chips para se protegerem contra qualquer interrupção futura da cadeia de abastecimento.
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As apostas são altas, com cerca de 90% dos chips mais avançados do mundo fabricados em Taiwan. Em 20 de maio, Taiwan inaugurou Lai Ching-te como presidente do centro global de chips, colocando no poder um homem que Pequim classificou como “instigador da guerra”.
A máquina EUV ajudou a transformar a ASML na ação de tecnologia mais valiosa da Europa, com uma capitalização de mercado superior a US$ 370 bilhões – mais que o dobro de um dos seus clientes, a Intel.
A ASML enviou mais de 200 dessas máquinas para clientes fora da China desde que foram desenvolvidas pela primeira vez em 2016, com a TSMC arrebatando mais delas do que qualquer outro fabricante de chips.
Os EUVs exigem uma manutenção tão frequente que, sem as peças sobressalentes da ASML, eles rapidamente param de funcionar, disseram fontes. A manutenção local dos EUVs representa um desafio porque eles estão alojados em salas estéreis que exigem até roupas especiais para seus engenheiros.
A ASML oferece a certos clientes contratos de serviços conjuntos, nos quais eles próprios fazem parte da manutenção de rotina, permitindo que clientes como a TSMC acessem o sistema de suas próprias máquinas. A ASML afirma que não pode acessar os dados proprietários de seus clientes.
O presidente da TSMC, Mark Liu, sugeriu em uma entrevista à CNN em setembro que qualquer invasor de Taiwan encontraria as máquinas de fabricação de chips de sua empresa fora de serviço.
“Ninguém pode controlar a TSMC pela força”, disse Liu. “Se houver uma invasão militar, tornará a fábrica da TSMC inoperante.”
