Conteúdo editorial apoiado por

Exclusivo: Flamengo planeja fundo com base em venda de cativas para custear terreno

Clube estuda estruturação de papel incentivado com lastro em naming rights para financiar construção

Iuri Santos

Leonardo Ortiz, do Flamengo, durante jogo contra o Internacional no Maracanã, em 1º de dezembro de 2024. Foto: Max Peixoto/Eurasia Sport Images/Getty Images
Leonardo Ortiz, do Flamengo, durante jogo contra o Internacional no Maracanã, em 1º de dezembro de 2024. Foto: Max Peixoto/Eurasia Sport Images/Getty Images

Publicidade

Após concretizar a compra do terreno em que vai construir seu estádio, o Flamengo deve buscar alternativas de financiamento no mercado de capitais. São discutidas as estruturações de ao menos dois instrumentos financeiros para abater gastos com aquisição do espaço e captar recursos para a construção.

Leia também: “Sentimento de missão cumprida”: Rodolfo Landim faz balanço de sua gestão no Flamengo

Em outubro, o clube carioca assumiu a posse do terreno do gasômetro, na região do Porto Maravilha, área portuário do Rio de Janeiro. Antes pertencente à Caixa, a área foi arrematada em leilão por R$ 138,19 milhões, pagos à vista pelo rubro-negro.

Continua depois da publicidade

Para reverter o impacto financeiro da compra do terreno no caixa, calculado em R$ 147 milhões, a expectativa é estruturar um fundo para a venda de cadeiras cativas do futuro estádio, disse o presidente do clube, Rodolfo Landim, com exclusividade ao InfoMoney.

“Nós nos comprometemos na reunião do Conselho Deliberativo que aprovou a compra do terreno em nada comprometer as receitas atuais do Flamengo com a construção do estádio”, disse. “Então, a primeira coisa que vamos fazer é vender mil cadeiras cativas, mas só para poder repor o dinheiro do caixa que usamos para a compra.”

O processo deve ter início em janeiro do próximo ano, para que haja tempo de coletar indicações de interesse e pedidos de compra (processo chamado de bookbuilding), aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e demais processos formais.

Continua depois da publicidade

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo. Foto: Daniel Apuy/Getty Images

Construção

Na última semana, Flamengo e Prefeitura do Rio de Janeiro assinaram um termo de compromisso para viabilizar a construção do estádio. Um primeiro passo a ser dado com o acordo é a possibilidade de venda do potencial construtivo da sede do clube.

Acontece que cada terreno tem um potencial construtivo para ser utilizado. Como o Flamengo não utiliza todo esse potencial na Gávea, a ideia é que ele possa negociá-lo com alguém que esteja desenvolvendo um empreendimento — um projeto de prédio que queira ter mais andares do que seu potencial permite, por exemplo.

Por enquanto, o clube ainda não começou conversas com compradores, a expectativa é de que isso comece a partir do ano que vem, quando será encaminhado à Câmara Municipal o projeto de lei, assim que os vereadores eleitos em 2024 tomarem posse.

Continua depois da publicidade

Os recursos arrecadados com a venda do potencial construtivo só podem ser usadas para a construção do estádio. A expectativa é de levantar R$ 500 milhões com o negócio, para um projeto orçado em aproximadamente R$ 2 bilhões.

Alternativas

Segundo Landim, o clube estuda alternativas de financiamento que envolvem a estruturação de um papel incentivado que utilize a venda dos naming rights de longo prazo da futura arena como garantia para reduzir os juros.

“Ainda é difícil falar porque não começamos a negociar [os naming rights] com as empresas”, conta o executivo. O plano que será encaminhado para aprovação no Conselho, no entanto, projeta que seja necessário levantar recursos para a construção.

Continua depois da publicidade

“A outra possibilidade é que quem compre os naming rights pague à vista. Mas uma maneira razoável que achamos e estamos encaminhando no orçamento para aprovação é assim: um contrato de naming rights no qual vou descontar no mercado tentando estruturar isso como um papel incentivado”, diz.

No mercado, as opções mais comuns de títulos incentivados para a área de construções são os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), isentos de imposto de renda.

As projeções são de que, sozinho, o estádio adicione R$ 768 milhões ao patrimônio do Flamengo até 2027. O valor seria quase a metade de todo o patrimônio do clube projetado ao fim do período.

Neste ano, clubes de futebol têm se aproximado do mercado de capitais em busca de financiamento para suas operações. No último mês, o São Paulo anunciou a estruturação de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) para reestruturar sua dívida bancária. O Atlético Mineiro fez a primeira emissão de debêntures-fut do País, possibilidade aberta pela Lei das SAF.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.