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Os últimos dias foram de tensão no Oriente Médio. A guerra entre Israel e o Hamas entrou em sua terceira semana no sábado, com o exército israelense realizando o maior bombardeio à Faixa de Gaza desde o início do conflito e avançando por terra no norte da região.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou que a guerra será “longa e difícil”. O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse que a Casa Branca já vê um alto risco de a guerra se espalhar por outras áreas da região, depois que bases americanas na Síria e no Iraque foram atacadas.
A escalada no conflito acendeu a luz amarela no Banco Mundial. Para a entidade, o recrudescimento dos conflitos na região representa um grande risco para o mercado de commodities, já que os vizinhos de Israel detém uma parte substancial do abastecimento mundial de petróleo.
A história mostra que conflitos militares no Oriente Médio costumam trazer perturbações para o mercado de petróleo, com aumentos associados aos preços.
“O aumento dos preços da energia afetaria outras matérias-primas com custos de produção mais elevados, aumentando os preços dos alimentos. A insegurança alimentar global, já em ascensão, poderá atingir novos patamares”, diz o relatório do Banco Mundial sobre as perspectivas dos mercados de commodities.
Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial, lembra que a guerra entre Israel e o Hamas surge na sequência do maior choque para os mercados de commodities desde a década de 1970, que é a guerra da Rússia com a Ucrânia.
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Em sua avaliação, um agravamento no Oriente Médio levaria a economia global a enfrentar um duplo choque de energia pela primeira vez em décadas. Com a valorização do petróleo, o aumento dos preços dos alimentos seria inevitável.
Além de uma elevação para os preços do petróleo, o Banco Mundial também enxerga risco de alta dos preços dos fertilizantes, principalmente nitrogenados, que têm o gás natural como matéria-prima.
No terceiro trimestre de 2023, os preços da ureia (nitrogenado) subiram 18% em relação à média do segundo trimestre do ano. Ainda assim, os valores estão em um patamar 41% inferior ao observado no terceiro trimestre do ano passado, e a expectativa era de novas quedas em 2024.
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A nova análise de risco do Banco Mundial, no entanto, tem novos elementos a serem considerados. Segundo o relatório do banco, as novas ameaças aos preços decorrem da limitação no aumento da capacidade de produção dos países, restrições comerciais da China, picos de preço no gás natural e consequentes dos conflitos no Oriente Médio.
Desde o início do conflito no Médio Oriente, os preços agrícolas subiram cerca de 4%. Antes disso, o índice de preços agrícolas do Banco Mundial vinha em queda, resultado de colheitas robustas que compensaram problemas climáticos em algumas regiões.
A expectativa da entidade, inclusive, era de uma queda de 9% nos preços dos alimentos em 2023, seguida por um novo recuo de 2% em 2024 e um terceiro corte de 3% em 2025. Esse cenário considera impactos moderados da guerra entre Israel e Hamas e a capacidade dos países de absorverem melhor os choques de preços do petróleo.
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Com base na experiência histórica desde a década de 1970, o Banco Mundial agora prevê três possíveis cenários, considerando a disrupção na oferta de petróleo.
No primeiro, de “pouca disrupção”, a oferta global seria reduzida de 500 mil a 2 milhões de barris por dia — aproximadamente o mesmo volume ocorrido na guerra civil na Líbia em 2011. Nesse cenário, o preço do petróleo aumentaria inicialmente de 3% a 13% em relação à média para o trimestre atual, e o barril ficaria entre US$ 93 e US$ 102.
Num cenário de “disrupção média” (equivalente à guerra do Iraque em 2003), a oferta global de petróleo diminuiria de 3 milhões a 5 milhões de barris por dia, fazendo com que os preços do petróleo subissem inicialmente entre 21% e 35% — ou seja, de US$ 109 a US$ 121 por barril.
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No cenário de “grande disrupção” (comparável ao embargo árabe em 1973), a oferta global de petróleo cairia de 6 milhões a 8 milhões de barris por dia, fazendo com que os preços subissem inicialmente entre 56% e 75%, o que equivaleria a US$ 140 a US$ 157 por barril.
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