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Manter o pequeno produtor excluído das soluções tecnológicas voltadas à sustentabilidade não é mais um problema de acesso, mas sim um cenário que pode inviabilizar o agronegócio. Essa é a opinião de Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia.
A declaração foi feita nesta quarta-feira (14), durante uma palestra no Startup Summit 2024, em Florianópolis.
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“É preciso entender a cadeia pelo grande produtor e, a partir disso, compreender como podemos levar essa experiência para o pequeno produtor, para ter certeza que ele não fique na informalidade à medida que o setor vai evoluindo. É esse também deve ser um valor da sustentabilidade”, afirmou Karoleski.
Para ela, essa não é mais uma questão de sustentabilidade, mas sim de viabilidade do negócio.
“No Brasil, o grande produtor exporta, enquanto o pequeno produtor é responsável por 78% da produção que abastece o mercado doméstico. Então esse grupo não pode estar na informalidade. Ele precisa ser incluído nos planos de enfrentamento dos desafios do setor, como a mudança climática e o aumento da população, para que ele não caia no ostracismo”, disse.
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O agro 4.0, como é chamado o processo de digitalização da agropecuária, e o agro 5.0, que trata da conexão de toda a cadeia produtiva do agronegócio, são realidades para os grandes. Alguns exemplos são o uso de satélites e drones para monitoramento da produção, o uso de softwares para medir o impacto ambiental da produção – energia gasta e emissão de CO2, por exemplo – além da robótica e da agricultura autônoma. Contudo, essas tecnologias estão distantes do dia a dia dos pequenos produtores.
“De um lado, o grande produtor consegue medir o ganho de peso diário do animal. Do outro, o pequeno ainda não tem acesso a recurso”, afirmou Karoleski.
Nesse sentido, a executiva compartilhou sua percepção sobre a ausência de cooperativas de crédito para pequenos produtores da Amazônia. “O número é muito baixo se comparado a outras regiões, como o Sudeste. Sinto que essa seria uma solução para tirar esse grupo da informalidade e dar acesso ao crédito”, afirmou.
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Caso de aplicação no Pará
Em um projeto voltado para a agropecuária sustentável, Karoleski contou como a adoção de um sistema agroflorestal, que integra pecuária, agricultura e floresta, ajudou a reduzir o desmatamento e aumentar o faturamento de 1.500 famílias de pequenos produtores no Pará, com 50 hectares de criação cada, em três anos.
“Não há falta de dinheiro na Amazônia. O problema é a dificuldade de acesso devido à informalidade”, disse Karoleski.