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Com avanços em governança corporativa e em sua estrutura financeira nos últimos anos, a Fiagril, com sede em Cuiabá, capital de Mato Grosso, ajustou o rumo e vem colhendo bons frutos. No ano passado, aproveitou a maré favorável e viu o faturamento aumentar 40%, para R$ 5,7 bilhões, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subir 123%, para R$ 376 milhões, e o lucro crescer 144%, para R$ 81 milhões.
Dado o cenário mais difícil para os negócios, sobretudo no primeiro semestre, a empresa não conseguirá manter esse ritmo em 2023, mas novamente fechará o ano com resultados positivos. E para dobrar de tamanho até 2028, que é a nova meta estabelecida, decidiu concentrar o foco no varejo de insumos agrícolas, mesmo que para grãos e biodiesel, as outras áreas de atuação da companhia, os planos também sejam de crescimento.
“Com as perspectivas de aumentos de área plantada e investimentos em tecnologias, tendo em vista a preocupação dos produtores rurais em ampliar a produtividade de suas lavouras, estudos mostram que o mercado brasileiro de insumos deverá crescer 200% nos próximos dez anos”, afirmou Henrique Mazzardo, CEO da Fiagril, ao IM Business.
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Calcula-se que as vendas de fertilizantes, defensivos e sementes no país movimentam pelo menos US$ 30 bilhões por ano. Mato Grosso, onde a companhia nasceu e fincou suas bases, lidera a produção nacional de grãos e fibras, além de abrigar a maior parte do rebanho bovino. A Fiagril foi fundada em 1987 no município mato-grossense de Lucas do Rio Verde,
No ano passado, a receita líquida da empresa na área de insumos, impulsionada pela alta de preços de fertilizantes e defensivos, atingiu R$ 2,1 bilhões. Os negócios com grãos, puxados por operações de barter (troca de insumos por colheitas futuras) e com comercialização nos mercados interno e externo, representaram R$ 3 bilhões. Biodiesel (a empresa tem uma fábrica de produção do biocombustível) e outras atividades menores completaram a conta.
Segundo Mazzardo, para 2023 a expectativa é que a receita total recue para R$ 5,3 bilhões, por causa da retração dos preços dos insumos, do milho e da soja, e que os grãos continuem a liderá-la, com R$ 2,7 bilhões. Os insumos continuarão atrás, com R$ 2 bilhões, mas os números mostram que a “virada” está em curso, com a assessoria de um time técnico de campo formado por cerca de 70 profissionais.
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Com a abertura de seis novas unidades em 2022, a Fiagril passou a contar com 21 filiais de comercialização de insumos, e o objetivo é chegar a 40 até 2028. Na originação de grãos, são 12 filiais, quatro delas inauguradas no ano passado, e daqui para frente a tendência é que, cada vez mais, as revendas tenham estrutura para também receber grãos.
“Para conseguirmos aproveitar boas oportunidades, estamos direcionando o crescimento da nossa rede para áreas agrícolas ainda não consolidadas, sobretudo aquelas nas quais enxergamos potencial de transição de pastagens para lavouras. A fatia conjunta de fertilizantes e defensivos químicos nas vendas de insumos da Fiagril chega a 80%, as sementes ficam com 15% e “especialidades” como defensivos biológicos colaboram com 5%.
No caso dos produtos biológicos, cuja demanda no campo brasileiro vem aumentando aceleradamente, em linha com as preocupações com a sustentabilidade da produção agrícola, a expectativa é de forte aumento das vendas nos próximos anos. Nesse contexto, a Fiagril avalia iniciar produção própria num futuro não muito distante.
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Até por causa da importância do barter nos negócios, a originação de grãos da empresa também deverá avançar nos próximos anos, com crescente atenção à origem da produção envolvida. Mas, diferentemente do comportamento padrão das últimas décadas, o avanço não deverá ser encabeçado pela soja, e sim pelo milho, que já é o grão mais produzido em Mato Grosso.
Da colheita da safra 2022/23, a Fiagril deverá originar 900 mil toneladas de milho e 700 mil toneladas de soja, junto a cerca de 850 fornecedores. Mais de 80% do volume total ainda é destinado ao mercado externo, via tradings, mas no caso do milho as vendas no mercado doméstico são crescentes, em boa medida graças à demanda de grandes usinas que processam o cereal para a produção de etanol.
Outra novidade no dia a dia da companhia é o aprofundamento de sua incursão no mercado de capitais. Com a evolução da governança, a Fiagril alongou dívidas com a ajuda da emissão de quatro Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) desde 2020, no valor total de R$ 800 milhões. “Era um dever de casa que precisávamos fazer para podermos continuar crescendo, com foco em insumos”, disse Mazzardo.
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Não por coincidência, o executivo, que tem 40 anos, é formado em contabilidade e trabalha desde 2003 na Fiagril, assumiu o cargo de CEO justamente em 2020, quatro anos após o controle da empresa ter sido adquirido pela Pengdu Agriculture and Animal Husbandry, controlada pelo grupo chinês Pengxin. Com as correções de rota e o cenário favorável ao agro brasileiro, ele inclusive já avalia quais os planos que serão colocados em marcha depois de 2028. Entre eles, disse, está a construção de uma esmagadora de soja.
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